Capítulo 36

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Isa Narrando

Chegou o grande dia, o dia em que eu vou relembrar tudo o que eu vivi. Parece ironia ou até mesmo mentira mas depois que deixei o Douglas nenhum homem tocou em mim. Meu coração só pertence a ele e mais ninguém. Soube que ele casou com a Maria Laura, sei disso porque o Júnior ainda está no Borel e me passa todas as informações. Meu filho? Soube que virou o mais temido do Rio de Janeiro, seguiu os mesmo passos do pai e hoje comando o tráfico da Maré. 

Já está tudo pronto. Preciso confessar uma coisa, eu não sou mais Isabela e sim Giovanna Montenegro, esse nome está em meus novos documentos, afinal para todos Isabela Cerqueira havia morrido. Eu não posso deixar que ninguém me reconheça e por isso hoje eu sou loira e de olhos azuis. Não tenho mais aqueles olhos cor de mel que herdei do meu pai.

Suzy: Gio? Está na hora- Disse me tirando dos meus pensamentos- O táxi está lá fora.

Isabela: Suzy, minha amiga. Obrigada por tudo,  Eu não seria ninguém sem você e sem a sua mãe que hoje está ao lado da minha.- Disse com os olhos marejando

Suzy: Por favor... não chore, sua maquiagem está muito bonita para ser borrada- Disse tirando um sorriso do meu rosto - Não me agradeça, você faz parte da minha família e volte sempre que puder.

Isabela: voltarei sim, eu amo você e quando essa princesa nascer liga pra mim ok? - Assim que terminei de falar ouvi a buzina do carro - Bom, até logo minha amiga- A abracei

Suzy: Até logo.. Se cuida e espero que encontre a sua família!

Eu apenas sorrir e peguei minha mala, "espero que encontre a sua família " eu sei muito bem onde encontrá-los, eu só não sei se serei perdoada por está "morta" por 20 anos. Eu quis voltar e desmentir tudo isso mas meu coração dizia que já era tarde e que eu precisava seguir. Uma nova vida se iniciará daqui em diante.

Entrei no táxi e seguir para o aeroporto. Meu voou sairia às  11:30 da manhã e por isso optei em chegar cedo, só assim eu teria mais tempo para refletir comigo mesmo. Demorou cerca de 50 minuntos para que chegássemos ao aeroporto, paguei o taxista e fui em direção a entrada. Fiz tudo o que foi necessário e foi quando escutei meu celular tocar, olhei e era o Júnior.

Ligação On

- Isa? Digo, Gio...

- Oi meu amor. Já estou no aeroporto

- Graças a Deus. A casa que fica em Madureira já está pronta, irei te buscar no aeroporto. Sabe que hora o seu voou pousará no Rio?

- Creio eu que 16:00 ou mais. Eu estou com tanto medo, como será a reação de todos quando descobrirem? E a Mari, ah eu sinto tanta falta da minha amiga. Meu filho, continua o mesmo? E ele.. como ele está?

- Calma- Sorriu- Uma pergunta de cada vez... Relaxe que quando você chegar ficará sabendo de tudo e você terá uma notícia bafonica.

- Me fala agora, eu preciso saber..

- Olha a ligação ta ruim, beijos

- Não desligue, Júnior! - Gritei mas foi em vão ele havia desligado o telefone.

Ligação off

Fiquei esperando mais algumas horas quando finalmente chamou o voou em destino ao Rio de Janeiro. Respirei fundo antes de entrar no portão de embarque mas criei coração e fui, não olhei para  trás pois, eu sabia que se olhasse voltaria correndo para a casa da Suzy. Eu estou tão envergonhada, me sinto culpada por tudo. Como é que eles vão reagir quando descobrir que eu estou viva? Como meu filho vai me encarar quando ver que a promessa de vingança do seu pai foi em vão?  Ele vai vingar uma pessoa que está viva? Parece até piada e eu sou a grande protagonista dessa história, a culpada por tirar uma infância digna ao Bernardo, culpada por levar comigo o coração do meu grande amor, eu sou culpada por cada lágrima que Mariana derramou. Eu não posso chegar assim, com uma cara lavada e como nada tivesse acontecido, passaram-se exatamente 20 anos que eu sumir da vida de quem eu mais amava.

Entrei no avião e me sentei ao lado de uma senhora vestida de Branco, negra e com colares de conta em volta do seu pescoço. Ela era muito simpática e quando me viu sorriu e encolheu as pernas para que eu sentasse no meu lugar que ficava na janela.

Iniciou-se a decolagem e minhas lágrimas molharam cada conto do meu rosto, eu chorei em silêncio para que ninguém percebe-se mas essa senhorinha virou-se para mim e começou a falar.

Xxx: Por que choras minha filha?

Isabela: Estou voltando pra casa depois de muito tempo..- Falei limpando as lágrimas dos meus olhos

Xxx: Eu também estou voltando para minha família, mas não chore. Isso é motivo de alegria. Me chamo Lúcia e como a moça se chama?

Isabela: Is...Giovanna - Sorrir fraco

Lúcia: Se importa se eu ler sua mão Giovanna? - A encarei sem entender muito, mas entende uma das minhas mãos e ela encarou cada traço da palma da minha mão. - A senhora teve uma passado muito perturbador não foi?

Isabela: sim.

Lúcia: Olhe menina, sua vida daqui pra  frente não vai ser fácil, mas você terá que lutar para reconquistar aqueles que você ama. O mal rodeará tudo, mas a luz que está com você será mais forte que tudo. Não desista e seja forte para encarar tudo que está por vim. Vejo aqui que você tem um amor forte e puro por um rapaz, mas ele não vai ficar  tão contente assim com a notícia que você voltou, nem ele e nem outras pessoas.  Na verdade ele ficará confuso- Eu escutava cada palavra que aquela senhora dizia, parecia que ela sabia de tudo e isso me deixou com um certo medo. - Moça, muitas coisas mudaram, os sentimentos agora são outros e você terá que ter confiança em pessoas que você jamais pensou que teria.

Isabela: Como assim? Em quem eu devo confiar? - Perguntei confusa

Lúcia: Isso eu não posso dizer, não aparece pra mim. Só te digo uma coisa Giovanna, não deixe que a saudade do passado e esse medo do futuro que existe em você estraguem a beleza de recomeçar, pois há dias que valem um momento e há  momentos que valem por toda vida. Seu futuro está escrito, tinha que ser. Você vai conseguir. - Ela soltou minha mão e se virou fechando os olhos.

Todas essas palavras me deram uma certa esperança. Eu preciso ser forte assim como essa moça me disse, eu preciso acertar minhas contas com o passado, nem que pra isso eu tenho que morrer novamente..

(...)

São exatamente 18:00 da noite, horário em que pisei nas terras cariocas. Agora é oficial eu estou de volta. Fui buscar as minhas malas e não demorou muito e sai no portão de desembarque vendo o Júnior com uma placa " Bem vinda de volta " O que fez tirar um sorriso do meu rosto. Ele correu e me abraçou.

Isabela: Que saudades meu amigo..

Júnior: Eu que sentir tanto a sua falta e agora você está aqui, linda, loira e de olhos azuis. Mona, se eu não gostasse do piruzão eu te pegava. - Sorrimos

Isabela: Só você mesmo. Bom, vamos logo que eu estou ansiosa para ver essa tal casa em Madureira.

Júnior: Vamos. Me dá aqui sua mala e vamos pegar um táxi. Ai você não tá com fome não?

Isabela: Morta de fome!

Júnior: Sem essa de morta, sua defunta!  Vamos em direção a um restaurante bafo que tem perto da casa que você ficará. 

Saímos em direção ao táxi e o primeiro que vimos entramos e falamos o destino.

Isabela: Nada jamais continua, tudo vai recomeçar! Estou de volta. - Disse baixo e encarei as ruas

Sangue nos olhos ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora