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---Nossa. Que dia ótimo. ---me joguei no sofá e abri a bolsa para retirar o meu celular. Mas ao fazer isso, senti algo estranho, era um botão. Observei-o e percebi que era da própria bolsa. ---Bom, é um botão batido, impossível de ser recolocado, pelo menos por mim. ---joguei-o pela janela.

Me levantei e fui até a geladeira procurar algo para comer, afinal, já são duas horas da tarde. Encontrei um pedaço de torta de frango que Fred me deu. Fred... Ai caramba! Peguei o celular para ver se havia ligações dele. Mas não, eu desliguei o telefone quando entrei na delegacia.

---Como sou retardada! Não custava nada eu ter deixado só no silencioso. Mas não, tudo culpa desse vizinho inútil que só descobri que vivia depois que morreu. Um ótimo jeito de se apresentar a alguém, deixou uma ótima primeira e última impressão.

Logo que liguei o telefone fui bombardeada por um arsenal de mensagens:

"Bella, onde você está? Não vai trabalhar hoje?"

"Você está bem? Está doente?"

"Bella, não consigo te ligar, onde você está?"

"O que aconteceu?"

"Você está com raiva de mim? Te fiz algo?"

"Por favor, me perdoa se eu tiver feito algo."

---Cara, que neura! Até parece meu marido! Fred que me perdoe, mas só vou conversar com ele amanhã.

***

Aquele alguém que ouvia tudo sorriu de forma descarada ao concluir que para Labella, o pateta do Fred estrava em segundo plano e que agora, ele talvez possa ocupar o primeiro lugar. "Um talvez provável demais para uma simples hipótese.", pensou. Não. Nada é tão fácil.

***

No dia anterior, Labella deitou-se antes das 7 horas da noite por tédio, por sono, por preguiça, mas antes disso pediu uma pizza e ela podia jurar que o entregador sorriu para ela de uma forma exagerada e incomum. "Bonito ele.", soltou após fechar a porta.
Agora, às 5 horas da manhã, ela já está acordada e o ócio, juntamente com o tédio, a fizeram ter uma ideia absurda: infernizar o falecido.

---Hey, fantasma do apartamento ao lado do meu! Morreu de dor de cotovelo, foi? Ou será que sua amada te trocou por um cara melhor e esse cara resolveu acabar com sua dor?

Como esperado, ninguém respondeu o silêncio instalou-se de forma bruta.

---Sabia que por sua culpa eu estou metida em problemas? -- continuou ela-- Aquele delegado, o tal de Victor Vampiro, acha que eu te matei... Como pode? Sou um amorzinho de pessoa, né?

Como isso eu deixava alguém feliz! A acidez que Labella colocava naquelas palavras era como uma melodia doce. Oh, não! Amarga. Deliciosamente amarga. Era tudo uma simples brincadeira até ele resolver que também queria brincar, mas não agora, só teria graça se fosse do jeito dele.
Após não receber nenhuma resposta como esperado, Labella se cansou e foi então tomar seu café, o mais demorado de sua vida e as 7 horas da manhã ela já estava pronta. Em meio ao caos que estava sua vida; Labella se sentiu sozinha.

---Eu queria um abraço agora. -- desse ela perdida em seus pensamentos.

Aquele alguém que está imediatamente atrás da parede onde ficava o sofá em que a moça estava chorou, chorou por não poder abraçá-la, chorou por sentir o mesmo. Um choro silencioso acompanhado do sangue resultante da sua péssima mania de morder os lábios. Após cansar de se lamentar, Labella resolveu que já era hora de sair, deveria ter o feito antes, uma vez que a delegacia não se localiza próximo a sua casa.

---Que se dane! Vou a pé mesmo. -- disse ela mesmo não fazendo ideia de onde ficava. Depois de muito andar, olhou seu relógio e percebeu que já eram 7:40.

---Que droga! Não faço a menor ideia de onde estou! --soltou frustrada.

Um desconhecido se aproximou.

---Algum problema, senhorita? --ela encarou-o por um breve momento que demorou minutos para passar.

---Como sabe que sou senhorita? --perguntou do sopetão. Ele sorriu, ela observou aquele sorriso que se tornava ainda mais destacado pelos dentes perfeitamente alinhados, mas há um pequeno detalhe, Labella tem certa aversão à perfeição.

---Julguei pela aparência. -- respondeu-- Então, precisa de ajuda?

Labella queria muito dizer que não mas ela precisava de ajuda. Sabia que o delegado não a deixaria em paz depois dessa. Sabia que era perigoso, mas arriscaria.

---Na verdade sim. Mas como posso confiar em um estranho que julga as pessoas sem conhecer? --Labella perguntou usando seu típico e voluntário sorriso debochado.

---Simples, sou Arian. Agora não sou mais um estranho, e você quem é?

---Ariana! --ela soltou por impulso. Ok, era mentira mas ela era uma jovem em um local desconhecido, conversando com um cara desconhecido. Tornava-se válido. Arian riu sonoramente.

---Coincidência? --perguntou.

---Talvez. --ela respondeu-- Mas agora, pode me dizer onde fica a delegacia?

Ele olhou para ela com ar de "Como assim?" e começou a rir.

---Então, Ariana, --deu ênfase ao nome-- você está na frente dela.

Labella sentiu-se tola e simplesmente olhou para a cara daquele nem tão desconhecido e pos-se a reparar nos seus olhos nos seus cabelos.

---Obrigada. --disse ela.

Ele apenas assentiu e sorriu, umedecendo com a língua seus lábios, tornando possível agora de se notar, um ferimento, antes coberto por maquiagem.

Psicopata: DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora