XLI

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--- Por favor, deixe-nos ir embora!

    Sua risada seca ecoou, fazendo com que todos se encolhessem.

--- Me deixaram ir? Me deixaram viver?

--- Mas não sabemos quem é você e nem o porque de estarmos aqui! -- se alterou, mas não era raiva, era desespero.

--- Sim, vocês sabem! -- gritou com toda a raiva que pôde.

**********

--- Delegado? -- o médico chamou Victor.

--- Pois não?

     Já haviam se passado três dias e nada de notícias favoráveis. Não havia outro caminho, Labella precisava da cirurgia para sobreviver e para que fosse realizada, precisavam das bolsas de sangue.

--- O sangue que precisamos está a caminho. Por sorte os pacientes a quem eram destinadas estão tendo uma melhora excelente no quadro. -- olhou na prancheta -- Doby e Kira Oliveira. São da sua delegacia, segundo informações. Procede?

--- Sim. -- Sangrino percebeu que negligenciou completamente o estado de saúde dos principais agentes da DP, um remorso surgiu em sua consciência -- Gostaria de vê-los, é possível?

--- Sim. Venha comigo.

     Após se despedir de Labella, seguiu com o médico até o CTI. O cheiro daquele lugar logo lhe fez ter uma série de náuseas e djavus. Se limitou a observar os irmãos da porta, ambos respirando com auxílio de aparelhos e com diversos hematomas e fraturas.

--- Então quer dizer que Labella e vocês têm o mesmo tipo de sangue? Talvez isso explique porque os três são tão impulsivos. -- Victor resmungou.

     Seus olhos foram levados a analisar as características de ambos. Kira e Doby exibiam cabelos negros, sobrancelhas expressivas, bochechas salientes, boca pequena e olhos escuros. De repente, um frio percorreu sua espinha e Sangrino se julgou louco por pensar tal coisa. O problema em questão era o seguinte: salvo a boca carnuda, e uma cor escura como a noite no olhar, Labella tinha exatamente as mesmas características dos irmãos Oliveira.

--- Doutor? Preciso que realize o mais rápido possível um exame de DNA.

--- Por Deus, filho! Duvida que eles sejam irmãos? -- o velho médico se prontificou.

--- Não, duvido que a família esteja completa.

     O exame foi realizado assim como a cirurgia e ambos tiveram resultado positivo. Labella, Kira e Doby ficaram o restante do mês no hospital, mas Labella, quando chegou em casa, percebeu que nada ali fazia sentido. Alguns dias depois foi revelado aos três que eram irmãos. Enquanto Kira revivia as lembranças que a perturbavam sempre que o calendário marcava a data do sequestro de sua irmã ainda bebê que ficou durante instantes sob seus cuidados, o que a fez se sentir culpada, Doby encarava Labella curioso em busca de todos e mínimos detalhes de semelhança. Ali também estavam Arian e Dayan, ambos acabados, observando tudo. Sangrino trazia consigo um semblante confuso, mas se sentia satisfeito por ter feito os irmãos se encontrarem, mas sua mente insistia em lembrá-lo do dia da morte de sua noiva, do dia que ela se colocou em sua frente e recebeu em seu peito o tiro destinado a ele. Só havia uma coisa estranha: Labella Jazin. Sua face jazia fria, impassível, enquanto observava todos e suas reações. A cirurgia trouxe como única sequela, a perda de sua memória a partir de sua saída do Orfanato de Logóva. Tudo e todos se tornaram estranhos, só restou ali uma garota de 17 anos, aquela responsável por denunciar todo o esquema de vendas de Ecstasy no Orfanato. Aquela que ainda sentia falta de Tales, seu melhor amigo que se suicidou após fugir. Nem Fred, ou Maconi. Nada.

     Apenas escuridão.

******

--- Isso! Consegui! É o fim! -- gritava orgulhosa de si mesma. -- Terminei!

"Agora, o que fará?"

     A voz em sua cabeça retumbou e ela olhou ao seu redor. Já havia matado o morador de rua e Frederich, agora restavam Akira, Dobby, Victor e o seu tão prezado Dian. Por sorte, ela inventou todos os pequenos personagens e sequestrou apenas os que ela julgava mais importantes. Mas matar, ela já estava farta. Estava farta dos gritos, do barulho. Mas tinha que se livrar deles.

     Depois de ler em voz alta para que todos ali pudessem ouvir, se viu diante da incógnita do título. Qual nome? Olhou para os quatro acorrentados no chão implorando por suas vidas e se lembrou do dia em que seus pais a abandonaram no hospital psiquiátrico, "É uma psicopata.", diziam.

--- Encontrei o nome perfeito. O que acham de Psicopata: Desespero? Um bom nome, não é? Agora, que já não me servem mais de inspiração, o que devo fazer com vocês?

--- Nos deixe ir, por favor! -- Akira sussurrou.

--- O que disse? -- virou seu rosto, deixando visível a tatuagem feita em seu pescoço logo após sua fuga. "Seu coração frio virou brasa quando a viu.", a liberdade, ela se referia à liberdade.

--- Por favor, Labella, nos deixe ir. Não vamos denunciar você, eu juro! -- Akira disse mais alto.

--- Eles me juraram e nunca cumpriram. -- seu rosto inclinou, mas ela logo retomou a postura.

     Pegando seu caderno, ela olhou para os lados, confusa. Mas teve uma ideia. E sorriu. Um sorriso sádico, mas real. Ela seria imortal. Olhando para todos ali, fitou Dian e colocou seu caderno no colo dele.

--- Solto vocês, mas com uma condição.

--- Diga o que é. -- se pronunciou Victor que depois de diversas bofetadas tinha se limitado a observar.

--- É bem simples. Levem o que escrevi e publiquem.

     Eles a olharam descrentes.

--- Apenas isso? -- Dobby questionou.

--- Sim, apenas isso. Mas quero que publiquem em nome dele. -- voltou a olhar para Dian -- Entre vocês, ele é o menos covarde. Outra coisa, não adianta tentar me denunciar, nunca vão me pegar. O que acham, me prometem isso?

--- Nós prometemos. -- Dian disse firme.

     Labella se levantou e pegou sua arma, logo após destrancou os cadeados e fez com que todos fossem para fora daquela velha casa. Se viram no topo de uma colina, de frente para um penhasco.

--- Vocês prometeram. Se não cumprirem eu mato vocês, tenham certeza disso.

     Dito isso, caminha até a beira do penhasco e sorri lembrando que criou uma vida emocionante para ela.

"Parabéns! Agora vamos!!!"

     E ela pulou do penhasco. Sorrindo.



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Certo, podem me criticar por não ter correspondido às expectativas de vocês. O que acharam?

Deixa eu perguntar para vocês, o que acharam da capa nova?

Outra coisa, mudei meu user não é mais Bhialla, agora é @MayaraSanagui. Eu usava Bhialla por ser um apelido de infância, mas agora resolvi mudar. Inclusive, o meu Instagram tem o mesmo nome. Certo?

Mais uma coisa, vamos participar do Wattys 2019. Torçam bastante, okay?

Mordidas 😏 ❤

Psicopata: DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora