Depois do seu estranho encontro Labella foi para delegacia, levando o telefone daquele cara que acabou de conhecer, com a desculpa de se ajudarem quando, por acaso ou não, se perderem novamente. Ela entrou na delegacia e deu de cara com Victor.
---Bem na hora. --sorriu de lado.
---É. --respondeu ela.
A falta de empolgação de Labella incomodou o grande delegado Victor Sangrino, ele era o melhor! Como uma miséria letra Labella conseguiu ferir o seu orgulho. Ele soltou um suspiro pesado ao perceber que ela estava mexendo mais do que ele desejava com seu psicológico e então, conduziu-a até sua sala.
---Bom, agora que estamos devidamente acomodados podemos conversar melhor e obter um depoimento melhor, não acha? Então vou repetir a mesma pergunta que fiz ontem. Qual era a sua relação com a vítima?
Labella apenas encarou-o de uma forma que estava entre o deboche e a raiva. Vitor reparou em todos os detalhes do seu rosto principalmente os lábios, que ela movia lentamente, o fazendo se perder ainda mais.
---Você é surdo? --ela soltou de forma segura.
Victor estava concentrado demais nela para ouvir o seu desacato. Labella, ao perceber o que disse, estranhou de imediato o silêncio por parte do Delegado.
---É... Senhor Delegado? Delegado? --chamou ela ---Você morreu? --Labella começou aproximar-se vagarosamente de Victor que só conseguia ficar ali esperando que ela fizesse alguma coisa. Estavam sentados em poltronas uma de frente para outra, e Labella continuou a se aproximar. Mais perto... Mais perto... Chegou até a orelha do Delegado e sussurrou:
---Delegado? Victor? --ela não queria ser rude, mas não obtendo resposta além de um breve arrepio dele, ela resolveu usar algo do jeito dela. ---Delegado! Tem como acordar??? --ela gritou.
Ele despertou e viu o que estava fazendo e sentiu-se tolo.
---Desculpe... --soltou o homem que nunca se desculpava --Bem, -- retomou o assunto a pouco perdido --Realmente nunca teve contato com ele?
---Não! A única coisa que aquele cara fazia era perturbar meu sono. --desabafou. Victor arqueou a sobrancelha.
---Explique melhor, por favor.
Um suspiro pesado novamente se fez presente, e Labella respondeu:
---Bom, é que de umas noites para cá ele vinha colocando uma música a toda altura durante a madrugada, que me infernizava. A letra dizia: "Seu coração frio virou brasa quando a viu." --Victor fez uma cara de prossiga e ela então continuou-- Repetia sem parar e o volume era aumentado sempre nesta parte.
---Integrante, não acha?
---Olha, se isso é intrigante, imagina acordar com pombo negro na sua janela que trazia esse bilhete. --entregou a ele que o abriu de imediato.
Victor leu e não pôde evitar sentir ciúmes.
---O que você achou disso? -- perguntou mais seco do que desejou, e Labella riu de uma forma que o Delegado quase se perdeu novamente, e respondeu:
---O pombo era lindo. --a resposta que ela deu encantou ainda mais a Victor. Aquela garota estava acabando com ele! Ele conseguia ver beleza até no jeito que ela debochava... Já deveria ter a prendido por desacato! O que é que ela estava pensando? O que ele estava pensando?
---Ok. Mas fora isso, realmente nunca se viram? --parou um pouco para pensar e surgiu uma hipótese, que não sabia ele, era certeira. --Talvez ele gostasse de você. --disse seco --Ou estava obcecado.
Labella engoliu em seco. obcecado e por ela? A moça não conseguiu conter um sorriso. Ela era digna de ser a obsessão de alguém? É isso? A garota sem família, a garota imperfeita é digna de ser a obsessão de alguém?
---Você está sorrindo? --Victor perguntou sem acreditar, era a primeira vez que ela sorria com inocência, sem deboche. Victor mesmo tendo se surpreendido com a reação dela, involuntariamente também sorriu.
---Bem, me desculpe, mas já terminamos? --Labella despertou a ambos dos seus pensamentos.
---Bom, senhorita, tem certeza de que não tem mais nada a nos dizer? Nada mais que possa enriquecer os detalhes do caso?
---Não, isso é tudo.
Ele olhou-a novamente.
---Então sim, terminamos. E só para te informar, senhorita, a perícia não encontrou nada na sua casa.
Labella novamente deu sua gargalhada.
---Eu sei, estranho seria se vocês encontrassem.
Vitor arqueou a sobrancelha e sorriu.
Longe de tudo aquilo, alguém conseguia ter total controle de tudo, sabia de todos os pequenos detalhes de tudo que se passava naquele bairro de Logóva. E Labella, sua Labella, era o ponto principal da sua atenção, sua total atenção, e todos que se aproximaram dela naquele dia provavelmente chegarão a se arrepender. Além disso, ele não entendia como todos aqueles caras, que ele percebeu logo que ele se aproximaram de sua mulher, puderam se apaixonar por ela. Ela era dele. Perfeita para ele.
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Minha Bella desapareceu. Ela tem andado estranha, faltou ao trabalho duas vezes seguidas, não atendeu minhas ligações, leu minhas mensagens mas não me respondeu... Será que ela conheceu alguém? Será que alguém a tirou de mim antes mesmo de eu tê-la? Não Fred, não, pelo amor de Deus, nao deixe o ciúme te dominar. Bella é a mulher mais incrível do mundo, mas ela ainda não é sua. Ainda não, acho melhor ir até ela ou espero ela vir até mim. Acho melhor esperar, se ela não chegar para trabalhar vou a procurar em seu apartamento. Mas e se ela estiver com outro? Não! Não! Que droga! Tenho que parar de pensar nisso, senão vou me destruir e destruir tudo que conquistei com ela. E eu não sei o que seria de mim sem ela, ainda mais com esse meu problema; os médicos não me deram muitas opções de tratamento e eu preciso de Bella e simplesmente não posso, não quero e nem consigo mais viver sem ela. Ela se tornou uma parte de mim... Eu preciso dela para viver.¤¤¤¤Se tiver algum erro é só comentar.
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Psicopata: Desespero
Mystery / ThrillerUm vizinho estranho. Uma mente perturbada, obsessiva, insana. E Labella? Ah, meu caro, ela é a razão de tudo isso. "Seu coração frio virou brasa quando a viu." ********************************************************** ATENÇÃO!!! ⚠⚠⚠ Se você estiver...