XXIX

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---Detetive Kira? Cabo Simon novamente. --havia se passado cerca de quinze minutos, Victor já estava mais que insuportável-- Encontramos algo. A bolsa da moça estava embaixo do piano com celular, documentos, tudo.

---E só encontraram isso agora? --Victor soava irônico e raivoso-- Não foi daí que ela saiu e foi para o carro?

---Sim, senhor. Mas a bolsa estava disposta de forma suspeita,  quase que proposital, diria. A perícia já está à caminho. Ligo se tiver mais informações.

     Simon desligou. Já era perceptível que sua paciência com Victor estava se esgotando. Olhei para o celular em minhas mãos, Doby ainda não mandou notícia. E se tinha alguém que realmente poderia mandar notícias, esse alguém era ele.

---O que acha, Kira?

---Sobre?

     Ele respirou fundo e uniu as sobrancelhas.

---Sobre tudo que eu acabei de falar --respondeu exaltado-- Merda! Parece que tudo está conspirando contra meus objetivos!

     Apenas ignorei Victor. Disquei o número de Doby.

---Alô, Doby, já tem notícias?

---Detetive Kira, o Dr. Doby saiu tem cerca de dez minutos. Aqui é a assistente dele, Pietra.

---Ele esqueceu o celular? Isso é estranho.

---Não, senhora, ele não esqueceu. Deixou aqui e pediu que eu atendesse caso alguém ligasse. E se fosse a senhora, pediu que dissesse que o carro do Delegado quebrou e ele foi resolver o problema. Achei estranho, sou nova por aqui, mas pelo que sei, o Delegado está hospitalizado, o que me leva à quase certeza de que ele não está usando o carro e alguma coisa muito estranha está acontecendo.

---Okay. Pietra, preciso que mantenha o celular do meu irmão com você e em hipótese alguma abandone a delegacia. Podemos precisar da sua ajuda e você deve estar disponível pelas próximas vinte e quatro horas.

---Tudo bem, conte comigo, Detetive.

---Ah, mais uma coisa, sigilo absoluto. Se te perguntarem, você não sabe de nada. Entendeu?

---Sim, entendi.

     Desliguei o telefone lutando para controlar minha respiração. "O carro do Delegado quebrou" era a frase que combinamos ao entrarmos para a Polícia de Logóva, para usarmos quando algum caso fosse extremamente perigoso ou necessitasse que algum de nós agisse sozinho. Era a nossa forma secreta de dizer que o caso em questão tinha oitenta por cento de acabar com fatalidades graves.

---O que aconteceu, Kira? O que houve? --Victor perguntou em desespero. Quão inútil o grande Delegado Victor Sangrino está se sentindo?

---A tia... Meirie. Aconteceu algo com ela. Preciso avisar Doby para irmos até ela.

     Não esperei que ele dissesse nada. A tia Meirie acabou de ser inventada e eu não estou nem um pouco afim de dissertar sobre alguém inexistente. Preciso do notebook do Doby agora. Preciso saber para onde ele foi. O primeiro táxi custou um pouco, mas seguiu veloz pelo caminho. Já sei que ele colocou o notebook no meu cofre, já tínhamos um plano montado. Acessei as informações depois de passar pelas diversas barreiras de segurança. Vi as imagens printadas das gravações das câmeras de segurança, nas anotações ele escreveu:

Psicopata: DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora