Labella se deitou em um canto, o que estava mais limpo, usando seus braços como travesseiro. Dian ficou em pé perto dela, e ela se sentiu incomodada, sabia o que ele estava esperando e gostou de saber que ele não faria nada sem sua aprovação, mas ela não descumpriria sua promessa. Na verdade, não era pela promessa. Não mais.
--- Você não vai deitar? -- ela perguntou.
Os batimentos dele aceleraram.
--- Você quer que eu faça isso?
Labella respirou fundo, colocando a sombra de um sorriso em sua boca.
--- Bem... Vai deitar ou não?
--- Primeiro me diga, é pela promessa ou porque você quer?
--- Droga, Dian! -- sua voz se exaltou -- É pelas duas coisas. Mas se você não quiser, o problema é seu.
Ele se apressou e se deitou ao lado dela.
--- Não, amor, não. Eu quero. E fico muito feliz em saber que você também quer.
Estavam deitados um de frente para o outro. Mãos soando. Os olhos de Labella analisavam aquela máscara de um tom marrom escuro, e ela tentava imaginar como seria o rosto por trás dela. Dian viajava pelo rosto da garota à sua frente, nunca se cansava de admirá-la. Sentiam vontade, necessidade, de tocar o rosto um do outro, mas algo os impedia. No final das contas, o que Dian e Labella mais tinham em comum era o medo. Medo deles próprios. Como em um filme romântico clichê, o frio passou a castigá-los. Agora, oficialmente, o inverno rigoroso que assolava aquela região deu as caras sem se importar com os fugitivos. Dian não tinha um terno para cobri-la, tinha só seu sobretudo e ele não exitou em cobri-la. Porém o frio responsabilizou-se em fazer o que nenhum dos dois tinha coragem. Dian começou a tremer, o sobretudo no final das contas era sua armadura. Não havia aquecedor como no carro, nem o conforto de uma casa, sua pele se tornou muito sensível, sequelas de sua clausura. Labella não pensou duas vezes. Que se dane seu medo! Ele estava com muito frio, isso com certeza não era bom, precisava de sua ajuda. Instinto, talvez. Ela levantou-se e cobriu-o com o sobretudo. Dian ficou confuso e ia questionar, mas ela se aconchegou junto a ele e sem falar nada deitou-se sobre o seu peito e abraçou-o, para aquecê-lo mais. O sobretudo foi o suficiente para cobrir os dois assim, é claro que que não perfeitamente, mas foi da melhor forma possível. Ela se concentrou e ouviu o coração dele disparando.
--- Está tudo bem?
--- Acho que melhor impossível. -- ele respondeu umedecendo os lábios -- Posso... posso abraçar você também?
Já haviam se rendido.
--- Pode sim.
Ele assim fez. Aquela sensação, o conforto daquele abraço. Era seguro, era confuso... Era bom. Labella inspirou para sentir seu cheiro, cheirava a um perfume agradável e suor. Ela queria mais. Levantou sua cabeça até que seu nariz tocasse a lateral do pescoço de Dian e ali inspirou, provocando um arrepio violento e fazendo-o aumentar a intensidade do abraço.
--- Por favor, não me provoque assim.
--- Desculpa. --ela nem sequer se deu conta do que estava fazendo.
--- Não, não. Não precisa se desculpar, é que se começássemos com isso não teria volta. Nenhum de nós dois desistiria.
Labella sabia que ele estava certo. Voltou a se deitar como estava antes. Seus corpos estavam quentes. Quentes demais. Tinham que se acalmar.
--- Boa noite, Dian.
--- Boa noite, amor.
A noite seguiu tranquila, estavam se sentindo seguros. Já havia deixado de ser questão de ter-se feito uma promessa, era questão de ter alguém, de não ser mais só, de nunca ter sentido algo tão bom. Foi uma noite sem sonhos, pois foi a noite em que sonhos eram realizados. Dian, o sonho de ter Labella em seus braços, desejando-o. Labella, o sonho de ter seu coração preenchido por um sentimento recíproco. Labella está se apaixonando por Dian, você acredita?

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Psicopata: Desespero
Misterio / SuspensoUm vizinho estranho. Uma mente perturbada, obsessiva, insana. E Labella? Ah, meu caro, ela é a razão de tudo isso. "Seu coração frio virou brasa quando a viu." ********************************************************** ATENÇÃO!!! ⚠⚠⚠ Se você estiver...