XIII

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Dedicado a user99490908 e AnabelKira

---Senhor delegado? --uma voz chamou na porta da sala de Victor que havia acabado de retornar do almoço com Labella e nem por um momento sequer ele conseguiu tirá-la da cabeça, e muito menos aquela hipótese macabras as quais chegou mais cedo. Estava perdido em pensamentos até aquela voz feminina capturar de súbito sua atenção.

---Pois não... --olhou para mão da moça e notou a sua aliança --Senhora, entre.

--- Sou Kira Oliveira, nova diretora do departamento de investigação. Identificamos a vítima. Caio Borniario Filho.

---Sente-se. --indicou uma cadeira e ela se sentou.

---Prosseguindo, ele tinha 29 anos, natural de Logóva, sem antecedentes criminais.

---E o que mais? --ele realmente estava louco para resolver tudo aquilo-- Qual a causa da morte?

---Senhor, sou da investigação. Essas informações são da perícia, pergunte ao Doby, ele é um médico legista responsável pelo caso, nesse exato momento deve ter finalizado a autópsia. Mas o que não está certo é o fato de considerarem que ele era o vizinho da moça que o encontrou.

---Como?

---Esse cara era um morador de rua da região central da cidade, conhecido como Cabô, e adivinha?

     Uma luz acendeu na cabeça do Delegado.

---Seus companheiros registraram o desaparecimento à dois dias. --Victor completou --Ele não é o vizinho. Talvez tenha invadido o do prédio e alguns dos moradores não gostou muito.

---Talvez. Já considerei essa hipótese.

---Algo mais?

---Não.

---Bom, então pode se retirar. E se não lhe for incomodo, --Victor despejou ironia --peça ao Doby para vir até aqui.

---Tá. --ela se retirou, naquele dia, diferente da grande maioria, ela não estava disposta para brigas. Aquele caso era esgotante ao extremo.

     Kira Oliveira se levantou e saiu, indo até a sala de Doby Oliveira, seu irmão, quem os vê com personalidades diferentes, mas não opostas, não vê nem a sombra da tamanha semelhança que os une: são gêmeos. De uma classe social alta, nunca se contentaram em ter tudo na mão, quando completaram a  maioridade, conquistaram sem o conhecimento dos seus pais, a vitória em um concurso que comprovou que eram os mais aptos para assumir os departamentos de investigação e perícia da cidade. Eles nunca foram crianças fáceis, embora sempre doces educadas com quem merecia, é claro, e ainda são assim. E desde que viu Victor pela primeira vez,  Kira viu que ele não merece nada além de ser tratado como ele trata a todos.

---Doby? --Kira chamou ao bater na porta.

---Pode entrar. ---Doby ajeitou os óculos, seu estilo é único e suas tatuagens chamam atenção. Ele é  bem mais calmo que Kira, mas às vezes a ácidez de suas palavras pode chegar a níveis extremos.

---O delegado, --disse a última palavra com ironia --Quer que você vá à sala dele.

---O mais incrível é que a cadeira já deve ter formato dele. Okay, já vou. Só que alguém tem que explicar para ele que a distância daqui até lá é a mesma de lá até aqui. --ele foi em direção à porta.

---Doby, espera. --Doby parou e olhou para ela --Preste bem atenção em tudo que Victor fala, quero ver se não estou enganado sobre algo que observei, você é muito melhor observador que eu. --Doby sorriu e continuou seu caminho até a sala do Delegado.
Logo que se aproximou, respirou fundo, nunca havia de fato conversado com Victor, apenas Kira, mas pelo que ela descreveu eles não se dariam muito bem. Ele bateu na porta e foi convidado entrar e se sentar.

---Então, sou Doby e os resultados da autópsia já estão prontos.

     Victor como sempre impaciente questionou:

---E então?

---Bom, a vítima morreu envenenada. Não foi possível identificar qual veneno era, agiu diretamente no sangue e simplesmente sumiu. Basicamente é como se a única função do veneno fosse coagular o sangue e depois se auto-destruir.

     Victor olhava com cara de tédio.

---O que o veneno faz é a última coisa que me importa no momento.

     Doby respirou fundo, tinha um milhão de respostas para dar a ele mas nenhuma delas lhe trariam boas novas.

---Como já disse, morreu por consequência do veneno, o que leva a crer que...

---O rosto desfigurado era apenas para impressionar a senhorita Jazin! --Victor concluiu um tanto eufórico demais.

---Isso também, mas o veneno foi já foi jogado nas feridas, o que fez com que ele agisse mais rápido. O corpo foi encontrado pela... Qual o nome da moça? 

---Ah, Jazin. Labella Jazin.

---Pois bem, a senhorita Jazin  encontrou o corpo por volta das 6:30 da manhã. Pelos exames constatei que o óbito ocorreu meia hora antes.

---O que dava tempo o suficiente para o assassino preparar a cena e fugir. O "Crime Perfeito"? --fez aspas com as mãos.

---Ou da senhorita Jazin se preparar para atuação perfeita. --Doby entendeu o que a irmã quis dizer e resolveu provocar.

---Não creio que tenha sido ela. Interroguei-a, ela é prepotente, mas não creio que seja assassina. --girou a caneta entre os dedos.

     Bingo! Pensou Doby.

---Talvez você esteja certo, não foram encontradas digitais dela no corpo nem na cena.

     Victor olhou e um sorriso orgulhoso brotou em seu rosto.

---Talvez não, eu sempre estou certo. Pode escrever, Labella Jazin é inocente. Aconteceu algo hoje que me deu a total certeza. Essa moça é muito mais do que todos pensamos.

---Veremos. --Doby se levantou para sair. --Veremos.

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