Psicopata: Desespero

IX

---Ai meu Deus! --Labella se viu paralisada diante de um corpo completamente ensanguentado e desfigurado.

Naquele dia ela não foi à faculdade, teve que ir até a delegacia prestar depoimento. O que aconteceu? Ao sair do seu apartamento, ela deu de cara com um corpo caído na porta entreaberta do apartamento vizinho. Era um homem. Supôs-se que era o dono e morador daquele lugar.

Labella pensou algo no mínimo curioso: "Pelo menos morto não vai encher o meu saco.", mas logo se repreendeu.

***

---Labella Jazin. É isso? ---perguntou o delegado que prosseguiu após Labella assentir ---Sou o Delegado Victor Sangrino. Então, pode me dizer exatamente qual era a sua relação com a vítima?

Labella suspirou profundamente por ter que responder perguntas tão chatas. Mas o fez.

---Para falar a verdade, eu nunca vi a cara do cujo dito. ---ela respondeu impaciente.

---Mas deve compreender que isso é meio impossível, já que ele era seu vizinho. --ele a pressionou.

Labella arqueou a sobrancelha.

---O fato dele ser, ou melhor, ter sido meu vizinho não quer dizer que ficávamos trocando xícaras de açúcar a cada cinco minutos. ---respondeu de imediato.

---Cuidado com a prepotência. ---disse Victor com voz superior.

---Cuidado com as perguntas. ---desafiou Labella.

---Devo considerar isso como uma ameaça? ---perguntou sério.

---Você acha que deve? ---ela perguntou de um jeito sombrio.

Ele sorriu. De primeira se interessou por Labella, uma jovem intrigante. Não, espere! Ele se interessou pelo caso, não pela garota. Victor Sangrino não sente. O sentimento impede a justiça.

Em um pequeno ponto de escuta, que estava preso na bolsa da moça, estava a causa de uma gargalhada orgulhosa. Essa é a sua garota. Desafiadora.

***

---Ah! O caso de hoje é um assassinato. Mais um na verdade. ---suspirou Victor que mal havia chegado à delegacia e já era bombardeado com aquela montanha de casos, a maioria quase solucionada, apenas um novo. ---Espero que tenhamos alguma testemunha que realmente ajude nas investigações.

---Senhor, a testemunha do chegou. ---um policial avisou na porta.

---Como assim "a"? Só temos uma testemunha?

---Sim.

Apenas assenti e fiz um sinal para que mandasse a testemunha entrar. Apenas uma testemunha. É a versão dela versus as provas. Isso será interessante.
Pouco tempo depois uma jovem de traços fortes adentrou a sala, sua expressão de tédio não passou despercebida. Indiquei a cadeira e ela se sentou.

---Labella Jazin. É isso? ---ela assentiu ---Sou o Delegado Victor Sangrino. Então, pode me dizer exatamente qual era a sua relação com a vítima?

Ela suspirou.

---Para falar a verdade, eu nunca vi a cara do cujo dito.

---Mas deve compreender que isso é meio impossível, já que ele era seu vizinho.

Ela arqueou a sobrancelha.

---O fato dele ser, ou melhor, ter sido meu vizinho não quer dizer que ficávamos trocando xícaras de açúcar a cada cinco minutos.

Como ela ousa?

---Cuidado com a prepotência. ---repreendi.

---Cuidado com as perguntas.

---Devo considerar isso como uma ameaça? ---perguntei sério, mas incendiando por dentro.

---Você acha que deve? ---ela perguntou.

Gosto de desafios. Gosto de pessoas que me desafiam. Não. O sentimento impede a justiça.

---Não. Eu nunca ameaço. Deixa as pessoas de sobreaviso. Prefiro surpreender. ---fui o mais firme possível.

Ela deu uma gargalhada. Verdadeira, porém sarcástica. Carregada do melhor dos sarcasmos. E derrubou parte do meu orgulho.

---Okay. Por hoje é só. Amanhã compareça aqui às oito horas da manhã em ponto. ---meu desconcerto não deve ser visto--- É já sabe, nem pense em sair da cidade.

Ignorando minha última frase, ela respondeu sem a menor das emoções:

---Uau. Mal posso esperar.

Essa falta de emoção me afetou. Que diabos essa garota fez comigo? Calma Victor, é só o cansaço. Sentimentos impedem a justiça. Espero que amanhã possamos esclarecer tudo. A pobreza desse depoimento foi sem dúvidas colossal. Precisamos de mais detalhes. Sobre a vítima, sobre o local do crime, sobre... Labella.

✴✴✴

Só
Mordidas.

Mordidas 😏