Labella colocou em uma bolsa roupas e comida, para caso desse algum problema no seu plano. Já estavam prontos.
--- Que horas são? -- ela perguntou.
--- Seis. Tem certeza que vai dar certo?
--- Absoluta.
O olhar dela transmitiu a Dian a segurança que ninguém nunca havia o feito sentir. Seus olhos brilharam.
Dois. Determinação.
--- Ah, Labella. Você não sabe o quanto eu te amo.
Soltou aquelas palavras, mas era para elas terem ficado apenas em sua mente. Labella franziu o cenho. Algo estranho estava acontecendo em seus sentimentos, ele os estava roubando. Não havia se passado nenhum dia com ele e nada na sua vida importava, o passado se apagava, deixando apenas a menina do orfanato agir. Mas ele, apenas com ele, seu cérebro não conseguia ter ideias para desvendar seus segredos; ele era como o brinquedo que ela mais amava e odiava da caixa do orfanato: o cubo mágico. Ela nunca desistiu dele, mas nunca conseguiu resolver o enigma. Era como um instinto, como se sempre tivesse que ser assim.
--- Quem é você, Dian?
--- Quem somos nós, Labella?
--- Existe um nós?
--- Sempre existiu, querida.
--- Me conhece há tanto tempo assim?
Ele inclinou a cabeça.
--- Eu te odiava. Mas te vi e te amei.
Labella continuava emaranhada em suas confusões.
--- Por que me odiava?
--- Porque você era minha metade, e me completar significava ser igual à mim.
--- Quer dizer que isso mudou, não significa mais? -- ela estava mais curiosa a cada instante. Perguntava sem nem se dar conta e ouvia quase sem atenção, mas absorvia tudo o que ele falava.
--- Não. Mas vamos falar sobre isso outra hora -- o prazer invadia sua mente sempre que pronunciavam um 'nós' para Labella -- Precisamos ir.
Era como se fossem velhos conhecidos, sabe, crianças que eram inseparáveis até que uma delas mudou de casa e escola e tornaram a se ver adultos.
O plano era simples: deixariam falsas pistas na casa, adentraram a Reserva Florestal que ficava depois do terreno onde estavam, mata fechada, e tentariam se a brigar por lá despistando a polícia e depois seguiriam caminho feito por um rio que secou que desembocava justamente atrás das ruínas abandonadas do Orfanato de Logóva e ficariam por lá. Se tinha uma coisa que Labella sabia lidar era com o esquemas policiais, porém ela sabia que nunca deveria confiar demais. Se há algo que as pessoas fazem muito bem é enganar e surpreender. Deixaram um bilhete, Dian matou um pequeno passarinho que estava em uma gaiola e espalhou seu sangue em lugares específicos. Isso fez Labella olhá-lo de forma ameaçadora, reprovando sua ação; um olhar que de tão intenso conseguiu intimidá-lo de tal forma que ele se sentiu culpado. Logo seu interior entrou em ebulição e ele sorriu, sorriu da mesma forma sádica que viu seu pai fazer. Sorriu extasiado, excitado. Enfim conseguiu.
Um. Intimidadora.
A sua amada não era inteligente apenas, ela era muito mais ela, era mulher perfeita para ele.
--- Hey, Dian? -- Labella balançou-o pelo ombro, ele estava mais uma vez paralisado.
--- Sim, amor?
--- Você parecia congelado.
Ele trocou a bochecha dela.
--- Não mais, amor. Você me descongelou.
***
--- Soldado João? -- Doby ligou para o único policial em que realmente confiava -- Preciso de uma ajuda sua, de cunho sigiloso. Posso contar com isso?
--- É de conhecimento do Delegado? -- a última coisa que o Soldado queria era perder seu emprego.
--- Não. E como você sabe, ele está internado o que faz com que ele não esteja no comando no momento.
--- Bom, pelo menos a Detetive Kira sabe?
Deveriam agir sozinhos, mas Doby estava envolvendo-o, além disso, mal sabia ele que Pietra também estava envolvida de alguma forma, mas se sua hipótese tivesse correta, provavelmente suspeito o reconheceria, então, realmente precisava envolver alguém.
--- Não, Kira não sabe, ainda. Mas logo que possível entrarei em contato.
--- Mas não posso fazer isso se autorização!
--- Não seja por isso, Soldado, autorização concedida. Assumo todas os riscos e consequências.
João pensou um pouco.
--- Okay, Doutor. Qual o plano?
Doby sorriu.
--- Preciso que venha até aqui. --passou as coordenadas -- Venha com a moto mais silenciosa do DP.
Enquanto isso, as ideias martelava mente de Doby. Ele só precisava as colocar em prática na ordem certa, mas parecia que sua ansiedade, depois de tanto tempo, havia resolvido dar as caras sem piedade. Ansiedade: companheira fiel dos irmãos Oliveira. Mas ele simplesmente não podia deixar, tinha que lutar como sempre. Eram quase cinco horas da tarde quando o soldado chegou.
--- Bom, Soldado. Suspeitamos que Labella Jazin tenha sido levada por um homem que tem histórico de transtornos mentais, o que a faz estar correndo sérios riscos. Se o restante do DP for envolvido as chances dele descobrir o plano seriam muito grandes e o filho da mãe sabe ser invisível. -- puxou o ar -- Algum tempo atrás ele se refugiou da polícia em um terreno à vinte minutos daqui, quando o descobrimos ele se refugiou na reserva e nunca mais o vimos, até agora.
--- O que quer que eu faça?
--- Quero que vá até lá sem que percebam que suspeitamos.
João assentiu. Durante o caminho criou todo um script, mas droga! Não era habituado a fazer aquilo. Chegou, fez todo o teatro, o máximo de perguntas e reparou em tudo que pôde. Mas sua inexperiência tornava-o cego quando se tratava das entrelinhas. Mas Doby não.
Ao ouvir todas as informações, ele soltou uma gargalhada sem humor. Ela estava limpa, sem nenhum sinal de agressão, usando um nome falso e fingindo estar casada e grávida. Não hesitou ou gaguejou nenhuma vez e ainda usou o seu habitual "quê" de insolência. "A infeliz é boa atriz, droga!". A mente de Doby não conseguia decidir se ela estava sendo forçada ou fazia tudo por vontade própria, mas de uma coisa ele tinha certeza: ela estava com o suspeito.
--- O que vai fazer agora?
--- Ainda não sei. Obrigado, Soldado.
Não, Doby não disse nada a ele, apenas ouviu assentindo. Quanto menos ele soubesse, melhor.
--- Pode ir. E só para reforçar, sigilo absoluto.
--- Entendido.

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Psicopata: Desespero
Misterio / SuspensoUm vizinho estranho. Uma mente perturbada, obsessiva, insana. E Labella? Ah, meu caro, ela é a razão de tudo isso. "Seu coração frio virou brasa quando a viu." ********************************************************** ATENÇÃO!!! ⚠⚠⚠ Se você estiver...