Psicopata: Desespero

XIX

     Hoje, sendo feriado, surpreendi-me com o movimento. Desde que abri a Milan, ela sempre teve um fluxo de clientes satisfatório, mas hoje eu e Bella estamos nos desdobrando, me fazendo chegar à conclusão de que preciso de mais uma pessoa, conciliar a cozinha e o caixa está se tornando cansativo além do que posso aguentar. Mas Bella, ela serve a todos e ainda tem tempo de sorrir para mim, sempre que pode ela me lança um olhar acolhedor. Feriados realmente mudam o humor das pessoas. Bandejas de café da manhã e bolos especiais, afinal, hoje é Dia dos Namorados em Logóva. Claro, cogitei aproveitar a oportunidade e pedir Bella em namoro, o farei à noite, mesmo sabendo que com isso posso apenas prolongar o meu próprio sofrimento.
     Ergui minha cabeça e observei que uma moça e um rapaz entraram e se sentaram, logo reconheci o rapaz, era o mesmo do outro dia, aquele que quase discutiu com Bella. A moça estava indiferente a tudo, de longe, me lembrando a primeira vez em que vi Bella, o mais engraçado é que era na mesma mesa. Bella levou até eles o cardápio, mas não reconheceu quem recebeu, mas creio que ele sim a reconheceu, depois que ela saiu vi que cochicharam. Logo a chamaram de volta e pude ver as faíscas que começaram a voar quando surgiu no rosto dela o habitual sorriso de canto e a sobrancelha arqueada. Eles conversavam sobre algo que fazia-lhes ter fogo nos olhos. Fui até lá. Mas cessei meus passos ao ver aquela figura toada de preto chegar e se dirigir até eles, cheguei a tempo de ouvi-lo dizer:

---Kira e Doby Oliveira. Chefes do departamento de investigação E perícia da polícia de Logóva.

     Sua presença é no mínimo indesejada por mim. Mentira. Admito, simplesmente não o suporto. Todo seu ar de superioridade e orgulho, e o pior, sua proximidade com Bella, me fazem ser o fã número um de sua completa distância daqui.

---Não que isso tenha mudado alguma coisa na minha vida, até porque a pergunta não foi feita a você. -- Bella se virou e disse --Bom dia, Sr. Delegado. -- Ela não conseguiu, seu deboche estava transbordando, não conseguia mais ficar contido em sua boca. --Posso ajudá-lo em algo?

    Se tem algo que minha Bella odeia, é ser interrompida em situações semelhantes a essa. Sorri ao perceber que Victor foi alvejado com as munições provenientes de sua personalidade zombeteira, e ele foi atingido em cheio e olhou-a fechando a cara.

---Um café, senhorita. Açúcar. Sem açúcar. E forte.

---Como preferir, meu querido cliente. -- olhou-o nos olhos e abandonou o sorriso e fez um leve bico, sem eliminar o arqueado de sua sobrancelha. --E vocês, meus amores, já trago o que pediram. Fiquem a vontade. A casa é de vocês. -- disse de forma naturalíssima aos outros dois.

     Ela me viu e sorriu, segurou minha mão e fomos para o balcão. Senti uma corrente elétrica percorrer o meu corpo com o contato de sua pele com a minha.

---Ah, Fred. O dia hoje será incrível! -- Ela me deu um beijo um pouco demorado na bochecha, para minha total perdição. Eu senti olhos pesarem sobre nós, mas isso simplesmente não importava. Não foi a primeira vez que ela me tratou com esse, digamos, excesso de carinho, mas ela só o faz quando está enérgica, com a adrenalina correndo solta em suas veias. Isso, é o efeito que discussões e desafios causam em minha Bella, e pelo que vejo, o que lhe traz prazer pode um dia ocasionar sua total perdição.

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É isso.

Capítulo pequeno e sem revisão. Perdão.

É isso.

Mordidas 😏