--- Não, não! Não, assim não!!!
Dava voltas pelo cômodo, seu transtorno era muito mais que visível. Rasgou a folha que estava em suas mãos.
--- Inferno!
Abraçou-se. Usou de tanta força que suas unhas deixaram profundas marcas em seus ombros. Sua mente palpitava "Não é assim, não é assim!", e a única certeza que tinha é que estava indo pelo caminho errado, não era assim! A confusão se instalou, repassou tudo o que já havia feito.
--- Não! Onde errei? Onde errei?
A voz na sua cabeça respondeu.
"Eles são o erro. Eles não sabem como se faz."
Num movimento repentino, deixou que seus braços caíssem relaxados. Inclinou a cabeça num movimento quase que reptiliano, seus olhos se arregalaram, seus lábios se comprimiram, não piscava, parecia não respirar. Parecia sem vida, porém em pé. Chegava a ser assustador, sua expressão de transtorno e doentia lhe trazia um ar maléfico. Logo, um sorriso sádico brotou em seu rosto.
--- E se quem atrapalha saísse do caminho?
"Seria uma sombra nas suas costas.", a voz advertiu.
--- E o que é mais uma sombra em mundo de total escuridão?
"A gota que falta para que transborde. Você perderia o controle, gostaria disso? De deixar que te manipulem? Apenas continue. Continue."
****
--- O que acha de almoçarmos em um restaurante? -- Victor perguntou.
--- Acho ótimo. Mas você não tem que ir para a delegacia?
--- Bem, não. Eu ainda tenho que manter repouso por um tempo.
Labella respirou fundo. É errado não saber lidar com pessoas?
--- Já que é assim, podemos ir... -- lembrou-se de Dian, não podiam ir à Milan, fingiu pensar -- Já sei! Podemos ir em um lugar que tem comida japonesa! Pode ser? Por favor?
Os olhos de Victor não conseguiam disfarçar o quão encantado ficava com Labella, e aquele sorriso bobo, que formigava seu coração resolveu brotar em seus lábios.
--- Podemos, podemos sim.
--- Isso!
Ela comemorou, nunca havia provado comida japonesa. Abraçou Victor.
--- Opa, temos um problema, na verdade dois. Seus pés e minhas costas. Acho melhor comermos aqui, pedimos para entregarem.
Comeram no apartamento. Conversaram e assistiram filmes durante a tarde, mas a nossa querida e preciosa Labella não se aguenta.
--- Victor, você não quer tomar um banho não? Quero dizer, se não for do seu costume, tudo bem. Estou só perguntado.
Ele gargalhou. Aquele som.
--- Na verdade eu quero muito um banho, mas não estou me sentindo disposto para voltar para casa e não tenho roupas aqui. Além disso, não quero ficar longe de você.
Um pequeno aperto incomodou o coração da moça. Ele era uma pessoa boa.
--- Olha, tenho umas camisas e umas calças de moleton que roubei do... Fred. -- engoliu em seco -- Pode usar, só não tenho cuecas.
--- Bem, isso já está de bom tamanho.
Labella pegou uma toalha e as roupas e entregou a ele. Ficou no quarto, esperando para refazer os curativos. Sua mente vagava.
--- Oi, tudo bem?
--- Sim, só acho que ainda estou cansada.
Ele assentiu e se sentou na cama. Labella limpou e desinfetou tudo.
--- Pronto, tudo certo. -- concluiu os curativos -- A inflamação já diminuiu. Você tomava quais remédios no hospital?
Victor se virou de frente para ela que se segurou para não reparar em seu corpo, mas foi inútil. Quando seus olhos encontraram os dele, ela ficou sem reação. Ele a olhava com carinho, com desejo, com amor. Ela sabia o que ele queria, mas uma dor lacerante tomou conta de sua cabeça, a fazendo quebrar o contato entre eles. Labella tentou se acalmar, mas a dor era de uma intensidade fora do comum. Victor estava assustado, sem reação.
--- Por favor, me ajuda. Por favor! -- ela começou a chorar segurando a cabeça.
A reação do Delegado foi abraçá-la, mas a dor em nada diminuiu. Chamou uma ambulância. No hospital, depois de diversos exames e Labella dopada, o médico deu a Victor a pior notícia que esperava: tumor.
Ela foi internada, precisaria de doadores de sangue para que a cirurgia fosse realizada, era de extrema urgência. Mas o estoque estava praticamente esgotado e Victor não era compatível.
--- Como faremos agora, Doutor? -- ele estava desesperado.
--- Por volta de dois dias chegarão bolsas de outras cidades. São predestinadas, mas podemos dividir.
--- E durante esse tempo, como ela vai ficar?
--- Olha, Delegado, é difícil dizer. Mas ela vai continuar dormindo durante esse período, se acordar ela pode não aguentar a dor.
Victor passou a noite ao lado dela, sonhou que ela lhe entregava uma fatia de bolo, na Milan, e resolveu ir comprar.
--- Bom dia. -- falou no balcão -- Preciso falar com você Arian.
--- Notícias de Labella?
Dian estava perto, ouvindo toda a conversa.
--- Sim, na verdade ela foi encontrada. Mas esta internada, o médico disse que é um tumor no cérebro.
Arian ficou pálido e Dian se virou.
--- Desculpa, falavam de Labella, Labella Jazin? -- perguntou.
--- Sim. -- Sangrino respondeu -- A conhece?
--- Sim, na verdade éramos muito amigos na infância, no Orfanato de Logóva.
--- Qual o seu nome? -- Victor questionou.
--- Dayan Vale. E você, quem é?
--- Delegado Victor Sangrino.
Que comece a brincadeira.

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Psicopata: Desespero
Misteri / ThrillerUm vizinho estranho. Uma mente perturbada, obsessiva, insana. E Labella? Ah, meu caro, ela é a razão de tudo isso. "Seu coração frio virou brasa quando a viu." ********************************************************** ATENÇÃO!!! ⚠⚠⚠ Se você estiver...