XXVII

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     Labella demorou o máximo que pode no banho, já sentia seus dedos enrugarem e sua pele começava a ficar arroxeada pela água fria. Já devia ser por volta das três horas da tarde, ou era antes? Antes, provavelmente, pensou. Quando chegaram, o visor do carro marcava cerca de dez e meia, mas isso deixou de importar no momento em que a mente de Labella descobriu que ela iria dormir ao lado de um estranho.

---Droga, preciso sair daqui. --sussurrou olhando para a janela.

---Amor, está tudo bem? --sua voz estava realmente preocupada.

     Ela suspirou.

---Ainda bem que você não está falando comigo, não sou seu amor. --disse enquanto vestia uma calça de moletom e uma blusa fechada.

---Sim, você é sim. --um instante de silêncio-- Preciso que você saia daí.

---Para quê? Vai me matar, já? --sua voz inevitavelmente era debochada-- Mas nem deu tempo de me divertir.

     Dian novamente riu com escárnio.

---Você precisa comer algo, não o fez durante todo o dia e durante essa última semana você não comeu de forma adequada.

    Labella girou os olhos. Se sentia derrotada, morta. Naquele momento tomou sua pior decisão:

---Okay, não tenho mais nada a perder mesmo.

     Ela saiu do banheiro e deu de cara com a máscara.

---Não se engane, meu amor. Sempre há algo a perder.

     Labella sorriu com a sobrancelha arqueada.

---Como por exemplo o suspense de sua cara escondida quando sua máscara for tirada?

Ele deu um passo à frente,  encostando seus pés nos dela.

---E quem vai tirar?

---Bom, --Labella aproximou seu rosto do dele-- se a vida não se encarregar, pode deixar que eu mesma faço.

     Ele apenas ficou parado. Antes de ser afastar, num movimento rápido foi até o pescoço dele e cheirou ali. Logo sentiu mãos segurarem em sua cintura e afastá-la.

--O que está fazendo?

     A moça sorriu.

---Bom, se em alguma circunstância eu não puder te ver e precisar de identificar, vou saber que é você pelo cheiro.

     Dian sabia que essa resposta poderia ter vários sentidos, mas preferiu ir pelo caminho que sua amada sempre escolhia.

---É, de fato, uma boa tática, mas se voltar a fazer isso, talvez tivesse consequências interessantes. --disse sarcástico.

     Se tem uma coisa que Labella sempre amou, é perceber que alguém caiu em suas provocações.

---E alguma dessas consequências interessantes o fariam tirar a máscara?

---Não se você tirá-la antes.

     Ambos estavam extasiados pela discussão e Labella mordia o lábio para tentar se conter. Em vão, nunca se calava.

---E por que não agora?

---Por que não, não é mesmo? --Dian disse se aproximando mais.

---Porque preciso me alimentar agora, não é? Um sábio louco mascarado que cuida literalmente da minha vida disse que não tenho me alimentado bem. --ela sorriu e seguiu para cozinha improvisada sendo acompanhada por um olhar que transbordavam em êxtase e excitação.

     Dian andou no sentido contrário, fazendo Labella se virar de súbito ao ouvir aquilo.

"Seu coração frio, virou brasa quando a viu."

---Miserável. --Labella soltou-- Era realmente você quem estava perturbando meu sono, é minhas suspeitas estavam certas. --calou-se por um instante-- Merda! Por que matou aquele cara?

     Dian se aproximou.

---Legítima defesa. Ele queria tirar uma parte de mim, a única que importa.

---Ah, claro.

---Ele queria te matar.

---Por quê?

---Porque ele era aquele cara do orfanato que todos os dias te pedir em namoro e você recusava. Lembra daquele dia quando ele tentou te beijar e você deu um soco no estômago dele? --Labella arregalou os olhos assentindo-- Ele jurou te matar.

---Espera, --um estalo na cabeça da moça-- se você sabe disso, você estava lá, não é? Você morava lá também?

     Dian sentou-se na cama.

---Quase isso. Mas só me apaixonei por você quando se mudou para o Braviou's.

     Dian. Dian. Labella vasculhou em todos os cantos de sua mente para ver se o nome era familiar. Mas não, nada.

---Ninguém se interessava pelo nosso orfanato exceto os donos do orfanato e dos esquemas. --suspirou-- Você é um dos herdeiros.

---Foi por isso que te escolheram, amor. Você é esperta demais. Pobre do que a tem como inimiga.

    Um olhar de incredulidade e ironia foi lançado em sua direção.

---Tecnicamente, sou sua inimiga, afinal de contas, fui eu quem acabou com todos os planos de sua família. 

     Ele se levantou, e aproximou-se de Labella, tocando de leve seu rosto.

---Eu agradeço.

     No momento oportuno, o sol direcionou seus raios para a janela, os fazendo chocar diretamente contra a máscara, iluminando aqueles olhos de um marrom incrivelmente escuro e sombrio.

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Oie, coisas meigas! Então, é o seguinte, muito obrigada pelos 3k e pelos votos e comentários. Que Deus ilumine muito vocês e a mim também.♥❤

Peço desculpas pelos últimos capítulos, não estão tão bons quanto eu esperava. Minha mente não está tão legal quanto eu esperava, minha concentração e inspiração foram tirar férias em Marte e deixaram uma cartinha no meu travesseiro dizendo que tivemos uma DR.

Enfim, espero que elas não demorem voltar.

Enquanto isso, dêem uma passada no meu perfil, tenho uma história concluída lá, Ordens Macabras do Meu Subconsciente , que a propósito, a capa é uma porcaria e a história é de humor.

E também, super indico a vocês os livros de AnabelKira e Trish_m_ ,são muito bons.

Psicopata: DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora