Psicopata: Desespero

LIII

A chegada de Iara e Brandão era extremamente aguardada, e como já havia sido avisado pelo Detetive Johan, a polícia estava á espreita, para captura-los logo que se aproximassem dos portões do HPGS. Tudo parecia tranquilo, e exceto pela chegada repentina de Victor Sangrino, aparentemente tudo estava caminhado perfeitamente para que o plano fosse concluído com total êxito, e era justamente isso que incomodava Mey e Zaky. Ou eles estavam realmente em meio á execução de um plano infalível, ou havia alguém que estava muitos passos à frente e logo eles teriam surpresas.

Aquela noite foi tensa e sem muito mais conclusões, a única coisa que realmente achavam indispensável, era que Sangrino não chegasse a ter conhecimento da captura do diretor e da enfermeira chefe e isso por dois motivos: primeiramente, se ele soubesse que tudo isso estava acontecendo, investigaria e questionaria tudo e isso com certeza prejudicaria o trabalho de Mey e Johan; e o segundo motivo é o mais importante, será mesmo que aquele é realmente o Delegado Victor Sangrino?

De qualquer forma, eram três da madrugada e Zaky terminava de se preparar para seguir até o HPGS e testemunhar a aplicação das drogas nos pacientes que na verdade eram cobaias. Nem ele nem a Doutora pregaram os olhos naquela noite, embora a luz da cabana tenha ficado apagada e eles deitados lado a lado enquanto sussurravam suas ideias e suposições para que ninguém suspeitasse de seus planos. Uma micro câmera foi colocada no óculos de Zaky, óculos esses que já eram preparados para esse tipo de uso de forma tão perfeita que jamais se imaginaria ali a presença de uma câmera. A Doutora, obviamente, não iria junto com o mesmo e sequer poderia acompanhar as imagens em razão da luz do notebook, para evitar a menor das suspeitas. Depois de tudo pronto, o Detetive parou por um instante, pensativo.

--- Algum problema, Zak? -- Mey sussurrou

--- Eu não queria que isso precisasse se repetir para que consigamos provas. Eu realmente temo não conseguir atuar o suficiente para que eles acreditem que estou lá apenas como os demais enfermeiros. -- passou a mão em seu rosto

Mey se levantou, parando em sua frente e colocando as mãos nos ombros de seu amigo.

--- Eu realmente não estou me sentindo bem por deixar que essas pessoas sofram mais uma vez. Mas sabemos que ainda hoje, elas estarão livres disso. E sobre você, ora veja, você é o melhor detetive de todos, é claro que irá conseguir, meu bem.

Um sorriso tímido surgiu no rosto de Zaky, ele nem se lembrava da última vez em que ela o havia chamado assim. Ele então pegou a mão de Mey, depositando nela um beijo.

--- Eu vou acreditar em você Doutora. Mas depois que toda essa confusão acabar, vamos precisar conversar sobre algumas coisas, mais precisamente, sobre nós dois. O que acha?

Mey soltou uma risada nasal.

--- Eu acho que quanto mais rápido tudo isso terminar, mais rápido poderemos ter essa conversa ou fazermos o que você quiser. Agora, já está na sua hora. -- ela o abraçou, dando um beijo no canto de sua boca -- Boa sorte.

Como combinado, Zaky conseguiu presenciar e filmar tudo, e por sorte, por ser a sua primeira vez, ficou apenas como observador, e isso foi o aval perfeito para que o plano fosse executado. Quando saíram do local onde a droga foi aplicada nos pacientes, os enfermeiros foram para o refeitório tomar café da manhã, porém o Detetive estava aéreo. Parte da sua mente estava concentrada repassando flashes do que acabara de presenciar, enquanto a outra parte não conseguia parar de pensar em Mey e no que havia acontecido naquela manhã.

--- Está tudo bem? -- Mariana, que o havia acompanhado juntamente com Fernanda perguntou

--- Não. -- ele respondeu -- Na verdade, estou me sentindo mal pelo que acabei de ver. Só de pensar em mim mesmo dando aquilo aos pacientes, meu estômago revira.