Capítulo 74

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Maraisa

Tudo na minha cabeça não passa de um flash, eu nunca senti tanto medo em minha vida, nunca senti tanta dor, minha filha gritando no meio de todo mundo avisando que a Mama dela estava em perigo, todo mundo correndo, eu não entendendo, uma dor no meu peito prevendo o pior, e previ certo, minha mulher caída no chão, ensanguentada, minha mãe apontando a arma para ela, eu só consegui me jogar no chão, no meio do sangue, fazer ela ficar acordada, e depois disso só lembro nós entrando no hospital e eu sendo barrada e desde então estou sentada nesta cadeira de espera a mais de quatro horas, com o sangue da minha mulher na minha roupa, eu já vomitei tudo que eu devia, eu não paro de chorar, não paro de tremer, eu não tenho notícias, ninguém sabe de nada, que dor absurda.

Mai: Irmã, veste essa roupa que eu trouxe, tira essa, vai no banheiro se trocar.

Mara: Eu não vou sair daqui!

Mai: Maraisa, vai, pela sua filha! ela vai acordar e ver você cheia de sangue! por favor!

Olhar Helena dormindo no colo da minha sogra que está completamente destruída, por elas, por elas eu vou.
Assim que eu saí do banheiro escuto Helena chorando, vou até ela e pego no colo;

Mara: Shhh... vai ficar tudo bem!

Lena: Ma_ma eu_eu quero a_a Mama!

Mara: Eu também meu amor! Eu também.

Oito horas passadas, oito horas dentro dessa sala de espera, oito horas que eu não sei o que é comer, beber, dormir, não aguento mais perguntar e ouvir "Não temos nenhuma informação aguarde"
Não aguento mais chorar..

  - Família Mendonça?

Mara: Eu, nós! Eu sou esposa dela!

  - Certo, Meu nome é Flávio, eu acabei de sair da sala de cirurgia, retiramos a bala com sucesso, o tiro não acertou nenhum órgão, por mais que tenha perfurado a barriga, infelizmente ela perdeu muito sangue, estão fazendo transfusão.

Mara: Ela vai ficar bem?

Flávio: Agora é apenas a hora de aguardar, ela está com tubo respiratório, ela teve uma parada cardíaca então, Agora é apenas esperar ela acordar e ver se está tudo bem.

Mara: Eu posso ficar no quarto?

Flávio: Claro, não estamos em horário de visita então somente um acompanhante.

Olhei para trás, minha irmã me abraçou, minha filha começou a chorar;

Ruth: Fica do lado dela! Cuida da minha filha, eu cuido da sua!

Lena: Mamãe! eu não quero ir!

Mara: Desculpa meu Amor, me perdoa, mas amanhã você vem ver a Mama, Agora ela está dormindo.

Abracei elas dando um beijo em cada uma, fiz minha ficha e então segui com a enfermeira até o quarto, que assim que abriu pareceu que meu chão sumiu de novo, minha menina, com um tubo na boca, a cabeça ao lado do olho direito um tanto roxo, fios ligados, bolsa de sangue, a pior imagem da minha vida, nem no meu mais profundo pesadelo essa cena passou pela minha cabeça, puxo a pequena poltrona para o lado da cama, mas antes de me sentar, eu fico olhando para sua carinha, tão aflita, a respiração tão baixa, esse som do aparelho ligado com o coração dela, ver os batimentos calmos, sinto uma dor tão grande, ela está aqui por minha culpa, ela está sofrendo por minha causa, um ano juntas e o quanto que ela passou por minha culpa, se eu não tivesse sentido algo diferente naquele selinho no fundo do palco a um ano atrás, se eu não tivesse levado ela pra cama, se eu tivesse desistido quando ela se afastou, se eu não tivesse insistido em levar isso adiante, foram tantos "se", mas o principal "se" é se eu não tivesse feito tudo isso, hoje eu não estaria casada, não teria uma filha, não seria a mulher mais feliz, mas para a minha felicidade acontecer, a mulher da minha vida está internada nesta cama de hospital, está sofrendo para que eu fosse a mulher mais feliz, a questão é, quanto tempo dura essa felicidade?

Eu Me Encaixei no seu JeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora