Chapter eight- Frank Iero

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Assim que chego em casa, eu vou diretamente pro meu quarto e me deito na cama, fitando o teto.

Eu estava com um misto estranho de felicidade e tristeza dentro de mim agora... eu não entendia. A felicidade me fazia querer chorar, e a tristeza me fazia querer rir. Tava na lista de um dos sentimentos mais confusos que já tinham se alastrado por mim. A maioria dos sentimentos nessa lista era ou foi causada por Gerard.

Gerard me permitia experimentar sentimentos que eu nunca senti antes... e isso era estranho. Esses sentimentos eram estranhos. Não que eu não gostasse, é só que eles... me deixavam assustado.

Eu não pensei que ele fosse aceitar ao propor pra nós subirmos no palco e tocar. Não mesmo.

Gerard cantava com um tipo de emoção diferente. Era... porra, ele era lindo cantando (vamos concordar que Gerard Way é lindo sempre, porque eu sei que não sou só eu que acho isso. Não é questão de padrão de beleza, é questão de ter globos oculares). Ele fechava os olhos e sua expressão se tranquilizava no meio da música. E ele sorria. E quando ele sorria... eu sentia uma paz interna indescritível quando via o sorriso dele, toda maldita vez que eu via o maldito sorriso dele.

Esfrego o rosto. Eu havia chegado perigosamente perto de chorar enquanto ele cantava. Eu sabia a letra, eu sabia o que significava, mas ela nunca tinha me atingido tanto quanto me atingiu dessa vez.

Porque toda vez que tudo estava uma merda, eu queria que Gerard estivesse comigo, porque eu sei que ele iria me defender, eu sei que ele ia me colocar debaixo da sua asa e que eu ficaria seguro do mundo.

Às vezes eu queria que só existisse a gente no mundo. Nós dois, como os dois últimos seres humanos na terra. Sem babacas, sem autoridades, sem julgadores. Íamos ser quem quiséssemos, e ninguém poderia nos parar.

Mas isso não era possível. Ainda existiam outros seis bilhões de pessoas na face da terra. E elas iam julgar. Elas já estavam julgando. Ele tem vinte e dois, e eu tenho dezessete. Deus... o que os caras do bar pensaram? Será que...

Ugh. Caralho. Dessa maneira parecia que a gente já tava casado e com três filhos. Calma, Frank. Calma. Nada aconteceu.

E nem vai acontecer. O que eu tô pensando? Caralho, Gerard era um ser humano incrível e tudo mais, porém que definitivamente não gosta de mim dessa maneira. E nem eu o via dessa maneira. Como... namorado. Não! Isso é estranho demais!

Gerard era como uma espécie de irmão mais velho que só apareceu agora. Eu sentia que ele podia me proteger do mundo, e que ele sempre estaria lá pra me apoiar, e que ele toparia qualquer loucura por mim (tá, talvez não qualquer loucura, mas pelo menos uma boa parte delas). Isso não é ser um irmão mais velho?

E daí nós saímos do bar e fomos pra um parque. Eu me distraí por um segundo, e quando eu voltei o olhar... lá estava ele. Debaixo de uma árvore, um raio de luz incindindo e iluminando parte de seu rosto e seu cabelo. Ele estava concentrado (Gerard tinha uma mania de que quando ficava tão concentrado assim, ele botava a ponta da língua pra fora, e eu achava isso tão adorável), e pra ser sincero, ele parecia um anjo daquela maneira.

Quando eu me aproximei, ele disse que estava me desenhando, e eu o olhei. Ele já havia me dito que fazia faculdade de artes, mas eu nunca de fato vi um de seus desenhos. E esse era da minha pessoa.

Se eu estava com medo de ele ter capturado toda a minha feiura, todo o meu egoísmo e toda a minha sujeira e ter posto naquele papel? É claro que eu estava, mas não exatamente o culparia por isso. É o que eu sou.

Porém, quando eu botei os olhos no desenho, eu nunca fiquei tão surpreso na minha vida. Era... era lindo. O garoto naquele desenho era lindo.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora