Never Coming Home | Frerard

Chapter seventeen- Gerard Way

"Você está pensando nele."

"Hum?"

Levanto o olhar pra Jamia. Aquilo não foi uma pergunta, e sim uma afirmação.

"Você está distraído. Está pensando em Frank."

Ela não me perguntou o que havia acontecido nas primeiras semanas do ano, quando meu rosto estava todo ferrado, e eu mancava visivelmente. Eu também não me importei em dizer.

Eu estava escondendo as coisas dela, eu sabia que não deveria fazer isso, mas... eu não queria contar. Eu não queria contar o que eu descobri sobre Frank. Sentia que o trairia se fizesse isso. Como eu havia dito anteriormente, isso era coisa do garoto, e eu não tinha o direito de contar à ninguém sem a permissão dele.

"Hummmm... talvez?"

Ela cruza as pernas e encosta o cotovelo no braço da poltrona.

"Você pensou no que eu tenho falado pra você, Gerard?

Passo as mãos pelos jeans, suspirando.

"Bom... sim. Eu... eu percebi que eu realmente estava sendo super-protetor com Frank. Eu também já era um adulto com dezessete. Ele... ele não é uma criança. Frank pode tomar as próprias decisões."

Levanto um dedo, antes que ela começasse à comemorar.

"Mas. Eu vou deixar as coisas fluírem naturalmente entre nós dois. Se acabar acontecendo, pois então daremos continuidade, mas se não, continuaremos amigos, okay? Eu não quero... incliná-lo à nada, eu só vou corresponder o que ele já sente por mim. Se for amizade, tudo bem, mas se for..."

Se for amor...

"Enfim. Que as coisas fluam."

Jamia sorri diante da própria vitória.

"Excelente... O que vão fazer no seu aniversário?"

Dou de ombros. Eu nunca fui um cara de me importar muito com aniversários. Eu entendia que era especial para outras pessoas, mas pra mim era só mais um ano pra pôr na conta.

"Sei lá. Talvez eu, Mikey e Frank fiquemos jogando video-game, ou alguma coisa assim."

"Vocês deveriam sair pra jantar."

Ela fala, sem tirar os olhos do papel. Levanto as sobrancelhas.

"Jura? Não sei não... tu sabe que Mikey é chato pra comer... ele detesta tudo o que é restaurante aqui da cidade."

"Não. Eu quis dizer você e Frank. Eu sei que Michael não vai querer ir. Acho que ninguém é muito fã de segurar vela."

Quase engasgo quando vou beber do meu copo d'água.

"Jamia, você é uma das pessoas mais diabólicas da face da terra. Eu já não disse que ia deixar as coisas rolarem?"

Ela revira os olhos.

"Saiam de casa como bons amigos, voltem como namorados. Simples. E aliás, você o está chamando pra jantar. Não é um pedido de casamento."

Às vezes, Jamia fazia jus ao seu diploma de psicologia, mas em momentos como esse, eu me perguntava se ela tinha ideia do que caralhos ela estava fazendo.

Deixo minha psicóloga com a promessa de que pensaria à respeito do jantar, porque sinceramente, eu não sabia como aquilo soaria na cabeça de Frank. Será que iria ajudar se eu dissesse: "ah, vamos jantar fora, eu tô com preguiça de cozinhar"?

Abro a porta de casa, porém não consigo deixar de me sentir um pouco decepcionado quando não vejo o pigmeu em lugar nenhum. Ele costuma frequentar minha casa aos sábados.