Chapter seventy eight- Frank Iero

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Se eu pudesse dizer qual foi a última vez que eu realmente vi o amor brilhar nos olhos de Gerard Way, foi exatamente no momento em que ele abraçou Missile quando fomos resgatá-la na BLind. Poderia citar a cena em que ela morria, mas havia apenas desespero nas íris dele naquela hora. O amor estava misturado nisso, sim, mas era praticamente irreconhecível.

Um tempo depois, reparei que isso era mentira. Essa foi a última vez que eu vi amor nos olhos de Party Poison. O divertido demônio sexy que meteu a porrada em um platinado metido a besta que se achava a última bolacha do pacote. O ruivo que, mesmo detestando crianças, fez amizade com um moleque de dez e uma garota de sete. O gay engraçado que ficava ridiculamente bem naquela jaqueta azul.

Party Poison, quem tinha relações escondidas- mas não tão escondidas assim- com seu colega de grupo Fun Ghoul que iam muito além do trabalho.

Party Poison não era Gerard. Gee era um insone introvertido amante de café, e Party Poison era o líder de um grupo de resistência que estava a serviço dos Estados Unidos.

Então deixe-me reformular: se você me perguntasse qual foi a última vez que vi amor nos olhos de Gerard Way, eu diria que foi quando ele me deixou no aeroporto. Foi quando eu, com o coração em frangalhos, o assisti subir no avião, e depois o vi voar para longe de mim. Essa foi a última vez. O último "eu te amo" genuino que saiu de seus lábios.

Deus, já fazem mais de quatro anos que isso aconteceu.

E sinceramente? Acho que nunca mais voltaria a acontecer. Foi diferente quando ele disse naquele dia. Foi... soou como verdade.

Não conversei com ele sobre o assunto em questão após isso. Mais especificamente porque... bem, porque ele parecia ter voltado com Bert.

Não é certo dizer "parecia", porque foi exatamente isso o que aconteceu. Aparentemente, eles voltaram a foder, e de verdade, eu tava bem com isso. Sério, não tava com ciúmes, ele tinha todo o direito, já que agora a gente oficialmente não era mais um casal.

Tentei ficar com outras pessoas. Eu tentei, tentei mesmo, e não foi difícil pra mim seduzir mulheres e homens. Aparentemente, as pessoas realmente caem aos seus pés quando você se torna membro de uma banda famosa.

Entretanto, nenhuma dessas pessoas era ele.

Depois da quarta garota sair da minha cama me xingando por eu acidentalmente ter dito o nome dele, eu desisti. "Não preciso de ninguém", disse pra mim mesmo "eu tenho a música".

Disse isso enquanto fumava um cigarro.

Eu sei que não deveria, eu mesmo vi o câncer de perto durante um bom período de tempo, mas eu não podia negar que cigarros sempre acalmavam minha ansiedade. E além do mais, não eram tantos assim. Um ou outro entre gravações não iriam me matar tão rapidamente.

Voltando para Gerard, fumar um ou outro cigarro entre as gravações parecia brincadeira de criança comparado ao que ele fazia. O estúdio cheirava a nicotina, e a culpa definitivamente não era minha. Ele fumava como quem bebe água, e eu suspeitava que ele havia começado com coisas mais pesadas.

Eu apenas não sabia o quê, exatamente.

Por conta disso, fui falar com Jamia. Ele... ele não poderia mais continuar assim. Se Gerard não me escutasse, ele iria escutá-la. Ela sempre pareceu ser a voz da razão para ele.

Eu falei com ela uma vez na vida. Na época, Gee tinha acabado de ir embora, e eu estava um trapo. Ela tentou me deixar pra cima e tudo o mais, mas se eu não me engano, eu nem abri a porta, apenas escutei sua voz e a mandei ir embora. Jamia insistiu depois disso, algumas vezes batendo na minha porta de novo, mas eu ignorei. Ignorei até ela desistir e não vir mais.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora