Chapter sixty- Frank Iero

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Quando entramos no avião, eu quase vomito de novo. A perspectiva do que iríamos fazer estava quase me fazendo ter um infarto.

Quase.

A única coisa que me impedia de ter um AVC no meio da coisa toda era Gerard, que segurou a minha mão, sem se importar com o General Cola, que estava postrado atrás de nós, quase perfurando nossas costas com aquele olhar reprovador.

Klaus também estava lá. Ele, novamente, tentou se desculpar com Mikey, mas meu cunhado balançou a cabeça, a expressão séria, porém machucada. Número 4 parecia bem arrependido, mas eu conhecia Mikey bem o suficiente pra saber que ele demora pra perdoar as pessoas.

Uma mulher com duas crianças pequenas chega, um garoto mais velho e uma menininha que não devia ter mais de cinco anos. Os cabelos encaracolados e os lábios cheios do garotinho me eram familiares.

As duas crianças vão correndo direto para Jet, que as pega no colo e as gira nos braços. A mulher sorri para Ray, e o mesmo vai até ela, lhe beijando os lábios.

Isso foi praticamente um soco no estômago pra mim, e pela expressão de Gee, fora pra ele também. Ray tinha esposa e dois filhos. Nem eu, ou Gerard ou Mikey tínhamos isso. Era uma responsabilidade muito maior do que podíamos ter noção. Se morrêssemos lá, três de nós não teriam que se preocupar com os que deixamos para trás, mas Ray... ele iria deixar sua mulher, que o amava, e duas crianças que precisavam de um pai.

Mesmo assim, ele estava indo com a gente.

Depois de Ray se despedir da sua família, nós quatro subimos no avião. Eu me sentia sozinho, apesar de meu melhor amigo e o amor da minha vida estarem à centímetros de distância de mim, eu me sentia como a única pessoa no universo.

O início de viagem foi leve, com zoações e piadas, mas em um momento, olhamos para nós mesmos, e nos lembramos que apenas alguns milhares de quilômetros de distância e umas poucas horas eram as únicas coisas que nos separavam do país perigoso e cruel no qual seríamos jogados, então, depois de quarenta e cinco minutos de risadas, o avião inteiro entra em um silêncio mortal.

Eu relia It pela quarta vez, enquanto Gerard variava entre olhar a paisagem e folhear uma revista em quadrinhos, a qual eu já sabia que ele conseguia recitar todas as falas até em outra língua, entretanto, mesmo cada um fazendo algo diferente, mantínhamos nossas mãos juntas no braço da cadeira. Às vezes, eu via Mikey em uma outra poltrona, e ele nos olhava, distraído, a cabeça em outro lugar.

Ou em outro alguém.

Eu não sabia se Mikey iria perdoar o Séance, mas sinceramente, eu queria que ele o fizesse. Ele... realmente parecia feliz com o outro homem. Klaus parecia ser divertido, e em todas as poucas vezes em que eu vira os dois juntos, eles pareciam... bem, eles pareciam como um casal normal. Um casal que se amava.

Não que isso tenha mudado. Mikey parecia tão miserável que eu tinha certeza de que ele ainda amava Número 4. Aos sussurros, enquanto o anorexo dormia, eu conversei com Gerard, e ele próprio disse que nunca viu o irmão sofrer tanto por alguém antes.

Depois disso, eu encosto o livro ao meu lado e deito a cabeça no banco, tentando adormecer, o que se mostra uma tarefa especialmente impossível. Eu acordava praticamente de meia em meia hora, e na maioria das vezes acordava Gerard junto.

Depois de acordar pela sexta vez, eu balanço a cabeça e esfrego o rosto.

"Continua dormindo, eu... vou ao banheiro.

Ele sorri e balança as sobrancelhas maliciosamente, mas eu nego, avisando para que voltasse a dormir, porque precisaríamos estar alerta quando pousássemos.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora