Chapter eleven- Gerard Way

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A noite de Natal foi simplesmente perfeita. Mikey estava lá, e Frank também, e a gente não parava de rir por um segundo. Era bom ver o pigmeu tão alegre.

Pra ser sincero, ele esteve bem alegre nesses últimos meses, e eu estava realmente me sentindo orgulhoso disso. Eu me sentia realizado, pra falar a verdade.

Mas tudo muda quando nós decidimos que iríamos dormir. Beleza, eu me despeço de Frank, de Mikey, entro no quarto, tomo um comprimido e deito a cabeça no travesseiro.

Até aí tudo normal, mas...

01:54

Tomo mais uma pílula.

02:23

Viro de lado na cama e ponho um travesseiro sobre a cabeça.

02:58

Tomo outra pílula.

Quando são três e uma da manhã, eu reparo que se eu continuasse assim, eu ia dormir. Mas ia dormir morto por causa de uma overdose.

Eu me levanto da cama e desço as escadas sem fazer barulho pra não acordar Frank. Um copo de água deve resolver,  é só isso que eu preciso.

Passo pelo sofá, vendo o garoto dormindo feito um bebê todo encolhido debaixo da coberta, e sorrio de leve.

"Gerard...?"

Escuto essa vozinha cheia de sono vindo detrás de mim quando tava no meio do corredor pra cozinha. Oh, merda. Faço careta e me viro.

"Sou eu. Eu só vim beber água... desculpa acordar você."

Frank me olha e balança a cabeça, se sentando.

"Não... tudo bem... eu tenho o sono leve... você tá sem sono?"

Dou de ombros, abaixando o olhar pros meus pés. Frank suspira.

"Vem. Senta aí, vamo ligar a televisão pra ver se tem alguma coisa legal às... que horas são? Três horas. Claro que vai ter um monte de coisa legal na televisão, o que você acha que as crianças que esperam pra ver o Papai Noel fazem? Exatamente. Vêem televisão. Os caras já sabem disso, mano. Deve ter um monte de coisa legal na TV."

Sua fala sai arrastada, o moleque acabou de acordar no meio da madrugada por minha causa. Ando até ele e ponho a mão em seu ombro.

"Não, Frank. Eu vou tentar dormir. Desculpa ter te acor..."

"Shiu. Cala a boca e senta aí. Eu perguntei alguma coisa? Então é pra tu sentar e calar a boca."

Fala ele, ranzinza, me puxando pelo braço pra sentar ao seu lado. Tento não rir tão alto pra não acordar Mikey e dou um tapa na nuca de Frank, mas não me levanto.

"Você me respeita, moleque. Eu sou mais velho... larga de ser rabugento. Esse é o meu trabalho."

"Que seja. O que tu acha que tá dando na TV?"

"The Nightmare Before Christmans. Certeza, essa porra passa todo Natal."

E não é que eu tava certo? Assim que Frank liga a televisão, Jack Skellinghton aparece.

"Eu adorava assistir esse filme quando eu era criança, mano."

Frank comenta, e eu percebo uma coisa.

Quando esse filme foi lançado, eu tinha dezesseis anos, enquanto Frank tinha onze.

Beleza, isso é estranho.

Mas qual é, são apenas cinco anos. Não é como se houvesse um abismo entre as nossas idades. Nós zoávamos essa diferença como se ela fosse uma coisa enorme, mas não era. Cinco anos. Apenas isso. Meu pai era mais velho que isso em comparação à minha mãe.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora