Chapter five- Frank Iero

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Minha mãe é um saco. Gerard provavelmente riria disso, mas a minha mãe é definitivamente a pior pessoa da face da terra. Ela era tão ruim que eu estava começando a repensar aquela minha ideia de que "se eu sou um filho terrível, não posso cobrá-la a não ser uma mãe terrível", porque nem eu era tão ruim assim.

Se você ainda acha que eu estou exagerando, terça-feira, quando eu cheguei da escola- mancando, com gosto de sangue na boca e dores por todo o lugar depois de mais um dia infernal na instituição do governo que deveria me ensinar alguma coisa-, eu encontro ela e o Bryan (namorado babaca) transando à todo vapor no sofá. Yeah, com direito à gemidos e tapas.

E a próxima coisa que eu faço? Yeah, como qualquer criança traumatizada, eu corro pro banheiro e coloco as tripas pra fora, mal dando tempo de chegar na privada. Vomito todo o almoço que eu tinha parcamente botado pra dentro e depois encosto a coluna na porta do banheiro, completamente enojado.

Alguns minutos depois, os gemidos param (graças à Deus!), mas param porque a minha mãe aparece na porta (vestida com uma camisola, pelo menos), e me olha com reprovação no rosto.

"Parabéns, garoto. Estragou a porra da minha foda. Eu espero que você esteja feliz."

Ela fala, me dando um chute na canela. Gemo e seguro minha perna. Que coisa maravilhosa, agora tava doendo mais.

Ela se vira pra ir embora, e quando ela tava saindo, eu acidentalmente olho pra baixo e vejo esperma nas pernas dela.

Mal tenho tempo de virar o rosto antes de recomeçar à vomitar.

____

Lá pra madrugada daquele dia é quando começo à entender melhor aquilo. Tá, eu não podia exatamente culpá-la (talvez pelo chute. Minha canela tava inchada agora, obrigado mãe). Linda era uma mulher de 33 anos. Não é como se ela já estivesse na menopausa. Ela ainda sentia vontade de... de... de ter relações.

Ah, meu Deus. Eu vou vomitar. De novo.

Me viro de lado na cama, porque minhas costas tavam doendo tanto que eu nem conseguia ficar virado pro teto. Vovô Frank, huh?

Me pergunto como estaria Gerard agora. Eu realmente sentia falta dele. Gee era a pessoa que me fazia perceber que o mundo não era tão escroto assim, ou que nem todas as seis bilhões de pessoas nele eram todas babacas. Ele era a pessoa que me fazia perceber que eu não era um total cuzão filho da puta (tá, talvez a última não seja tão mentira aasim) que só pensa em si mesmo e não tem o menor comprometimento com ninguém (isso eu posso explicar: você não precisa ter comprometimento com as pessoas que gostam de você se ninguém gosta de ti).

Mas com Gerard é diferente. Uma vez ele apenas citou a data do aniversário dele (cof cof 9 de abril cof cof), e eu apenas sei que eu nunca mais vou esquecer.

Eu quero me importar com Gerard. Quero mesmo. Ele foi a pessoa que me fez querer viver, e não apenas sobreviver. E eu nunca poderia expressar em palavras o quanto eu sou grato por isso. Eu sou um cara fodido, que acha que o mundo é tóxico e que as pessoas são fodidas, mas não Gerard. Gerard era doce, gentil e engraçado. Ele conseguia ser adorável até quando falava de filmes de terror e morte, e ele parecia gostar de ser gentil com todo mundo, mesmo que todo mundo fosse um escroto com ele. Gerard conseguia ver o melhor nas pessoas, mesmo que elas não tenham nada de bom.

E o melhor: ele conseguia ser assim e não ser um daqueles filhos da puta evangélicos otimistas pra caralho que agem como se precisassem agradecer todo dia por Deus foder o rabo deles violentamente contra uma parede.

E é por isso que eu gostava de frequentar a loja. Hoje em dia eu nem ligava mais pros quadrinhos, eu só queria conversar com Gerard. Ele me fazia sentir tão bem que o resto do dia não era tão merda assim, tudo isso por causa dele.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora