Chapter sixty three- Gerard Way

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Essa criança tava me dando nos nervos.

Não me leve à mal, eu não tenho nada contra crianças. Não é como se eu quisesse enfiar um saco na cabeça delas e afogar na banheira.

Bem, agora parando pra pensar...

Digo... eu não tenho problemas com elas, desde que elas se mantenham bem longe de mim.

E isso certamente não é o que está acontecendo com a Missile.

Primeiro: ela sempre queria ir no meu lado quando estávamos dirigindo, e obviamente, o puto do Ghoul deixava de propósito. Eu sabia que era de propósito, ele sempre sorria quando deixava a garota se sentar no meio quando eu estava na ponta, ou "inocentemente" cedia seu lugar no banco da frente quando eu dirigia.

"Ela gosta de você, Poison... ela te admira. Acha você o máximo."

Ele me disse, certo dia, quando eu e ele estávamos do lado de fora da área de conveniência do posto de gasolina que tínhamos parado, abastecendo o carro.

"Eu sei que não gosta de crianças, querido, mas... tenta. É só por alguns dias, e aliás..."

Ele me olha com seriedade agora, colocando a mangueira na abertura do tanque do carro.

"Ela passou por muita coisa. Deixe-a, ela precisa de alguém em quem se espelhar, Poison. Ela..."

Ele coça a nuca.

"Como você se sentia, quando era criança, e lia quadrinhos da Liga da Justiça?"

Respiro fundo e olho a imensidão amarela à minha frente.

"Eu não sei... eu queria ser como eles. Eu queria salvar o mundo... queria... queria ser útil."

Faço um gesto vasto com a mão, e ele se vira, colocando a mangueira novamente no suporte.

"Eu... não sei. Eles eram incríveis. Eu era uma criança."

O rapaz de olhos verdes ao meu lado levanta as sobrancelhas sugestivamente, o que me faz revirar os olhos.

"Não banque esse tipo comigo, Ghoul, eu entendi o que você quis dizer há muito tempo."

"Então deixe-a. Deixe-a sonhar... deixe-a querer ser você, deixe-a querer ser útil."

Penso por um longo momento, mas então me aproximo dele, balançando a cabeça, e o ponho entre mim e o carro.

"Okay. Eu vou tentar, tudo bem? Eu vou tentar ser um ser humano melhor e... sei lá."

"Vai emprestar suas Fangorias pra ela quando chegarmos aos Estados Unidos?"

Nego imediatamente.

"Nem fodendo. Tá maluco? Eu nunca mais vi cópias delas depois dos anos 90. Ela vai estragar."

Ghoul levanta uma sobrancelha, passando os braços pelo pescoço.

"Mas você me emprestou uma há cinco anos sem nem hesitar..."

Sorrio.

"Mas aí é diferente... eu queria sair com você, pequeno Ghoul..."

Dou um selinho de leve nele.

"E aliás, eu hesitei sim. Lembra que você já tava quase saindo da loja quando eu te chamei?"

Ele ri, me puxando para um beijo, mas somos tragicamente interrompidos por um gritinho animado atrás de mim.

"POISON, EU CONSEGUI TIRAR ISSO DAQUELA MÁQUINA VELHA LA ATRÁ... AH! QUE NOJEIRA!"

Ela fala, largando tudo o que estava amontoado em seus bracinhos magros e levando ambas mãos à boca.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora