Chapter twenty eight- Frank Iero

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Segundo Mikey, depois de eu "acordar", eu e Gerard não nos separamos nem pra tomar banho.

Tá, eu não vou dizer que ele está errado com relação a isso, mas nós não ficamos tão inseparáveis assim. Nós dois trabalhamos, e em horários diferentes, ainda por cima. Eu acordo de segunda a sexta com o lado dele vazio na cama, e ele vai dormir de segunda a sábado sozinho, então não podemos ficar tanto tempo assim juntos.

"Dormir" não era bem a palavra certa pra situação. Gerard sempre se sentava em sua escrivaninha, ligava a luminária e me esperava desenhando até que eu chegasse.

Só que: eu chegava quase as três da manhã em casa. Mikey geralmente estava acordado, e me cumprimentava quando eu chegava à cozinha.

Entretanto, quando eu entrava no quarto, Gerard continuava lá, na escrivaninha, mas sempre com a cara enfiada nos papéis, totalmente adormecido.

Isso não era bom. Não era bom pra coluna dele dormir naquela posição, não era bom para o relógio biológico dele dormir tão tarde e acordar tão cedo, não era bom pra ele, no geral.

E era impressionante o quanto Mikey era preocupado com o irmão, porque quando eu falei isso a ele, o magro simplesmente deu de ombros e disse:

"Relaxa, ele é assim. Ele sempre acabava cochilando sentado no sofá quando a gente era mais novo. Tipo, ele ficava vendo TV até umas quatro da manhã, aí acabava dormindo. Ele sempre teve insônia."

Eu não sei qual foi o intuito de Mikey ao me contar isso, porque certamente não me tranquilizou.

Hoje, madrugada de domingo, eu me sentia especialmente cansado, depois de uma semana inteira de canecas de cerveja e mesas para limpar, e deixo os sapatos no hall. A noite tinha sido especialmente cheia, e tinha partes do meu corpo que estavam doendo que eu nem sabia que existiam.

Depois de comer umas torradas com manteiga na cozinha, eu finalmente chego ao quarto, e, como sempre, vejo Gerard debruçado sobre a mesa, hibernando.

Suspiro e tiro a camisa, depois vou até ele e esfrego seus ombros.

"Gee... vem pra cama, tá tarde..."

Ele levanta a cabeça, se remexendo, mas não abre os olhos.

"Não... eu tenho que esperar Frank..."

Sorrio com aquilo e, apesar da dor, me agacho ao lado dele e encosto o queixo em seu braço.

"Gee, eu tô bem aqui. Vem dormir, você vai ficar com dor na coluna amanhã."

"Eu não sou velho..."

Fala ele, rabugento, ainda com os olhos fechados. Mordo o lábio pra não cair na gargalhada e faço uma nota mental para sacanear ele amanhã por isso.

"Não é não. Tu é um garotão, agora vem pra cama, pelo amor de Deus, eu quero dormir."

Reclamo, puxando a camisa dele. Gerard finalmente levanta, cambaleante, e eu o conduzo para a cama.

Deixo ele lá e só me deito depois de tomar um merecido banho (coisa que eu detestava quando era mais novo, mas agora, Deus, como eu nunca gostei disso antes?). Me cubro com os lençóis e fito o teto por alguns instantes.

Meu olhar é atraído para Gerard, ao meu lado, e de novo para o teto.

Por mais que fosse a madrugada de domingo, depois de eu ter passado por uma semana inteira, e estivesse completamente fatigado agora, eu não conseguia dormir.

Eu não conseguia pregar os olhos, eu estava contando as respirações de Gerard, e à esta altura, ele estava na milionésima ducentésima septuagésima quarta.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora