Chapter sixteen- Frank Iero

687 82 432
                                    

As coisas ficaram meio...

Como eu poderia começar à explicar como ficou a minha relação com Gerard Way depois que ele descobriu sobre os meus cortes?

As coisas ficaram intensas entre nós dois depois daquela manhã... eu realmente pensei que Gee fosse me abominar pelo meu hábito, mas... ele levou numa boa.

Claro, tirando o fato de que ele surtou e quase quebrou a minha mão, ele lidou bem de boa. Não gritou, não me expulsou da casa dele, e até disse que eu era um cara legal.

Uma coisa que eu fiquei indignado é: ele se culpou. Ele se culpou pelos cortes que eu produzia. E isso me deixou tão indignado que se aquela casa fosse minha, eu socaria uma parede.

Eu tomei a iniciativa de pegar a lâmina, e eu tomei a iniciativa de me cortar. Era sempre eu quem tomava essa iniciativa, e o único motivo de Gee não ter percebido nada até agora, é que eu era realmente bom em esconder as coisas.

Foi um erro dormir na cama dele, isso eu tinha que admitir. Naquela noite, eu fiquei me revirando no sofá até umas duas da manhã, e daí eu subi pro quarto de Gerard. Eu não conseguia dormir, porque eu precisava de algum tipo de afeto. Eu simplesmente precisava, e eu não me importava o quão estranho isso pudesse parecer. Qualquer um com um cérebro perceberia que eu estava me fazendo de coitado pra...

Engulo em seco.

Mas não. Ele não me negou aquilo. Ele também não se importou. E eu confiava em Gerard o suficiente para ter certeza de que ele não faria absolutamente nada.

Ou quase nada. Eu não previ que a minha manga ia subir. Eu não previ que ele fosse ver.

E uma das coisas que mais me surpreendeu foi que ele não tratou aquilo como uma fraqueza, ele não as odiava como eu as odeio. Ele entendeu antes de mim mesmo que elas me fizeram quem eu sou hoje.

Quando Gee surtou, eu não sabia o que fazer. Eu só fiz o que ele sempre fazia comigo. Eu manti a calma e o abracei. Ele não chegou à chorar, mas eu senti o coração dele bater tão forte que poderia teoricamente rasgar o seu peito e pular para fora.

Frank, eu não quero perder você.

As palavras rodopiavam na minha mente. Foi o desespero na voz dele, foi o fato de que Gerard precisava tanto de mim quanto eu precisava dele... foi isso que me fez decidir que definitivamente não era a minha hora ainda.

Eu me senti tão egoísta por pensar por um momento em deixá-lo. Me senti tão horrível. Não é justo com ele. Eu apenas... eu apenas iria morrer. Eu não sei se eu realmente acreditava em céu e inferno, mas era o fim da linha, de qualquer maneira. Não tinha muita coisa depois disso. Mas ele... ele ia ficar. Por mais que eu não acreditasse nisso antes, ele iria sentir a minha falta. Ele ia sim levar flores ao meu túmulo, e iria sim chorar por mim.

Como eu pensei em deixar ele sozinho aqui?

Naquele momento, eu decidi que eu iria parar. Eu iria parar porque eu não tinha controle. Eu me cortava muito fundo sem nem perceber, até o momento em que o sangue estava jorrando aos montes dos machucados, e depois eu via a água sair vermelha pelo ralo. Ficava olhando fixamente para isso.

Ardia. Por Deus, como aquilo ardia. Eu gostava da dor, mas eu detestava a ardência de quando a água batia neles. Era desconfortável ao extremo, e na maioria das vezes, eu tinha que estancar com papel higiênico, já que eu não podia enxarcar a toalha de sangue.

Os primeiros meses do ano passaram voando. Voando porque eu estava completamente entorpecido. Os dias pareciam ser igauis, e um pouco da depressão havia voltado. Não da maneira como estava antes, mas eu me sentia triste na maior parte dos dias, e me encontrava olhando fixamente a parede de vez em quando.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora