Chapter six- Gerard Way

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Sexta-feira, 31 de outubro. Halloween. Isso significava um monte de criança batendo na porra da minha porta pra pedir doce. Até eu perder a paciência e tacar logo o pote de açúcar na cabeça daqueles arrombados. Eu detesto crianças. Crianças são cruéis, e os adultos sempre defendem. 'São apenas crianças'. Não. São criaturas mandadas diretamente por satanás para foder com a sua vida. E elas ainda são nojentas. Tiram meleca e tudo.

Chego na loja e me sento ao balcão, como sempre. Hoje costumava encher bem, já que era Halloween, e aqui além de revistas em quadrinhos, haviam máscaras e essas coisas, mas por sorte o fluxo era bem pouco de manhã, o que me permitia beber bastante café antes das pessoas realmente começarem à chegar.

Inclusive, eram por volta de sete e quarenta, eu tava voltando pra frente da loja com o quarto copo de café da manhã quando escuto o barulhinho da porta. Faço careta e corro logo pra lá.

"Desculpe, senhor! Como eu posso ajudá... FRANK?!"

Pergunto estarrecido ao ver o pigmeu ali na frente. Caralho, será que stilnox tava começando à me dar alucinações?

Largo o café em cima do balcão e vou até ele.

"Frank, o quê... você não deveria estar na escola?"

Ele morde o lábio.

"Yeah, mas... não estou."

Suspiro. Okay, eu entendia isso. Escola é um porre, principalmente com as pessoas dentro dela.

"Tudo bem... quer café?"

Apoio as mãos nos joelhos pra poder olhá-lo melhor. Levanto as sobrancelhas. Frank levanta de leve o olhar e sorri um pouco.

"Sim... obrigado."

Balanço a cabeça e vou com ele até lá atrás. A cafeteira não era a melhor, mas pelo menos o café ali não era ruim.

"E aí, como foi a sua semana?"

Pergunto distraidamente. Frank hesita e dá de ombros.

"Yeahh... foi... bem, foi mais uma semana."

O garoto sorri de canto, porém, segundos depois, até esse parco sorriso desaparece.

Normalmente, eu não o pressionaria. Eu deixaria nas mãos dele a decisão de me contar ou não o que estava havendo. Mas dessa vez... dessa vez parecia realmente algo importante. Frank parecia tão triste que eu não podia ficar mais quieto.

"Frankie... o que aconteceu?"

Ele balança a cabeça e desvia o olhar.

"Não é nada. É besteira, acredita em mim. Você vai rir da minha cara se eu contar pra você."

Ele murmura, fitando o teto. Ah não... ele tava lutando contra as lágrimas.

"Frank... pode me contar. É sério. Óbvio que eu não vou rir da sua cara. Eu reclamo de coisas idiotas todo dia pra você!"

O garoto passa a mão no rosto, levanta o olhar pra mim e depois o abaixa.

"Eu... hoje é... meu aniversário."

Meu queixo cai.

Como assim ele tava chorando no próprio aniversário? Essa devia ser a coisa mais triste que eu já ouvi na vida.

E eu esqueci. Puta merda. Na verdade, eu nem procurei saber quando era o aniversário dele. Meu Deus, eu sou um ser humano tão horrível. É por isso que ele tá chorando.

"Ahhhhh... Frankie. Me... me perdoa não ter comentado. Eu... eu não sabia que era hoje."

"Tudo bem."

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora