Chapter thirty six- Frank Iero

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Os dias têm sido difíceis.

Passamos o Natal no hospital, assim como o ano-novo, e depois o aniversário dele. Em todas essas datas, Gerard estava terrível. Ele estava pior desde o final de 2000 e início de 2001, mas... estávamos levando.

Naquele dia, eu acordo relativamente cedo. Eu havia acordado antes de Gee (surpreendentemente), e apenas fico ouvindo sua respiração barulhenta e sentindo o subir e descer do seu peito.

Agora, havia ruídos quando ele respirava. Era estranho, mas eu sabia que era por causa das máquinas respirando por ele. Impulsionando o ar para dentro de seus pulmões, quando esses não tinham mais forças para trabalhar por si mesmos.

Eu não me importava com o barulho, desde que ele respirasse.

O pensamento de não ouvir mais aquele barulhinho tinha se tornado cada vez mais frequente, e... ficava menos assustador toda vez que eu pensava nisso. Basicamente, eu já tinha resolvido o que eu iria fazer.

Quando... digo, se Gerard morresse, eu esperaria uns dois meses, e daí... ia acabar pra mim.

Eu me conhecia bem o suficiente pra saber que eu não conseguiria viver sem ele. Assim que Gee morresse, ele iria me levar todo consigo, e tudo o que sobraria seria o meu corpo, vazio de alma e desprovido de felicidade. Eu não teria mais sentido para continuar vivendo sem ele, então eu faria a única coisa que poderia, de alguma forma, nos manter juntos.

Era a minha decisão, eu não contaria a ninguém, é claro. Eu nem ao menos contaria a Gerard. E eu não acho que alguém poderia julgar isso... não era algo pelo qual eu deveria me envergonhar. Eu não me envergonhava porque, pra mim, fazia todo o sentido.

Eu iria acabar com a minha própria vida, porque eu a devia totalmente a ele.

Se não fosse por Gerard, eu nem ao menos teria feito dezoito anos, provavelmente. Eu não faria a minha primeira tatuagem, e também não me formaria. Eu só realizei tudo isso porque ele havia me salvado. Porque ele continuava me salvando. Eu não iria me forçar a caminhar por essa terra, porque as lembranças ainda... elas ainda estariam lá. E eu sabia que qualquer coisa me lembraria ele. Uma música, quadrinhos... Gerard é onipresente na minha vida, e eu sabia também que as lembranças seriam muito dolorosas para suportar por muito tempo.

E então você me pergunta: por que eu não me mato assim que ele morrer? Por que eu vou esperar dois meses pra cometer suicídio?

Eu queria me dar uma chance. Queria ter a certeza de que eu não ia conseguir continuar vivendo. Por mais que eu já soubesse que não conseguiria, eu geralmente estou errado em tudo, então eu... queria ter certeza.

E aliás, eu era covarde demais pra me matar assim tão rápido. Eu precisava de algo para me levar ao extremo, e dessa forma desligar meus instintos de sobrevivência.

Dois meses. Talvez menos que isso. Esse era mais ou menos o tempo que eu me daria para ter certeza se eu conseguiria ou não.

"Hummmmmmmm..."

Murmura Gee, ao meu lado, começando a acordar. Viro meu olhar pra ele.

"Acordou há... muito tempo?"

Balanço negativamente a cabeça, mas depois eu não consigo não sorrir.

"O que foi?

"Sabe... você sabe que dia é hoje, né?"

Ele arqueia as sobrancelhas pra mim, e eu mordo o lábio.

"Gee... dia 15 de..."

Meu namorado arregala os olhos e dá com a mão na testa.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora