Chapter eighty nine- Gerard Way

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Eu não sabia explicar muito bem a sensação que isso dava, mas Deus. Doía. Fisicamente doía. Parecia fogo me queimando de dentro pra fora, mas não era exatamente isso.

Abstinência. Nunca foi algo com o qual tive que lidar, mas puta que pariu, era a pior coisa do mundo. Era dez mil vezes pior do que tudo o que passei com drogas até agora, e olha que eu nem sabia que era possível haver algo pior.

Aparentemente, há, e consegue ser ainda mais cruel.

As drogas, pelo menos, me davam apenas sensações. A abstinência, no entanto, me fazia ter sintomas reais. A abstinência me fazia ter febres de quarenta graus, fazia meu corpo realmente doer... doer tanto que queria gritar. Mas não podia, porque os outros ficariam preocupados, e provavelmente me levariam a um médico.

Era tão ruim que me impedia de pensar com clareza, às vezes, e pelo menos me fez agradecer por ter aceitado ficar naquele quarto, porque era uma suíte, então eu não precisava sair toda vez que fosse tomar um banho frio pra tentar diminuir a temperatura corporal. Saía apenas no meio da noite para buscar comida, e comecei a estocá-la no quarto, para não precisar sair mais.

Eu queria ficar sozinho. Como disse, não queria que os outros se preocupassem, porque fora eu quem escolhera passar por aquilo, não eles.

Entretanto, teve uma noite em que meu corpo tava doendo como o inferno, e eu só queria alguém pra conversar. Com muito esforço, me levantei da cama e apenas me segurei nas paredes até conseguir sair do quarto, e, obviamente, viro à direita, porque nem a pau conversaria com Mikey sobre isso. Ele poderia começar a hiperventilar e eu sinceramente não estava em condições de cuidar de um anorexo asmático no momento.

Não era... não era que Frank importava menos pra mim. Era só que... sabia que ele era mais resistente que meu irmão. Sabia que isso não era justo, e que não deveria fazê-lo ter que passar por isso, mas meu corpo doía muito, e eu precisava do meu melhor amigo.

Dou duas batidas na porta, e então espero provavelmente por cinco segundos antes de bater mais três vezes.

Droga, o que eu tô fazendo? Ele devia estar dormindo. Dormindo perfeitamente, provavelmente todo encolhido, mesmo que a cama fosse o dobro do tamanho dele. E eu, mais uma vez, estava estragando tudo.

Encosto minha cabeça na porta.

"Frank, abre a porta, por favor... eu não sei mais o que fazer."

Murmuro, baixinho, fechando os olhos quando minha visão fica preta. Céus, eu não podia desmaiar ali.

"Frank, por favor..."

Imploro, batendo com a minha testa na porta. Logo após isso, ouço um barulho de pés batendo no chão, e solto um arquejo. Sinto uma onda de adrenalina correr a minha espinha, e me afasto da porta dele justo quando a abre.

"Céus, Gerard... o que aconteceu? Você tá bem? Não te vejo há dias!"

O cabelo dele estava espetado e uma bagunça, seu rosto estava levemente inchado por conta do sono, as roupas estavam amassadas por terem sido vestidas tão depressa, mas puta merda, ele parecia tão lindo...

"Eu... eu não sei porque vim aqui, e-eu... eu me sinto sozinho, e-e.... e eu preciso conversar com alguém, mas... mas não sei... eu preciso... m-mas..."

Paro no meio da frase, olhando pro chão. Meus pensamentos estavam se sobrepondo, e estava tudo uma confusão.

"Calma, respira fundo... espera, você tá suando frio?"

Ele leva a mão para o meu pescoço, depois para a minha bochecha.

"Gerard, você está ardendo em febre."

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora