Chapter fourty one- Frank Iero

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"Isso é estranho."

Suspiro sem tirar os olhos da página.

"O que é estranho, Mikey?"

"Esse livro. Eu soube que essa porra é sobre pedofilia. Frank, isso é muito estranho."

Reviro os olhos e umedeço o dedo para virar a página.

"Bom, aposto que o seu histórico na internet é pior."

Eu tinha começado a ler Lolita, de Vladimir Nabovok.

Era um livro extraordinário, que tratava de um assunto completamente controverso. O livro em si era completamente controverso, para se dizer o mínimo. Humbert era tanto odiado quanto amado pelos leitores da obra.

Você deve estar perguntando a minha opinião, é claro. Bem, na minha opinião, Humbert era um doente. Ele via amor em uma criança de 12 anos de idade, e ele acreditava que Dolores o amava. Ele acreditava que a garota o provocava, e que ela o desejava tanto quanto ele a desejava, e se eu fosse marcar cada vez em que ele apresentou comportamentos ou pensamentos anormais, eu demoraria duas semanas adicionais pra terminar esse livro.

Eu não achava correto. Entretanto, Humbert Humbert passou por muitos traumas. Isso não justifica seus modos, mas com certeza ajuda a explicá-los.

O professor se apaixonou quando era jovem. A garota, Annabel Leigh, morreu de tifo. Desde então, sem superar o amor da adolescência, ele se tornou obcecado sexualmente por garotas de 9 à 14 anos, as quais ele chamava de ninfetas, tentando desesperadamente recriar o que tinha com Annabel.

Um dia, lhe é oferecido uma viagem até a cidade fictícia de Ramsdale, na Inglaterra, e ele conhece Charlotte Haze, e sua filha de 12 anos, Dolores Haze. O professor se apaixona pela garota, e então começa uma relação completamente doentia com a mesma até o dia de sua precoce morte, quando dá a luz à um filho natimorto do professor.

"Continua sendo estranho, Frank... sei lá. Parece tão... você sabe. Errado."

Reviro os olhos.

claro que é errado, Mikey. São os delírios amorosos e sexuais de um homem sobre uma criança."

Ele bufa e pega mais café.

"Que seja. Como vai a faculdade?"

"Bem."

Eu sempre quis cursar literatura. Entretanto, eu encontrei uma distração em letras. Os livros sempre estiveram lá por mim, e agora me ajudavam mais do que nunca, com a partida dele. Entretanto, eu acabei por me apaixonar por orações e regras verbais.

Eu tinha me inscrito, então, na faculdade mais renomada da região, e, sem surpresa nenhuma, eu passei.

Eu não exatamente me orgulhava do fato de ter passado. Sei que deveria, mas não parece justo. Parece que eu tive uma... vantagem sobre os outros.

Deixa eu explicar melhor isso: os outros tinham vida social. Eles... eles não precisavam se distrair 24 horas por dia. Eles saíam, e eram jovens. Faziam sexo, bebiam, fumavam, e deixavam para estudar depois.

Eu, no entanto, passei todos os três meses que antecediam a prova com a cara enfiada nos livros. Eu passava o dia inteiro estudando, depois ia trabalhar, e às vezes virava a noite também. Muitas das vezes eu esquecia de comer. Não que fizesse muita diferença mesmo.

Mikey suspira.

"Come alguma coisa, Frank... você esteve com o rosto colado nesse livro pelas últimas duas horas. Não é justo com as outras pessoas que querem se animar pra ler quando você faz isso tão rápido, sabia?"

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora