Chapter seventy two- Gerard Way

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No início, foi complicado. Frank não aparecia nos ensaios, e dava uma desculpa diferente à cada falta. Eu não podia deixar de admitir que o anão era criativo. Cada justificativa era sensacionalmente mais ordinária que a outra, variando entre "provas da faculdade", "contas atrasadas que ele teve que ir ao banco pagar", e até "cano estourado".

Entretanto, eu sabia que tudo isso era por conta do nosso último encontro.

Nosso primeiro show foi em uma festa. Haviam mais ou menos vinte pessoas realmente prestando atenção em nós, mas a gente não se importou muito. Frank, obviamente, não estava lá, então éramos apenas eu, Ray, Mikey e Matt. Eu não bebi muito naquela festa... não como queria ter feito. Haviam drogas pra todo o lado, e eu fingi que não vi quando Mikey deu uma tragada num beck de uma garota que ele conheceu por lá.

Fizemos mais alguns shows em alguns bares, mas... eu sentia que não era o que eu queria. Eu queria... bem, eu queria fazer música. Criar. Não queria fazer covers pra sempre, e pelo que pude perceber, Matt sentia o mesmo.

Por conta disso, um dia, nós dois decidimos: a gente ia começar a fazer trabalho autoral.

"Criar? Gerard... eu não sou tão bom no baixo assim..."

Mikey é o primeiro à se pronunciar, e eu coloco uma mão em seu ombro.

"Mano, relaxa... você vai conseguir. Você é ótimo!"

Ele me dá um sorriso pequeno.

"Beleza... então o que vai ser? Um EP, um álbum ou só um single de debute?"

Ray pergunta, o que me faz sorrir, otimista.

"Um álbum. Nós vamos fazer um álbum."

Ray levanta as sobrancelhas pra mim, impressionado.

"Uau, já tem letra pra um álbum inteiro?"

Troco um olhar com Matt.

"Yeah, eu criei algumas coisas... junto com o Matt, é claro."

Mikey me olha metade questionador e metade incrédulo, ao qual eu imediatamente nego.

Não, eu definitivamente não estava fodendo com Matt, e na real nem queria. Tudo o que fizemos juntos foi uma música sobre o 11 de setembro. Quando isso aconteceu, em 2001, eu ainda estava no hospital, com câncer. Eu... não sabia por que, mas precisava escrever sobre esse ataque terrorista. Talvez fosse uma resposta infantil à BL/ind? Talvez, mas nós conseguimos criar alguma coisa raivosa o suficiente pra mostrar que os árabes não são os únicos "explosivos" na jogada.

Ray morde o lábio, me analisando. Suspiro, sabendo o que ele ia falar.

"Desembucha logo, arbusto."

"Mas e Frank? Ele vai... você sabe. Ele nunca mais veio. A gente deveria...?"

Ele deixa a frase no ar. Nego.

"Eu vou dar mais uma chance pra ele."

Murmuro pra mim mesmo antes de marchar até o telefone e discar o número da casa dele.

"Alô?"

Mesmo por telefone, ouvir sua voz depois de tantas semanas me traz uma espécie de... conforto.

"Frank."

Ouço o silêncio do outro lado da linha, a saliva passando por sua garganta quando ele engoliu em seco, e praticamente ouço ele mudando o peso entre os pés.

"Oi, Gee, eu..."

"A gente vai criar um álbum."

Interrompo, porque eu sabia que se ele continuasse, eu ia falar que tava tudo bem se ele faltasse aos ensaios. Mas eu precisava ser firme com ele agora.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora