Never Coming Home | Frerard

Chapter nineteen- Gerard Way

"Mikey, você tá pronto?"

Pergunto do quarto, ajeitando a gravata pela quarta vez consecutiva. Faço careta.

Anão hipnótico filho da puta desgraçado.

Desde que Frank falou que eu não estava gordo, eu realmente não conseguia mais me ver gordo quando eu olhava pro espelho. De jeito nenhum. E isso era muito estranho.

"Aham."

Mikey aparece na porta do meu quarto e se encosta no batente. Ele devia estar se sentindo um máximo com aquele terno, porque da última vez que vestiu um, foi na festa de formatura da escola. E ele ficou sozinho, assim como eu havia ficado, três anos antes.

"E aí, como estou?"

Pergunto, me virando pra ele e mexendo nas abotoaduras. Eu totalmente odiava aquelas merdas, mas era por um bem maior.

Hoje era dia 23 de junho, dia da formatura de Frank, e eu estava particularmente ansioso para vê-lo. Eu nem conseguia acreditar que ele estava se formando, parece que foi ontem que ele veio ao meu balcão, tímido e retraído, e perguntou se eu tinha a bendita Fangoria número 79.

Tanto mudou depois daquele dia... eu descobri coisas sobre ele, ele descobriu coisas sobre mim... eu descobri coisas sobre mim mesmo que nunca saberia se não fosse pelo anão.

Nós nos conhecíamos oficialmente há mais de um ano agora. No dia 15 de maio, o dia em que completávamos um ano, nós saímos. Frank não estava muito afim de ir pra colina, depois do que aconteceu no ano novo, então a gente foi no cinema, e vimos Psicopata Americano. Christian Bale estava fabuloso no papel de Patrick Bateman, e a gente ficou falando do filme por mais de uma semana. O pigmeu já tinha lido o livro, então ele sabia de basicamente tudo o que iria acontecer.

Frank se tornou uma pessoa especial pra mim nesse ano que se passou. À essa altura, ele já era de longe o meu melhor amigo, mas... eu aprendi à literalmente amar esse garoto. Ele era tudo pra mim. Apenas a ideia de que ele poderia... você sabe... morrer me fazia tremer da cabeça aos pés.

"Você tá ótimo. Só para de mexer na porra dessa gravata, porque daqui à pouco ela vai estar toda amassada."

Bufo de frustração.

"Que horas são?"

Ele revira os olhos.

"Se passaram dois minutos desde a última vez que você perguntou, faça as contas. Vamos lá, Gee... quanto é 32 + 2? Eu sei que você consegue."

Grunho e me viro de novo pro espelho, arrumando mais o cabelo. Aquela merda tava tão escrota.

Okay, seis e trinta e quatro. Eu teria que estar na escola de Frank às sete e cinco.

"Mikey, acho que a gente já deveria ir... a gente vai chegar atrasado."

Falo, amargo. Mikey vem até mim e passa um braço ao redor dos meus ombros. O anorexo era mais alto do que eu.

"Ai, ai... meu irmãozão sexualmente frustrado... relaxa. Aquieta o rabo. Tá vendo por que eu te falei pra se declarar pra Frank? Você tá muito estressado. Sexo resolveria."

Reviro os olhos.

"Nunca vi um virgem falar tanto de sexo, puta que pariu, Mikey, vai arrumar uma prostituta."

"Virgem? Só se for você, caro irmão."

Dessa vez tenho que rir.

"Nossa, Mikey. Até parece que esqueceu de Bert..."