Chapter ninety nine- Gerard Iero

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"É aqui."

Eu disse, apontando pro galpão. Os lábios de Frank deram uma curvada para baixo quase que imperceptível, mas o conhecia bem demais para saber que ele não havia gostado.

"Ah, qual é! Nunca julgue um livro pela capa! Ainda é melhor do que a casa da sua mãe."

Falo, cutucando-o. Ele sorri de canto, balançando a cabeça.

"Eu sei, mas... é grande..."

"Pensei que teu problema fosse com espaços apertados."

"É, é claro, mas sei lá... a gente pode mesmo vir pra cá?"

Gargalho.

"Tá com medo de ser preso? É sério? Frankie, você mesmo me viu alugar o lugar... eu e Rob. Relaxa, vai dar tudo certo."

Digo, já saindo do carro e fechando a porta.

Meu marido não estava exagerando. O lugar era realmente enorme. A ideia inicial era cobrir as paredes com tinta pra fazer um grande chroma key, mas o dono não havia deixado, portanto teríamos que usar lençóis verdes para fazer a paisagem desejada.

Estávamos ali para fazer o clipe de Welcome To The Black Parade, que decidimos ser o primeiro single a ser lançado, junto com o clipe no dia 12 de setembro. Após pensar bastante sobre o assunto, decidi que o cenário e o enredo do clipe iam ser baseados na visão que tive quando "morri", no hospital, há dez anos.

Aquele clipe foi caro. Já tínhamos assinado todos os papéis e tudo mais, e realmente tínhamos o dinheiro pra gastar, mas puta merda, esse clipe tá caro. E olha que o clipe de The Ghost Of You custou literalmente um milhão de dólares.

Esse clipe, no entanto, foi um pouco mais rápido. Não é como se a gente tivesse que ir pra uma praia aleatória e recriar uma cena de guerra. Haviam sim mais figurantes, porque é uma galera que segue nosso "carro alegórico do satanás", como nosso querido amigo Rob apelidou. Falando nele, o velho tentou fazer a gente desistir de todos aqueles clipes até eu quase chutar a bunda dele pra fora do estúdio. Ele já ficou puto por conta de mim e de Bob termos o forçado a ficar no estúdio até de madrugada pra gravar a faixa Cancer, já que os outros integrantes não poderiam saber.

Enfim, o clipe de Welcome to The Black Parade é até bem fácil. Sem contar com todos os... meus sentimentos, que infelizmente nos fizeram ter que regravar algumas cenas porque eu simplesmente taquei o suporte pra microfone pra longe e saí do balcão.

Mas enfim. Gravamos em apenas uma semana, depois mandamos pra galera da edição. Daí a gente botou um anúncio no jornal, entrevistou uns moleque e voilà, tínhamos o pessoal pro clipe de Teenagers. Após isso, usamos as mesmas líderes de torcida (que aliás não pegamos no anúncio de jornal, e sim daquele ensaio fotográfico com líderes de torcida sangrentas que fizemos uns dois anos atrás) e tava praticamente pronto o videoclipe de Blood. I Don't Love You foi um pouco mais complicado, eu quis pintar um cara de preto e uma mina de branco (justamente pra reforçar mais a ideia de corrupção no Paciente e a pureza na namorada dele), e a gente gravou uns takes caindo de uns penhascos.

O de Famous Last Words deixei por último por um propósito. Esse seria o mais difícil. Seria em um deserto, com o carro de Welcome to The Black Parade queimando atrás de nós.

Admito que fui bem babaca gravando isso. Deixei bem claro que queria um deserto de verdade (a gente teve que pegar avião pra isso, mas por sorte encontramos um lugarzinho perfeito bem no meio do Texas), com fogo de verdade... eu queria o máximo de veracidade praquilo, e isso tava irritando até Frank.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora