Chapter forty two- Frank Iero

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Viro mais uma vez o copo e o empuro para frente, pronto para mais uma rodada.

"Frank, esse é o seu sexto. Chega."

Balanço a cabeça.

O garoto bufa, mas faz o que eu digo. Acho que o nome dele é Spencer, ou algo assim.

Eu já tinha parado de trabalhar no bar ia fazer uns cinco meses. Eu tinha conseguido um estágio em uma escola aqui por perto, e eles davam um dinheiro bom.

Mais do que 70 dólares por semana.

Por isso eu tive que sair. Dinheiro nunca sobrou, e a situação não mudou só porque ele se foi.

Já fazia um tempo desde que isso aconteceu, e se você está perguntando se eu superei, eu vou te dar uma resposta sarcástica e um olhar reprovador.

Eu comecei à me afundar na bebida, porque eu descobri que ficar bêbado inexplicavelmente aumentava a minha concentração. Eu passei à ir levemente embriagado pra faculdade na maioria dos dias, e isso só me ajudava à ignorar os outros e focar mais na matéria. Eu sabia que era errado beber de manhã, mas quem se importa, no final das contas?

Eu estava preso em uma fase em que eu não conseguia ficar sóbrio por um minuto que fosse. Eu bebia ao acordar, e permanecia bebendo até voltar à dormir. Eu ouvi um ditado em latim, certa vez, que dizia que as pessoas tem pena de um homem que perdeu seu amor. Acho que estou muito bêbado pra me lembrar.

Nunca vi um ditado tão certo. Sinceramente, Mikey estava insuportável com sua condescência. Ele me lançava olhares às vezes que me faziam querer vomitar, mas não pelo fato de que havia álcool demais no meu estômago. Eu já tinha dito pra ele que eu estava bem (eu devia parecer extremamente deprimido quando disse isso, se não me falha a memória), mas ele me ouviu? É claro que não.

Eu dei uma parada nas tatuagens- não por uma escolha minha, é claro. Alicia estava um porre recentemente. Ela tava com um instinto materno tão grande pra cima de mim que eu suspeitava que ela estava grávida-, então eu precisava de alguma coisa pra substituir aquele barato.

Se eu tentei drogas? Sim. LSD, cocaína, heroína e- pelo incrível que pareça- sais de banho. Nenhuma deu muito certo, elas só... me deixavam dopado pra caralho, e muito lerdo. Coisa que eu odiava.

Então eu voltei com tudo para os cortes. Agora eu nem me preocupava mais em escondê-los. Eles também estavam mais fundos do que estavam antigamente, e provavelmente as cicatrizes vão ficar pelo resto da minha vida- não que tenha muito mais pela frente-, mas você sabe como essas lâminas são escorregadias. Por sorte, Mikey não fazia nada além de me olhar com pena todo santo dia.

E esse foi um dos motivos pelo qual eu me mudei para um apartamento não muito longe dali.

Eu me mudei por várias razões, na real. Eu me mudei por causa da dor das lembranças, da dor de deitar todo dia na cama que pertencia à ele, na cama em que ele se deitava, e me sentar na mesa em que nós nos sentavamos para comer.

Eu também me mudei porque... sinceramente, eu me sentia como um intruso dentro daquela casa.

Eu sabia que eu ajudava a pagar as contas, mas depois que ele se foi, eu me sentia errado por estar ali. A casa era dele, não minha. E eu usava suas coisas, sua água, sua cama. Isso era... errado.

Ele estava certo quando disse que fotografias não eram válidas porque queimavam. Eu descobri que elas queimavam com facilidade no momento em que eram jogadas na minha lareira. Todas as fotografias de nós dois juntos se vão com o fogo quando eu as jogo lá, e eu fico observando a cena até mesmo que as cinzas se extinguissem, e não sobrasse nada mais do que um fino pó do que antes eram receptáculos do amor entre mim e ele.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora