Chapter eighty one- Gerard Way

308 44 85
                                    

"Vamos gravar de novo."

Eu disse, passando mais uma vez a mão pelos cabelos.

"Gerard, vamos fazer uma pausa... meus dedos estão em carne-viva."

Ele parecia cansado. De verdade. Todos nós estávamos, na real. Ray havia dito que fora no banheiro, mas eu sabia que ele havia apenas ido encontrado um lugar onde pudesse descansar a cabeça e tirar um cochilo.

"Desculpa, Frank, mas a gente tem que fazer isso acontecer logo, é bom a gente entregar o álbum ainda esse ano."

Ele abaixa a cabeça, e sei que suspirou sem nem mesmo ter ouvido.

Baixo a minha própria cabeça, esfregando os olhos. Precisava de café. E cigarros. E talvez algumas pílulas de xanax...

"A gente tem que parar, Gee. Isso é ridículo. Você sempre gostou da maneira que ele toca, por que tá recusando cada maldita gravação?"

"A gente tem que fazer isso dar certo, Mikey. A gente tem que pegar o melhor que ele pode dar."

"Não. Tem mais algo... convivo contigo há quase trinta anos, qual é. Eu conheço você mais do que qualquer um nessa sala. Conheço mais do que Frank, ouso dizer. Você raramente fica afixionado com alguma coisa, mas quando fica..."

Suspiro audivelmente e viro meu corpo para ele.

"O que quer dizer com isso?"

"Você sabe o que eu quero dizer."

Ele vem até mim e põe a mão no meu ombro.

"Tá tudo bem. Você pode confiar na gente. Seja o que for, você não é fraco por isso."

"Eu tô bem, Mikes. Sério! Pode deixar. Só quero terminar essa merda logo!"

Exclamo. Meu irmão engole em seco, magoado.

"São as drogas? Vai ficar tudo bem, a gente pode te ajudar a lidar com isso. Nós vamos ajudar, Gee. Todos nós. Eu, Ray, Frank..."

"SERÁ QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENTENDER QUE O QUE EU E FRANK TÍNHAMOS ACABOU?!"

Grito, perdendo o resto de paciência que ainda me restava. Seu rosto se enche de raiva.

"Você não pode ser tão cuzão assim. Eu nem ao mesmo disse para voltarem, eu só disse que ele vai ajudar você, porque querendo ou não, Gerard, Frank ainda te ama. Ele tenta não demonstrar, mas eu consigo perceber. Ele ainda te ama, e sofre por conta de você. Sofre por estar mal assim."

"Eu não posso fazer nada, a culpa não é minha. Não vou parar de viver minha vida porque ele fica tristinho toda vez que transo com outra pessoa. Se você se acha mesmo amigo dele, deveria é ajudá-lo a seguir em frente, não alimentar esperanças que nunca vão acontecer."

"Viver a vida?! Olha para si mesmo. Você acha que isso é viver a vida? Acha que sair por aí sendo uma vadia e usando drogas até quase ter uma overdose é VIVER A PORRA DA VIDA?! NÃO BASTOU UM TUMOR DO TAMANHO DE UMA BOLA DE BASEBALL NO SEU PULMÃO PRA TE PROVAR QUE ISSO NÃO DÁ CERTO?!"

"CALA A BOCA!"

Grito, ele milagrosamente fica em silêncio.

"Tá escutando isso?"

"ALGUÉM ABRE A PORRA DESSA PORTA!"

Mikey franze a testa, de repente olhando ao redor. Só então percebo o que ele estava procurando.

"É o Frank! Cadê o botão da porta?!"

"Hummmmmmmmm..."

Digo, me virando para a mesa de novo. A mesma parecia dançar na frente dos meus olhos.

Never Coming Home | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora