Capítulo 1

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Em um carro pelas ruas da Cidade do México, rumo a um evento de lançamento de uma série para uma plataforma, estavam Karol, sua mãe Carolina e Alejandro.
- Quem mais vai estar lá? - perguntou Caro.
- Até onde eu sei, que conhecemos Lino e Gio. - respondeu Karol
- Pelo que estou vendo aquí pelo insta esta bem cheio! - contou Ale.
- Bom vamos pra curtir e parece que a série vai ser muito boa. - disse Karol animada.
Chegando na porta do evento, desceram do carro agradecendo ao motorista do aplicativo. Karol estava andando um pouco de devagar porque estava com um sapato de salto agulha bem alto e a calçada não facilitava. Fazia um frio com vento gelado e embora ela estivesse com casaco, estava de vestido, só queria entrar rapidamente e se aquecer. O local estava bem decorado com a logo da série espalhada por todos os lugares, luzes indiretas azuis e roxas davam um tom para o ambiente. Haviam várias mesinhas redondas para quatro pessoas, algumas já estavam ocupadas, mas muitas pessoas estavam em pé em rodinhas conversando, em uma delas Lino e Gio. Carolina e Alejandro escolheram uma mesa e se sentaram observando o material divulgativo disponível, Karol deixou seus pertences sobre a mesa, tirou o casaco, porque notoriamente o ambiente estava climatizado e foi por seus amigos. Contudo, na metade do caminho ela percebeu mais uma pessoa com eles, alguém que ela conhecia e muito bem, mas que nem sonhava em vê-lo ou falar com ele novamente, alguém do passado que deveria ficar lá. Mas as coisas não são como se quer, ela até pensou em dar meia volta mas Gio a viu e a chamou, ela não teve escolha a não ser se aproximar. Caminhando até eles, seus pensamentos ficaram a milhões, ela ficou agitada e engolia seco, mas não tinha para onde fugir, abraçou Gio, Lino e o cumprimentou de longe.
- Oi!
Ele somente a acenou em resposta, parecia tão pego de surpresa quanto ela. Karol preferiu olhar para Gio, ainda que estivesse se sentindo desconfortável. Se abriu para conversa com Lino e Gio, ele seguia calado, era muito estranho estarem no mesmo lugar e tão próximos depois de cinco anos, não que em outros eventos não coincidiram, mas mantiveram distância suficientemente saudável, mas nesse caso era um evento  pequeno, somente para convidados, nunca passou pela cabeça dela que ele iria.
Com a troca de conversas ela foi ficando um pouco mais confortável, até porque ele não falava absolutamente nada e não ouvir sua voz tornava menos invasiva a conversa. Em um dado momento eles começaram a se lembrar de momentos do show da turnê de despedida de Soy Luna no auditório nacional, ela seguia bem desenvolta com a conversa, até ele dizer:
- O que mais gostei é que nos shows daqui haviam os mariachis.
Ouvir a voz dele mexeu com ela dos pés a cabeça, como um gatilho pronto para disparar centenas de flashbacks ininterruptamente, ela ficou estática o olhando. Gio percebeu e seguiu com a conversa, ele porém seguia olhando para Lino, o que a deu certo alívio, pois se ele encontrasse os olhos dela, certamente ela se perderia, não estava nem um pouco preparada para isso, seguiria se esquivando o quanto pudesse.
- Hei vamos fazer alguns stories? Os fãs adoram quando a gente se reencontra e dá uma movimentada. - sugeriu Lino
- Aí sim, seria muito legal! - concordou Gio.
- Eu faço! - disse repentinamente Karol sem saber porque.
- Vem Rugge! - puxou Lino.
Ela primeiro fez um somente com o Lino, depois com Gio e por fim com Ruggero, ela mesma não acreditava que estava fazendo aquilo, riu desproporcionalmente de nervoso, sabia que as redes iriam explodir depois daquilo. Para ajudar ele ainda disse "un bacio", o que a fez ficar olhando pro celular fazendo que estava postando por alguns minutos, tentando internamente não dar margem para o gatilho disparar. Ela pediu licença dizendo que já voltava e foi até a mesa, quando chegou, levou a mão a boca a tampando olhando para a sua mãe um tanto quanto alterada, mas contida. Alejandro apenas a tocou no braço como forma de apoio.
Carolina estava a olhando em um misto de preocupação e ódio, mas a disse:
- Agora siga o fluxo, mas se não se sentir bem, vamos embora.
Karol apenas concordou com a cabeça, respirou fundo e voltou a rodinha. Seguiu conversando mais com Lino e Gio, até Lino sair da roda por pegar uma bebida, deixando Ruggero ao lado dela. Ela seguiu conversando com Gio, resgatando memórias dos shows e das gravações, estava tudo indo bem, Lino voltou a roda, mas do outro lado. Em uma memória divertida ela em um reação expansiva segurou com o braço de Ruggero, meio que automaticamente, quando percebeu o soltou imediatamente e não o olhou, a meta era não fazer contato visual, ela seguiu o rumo da conversa pra não se perder. Ele falava pontualmente, apesar disso era como se o corpo dela levasse um choque de muitos volts pra disparar os flashbacks e ela contesse.
Em um dado momento fotografos e jornalistas começaram a chama-los para passarem pelo "tapete" do lançamento, Lino e Gio foram primeiro e juntos, depois Karol e um fotógrafo induziu Ruggero a ir junto dela, ambos tentaram mas não conseguiram disfarçar o quanto aquilo ela constrangedor. Por sorte uma jornalista a puxou para fazer perguntas, Ruggero tirou mais algumas fotos sozinho e saiu, pra alívio dela, que respondeu as perguntas com calma, tirou algumas fotos sozinha e seguiu.
Karol retornou a mesa com sua mãe e Ale, se sentou, respirou fundo, levou as mãos a cabeça, depois se recostou na cadeira suspirando e olhou para sua mãe que a disse:
- Foi bem, mas já sabe.
Quando ela pensou que iria ter um minuto de paz Lino e Gio, vieram até a mesa com Ruggero atrás deles, que acenou pra sua mãe, enquanto Lino pedia para Alejandro tirar algumas fotos deles quatro.
Alejandro acatou a ideia, com olhar de desespero para sua mãe Karol se levantou e foi com eles para tirar as fotos, imediatamente ela se pôs entre Gio e Lino, para não ter que tocá-lo. Alejandro tirou várias fotos, com poses um pouco diferentes, tudo seguia administrável, até na última mudança de posição as mãos deles se encontrarem atrás de Lino, foi o suficiente para ela ter que cortar um disparo de memórias. Por sorte já haviam tirado fotos o suficiente, ela conseguiu manter a distância.
Estava pronta para correr para a mesa de sua mãe, quando Lino a convidou:
- Karol, depois daqui vamos jantar com mais um pessoal, vem com a gente, trás o Ale pra gente tirar mais fotos e a sua mãe é claro.
- Uhum! - respondeu ela sem pensar só querendo sair dali.
- Você vem então? - insistiu Gio.
- Vou, aham! - respondeu automaticamente Karol saindo dali feito um raio pra se sentar ao lado de sua mãe.
- Eu fiz besteira... - começou Karol.
- O que? - questionou Carolina.
- Eles nos convidaram para jantar depois daqui e eu concordei sem pensar, eu só queria sair dali. - contou Karol.
- O universo te encheu de provas hoje. - constatou Carolina.
- Pelo jeito... mas eu vou conseguir superar, é só eu seguir me esquivando de quem não quero papo. - disse Karol dando a volta por cima nos pensamentos.
Depois dali, como combinado foram ao restaurante, se juntaram com mais uma turma de umas 12 pessoas. Alejandro virou o fotógrafo da noite, tirou varias fotos do grupo, mas ele percebia em cada foto o quão Karol e Ruggero estavam completamente incomodados e desconfortáveis.
Terminada a saga de fotos, foram sentar para jantar, por sorte Carolina havia sentado no final da mesa, mantendo a filha longe de quem ela não queria nem ter que dividir o ar.
Mais tarde depois de comerem e conversarem bastante com as pessoas da mesa, Karol se levantou para ir no banheiro.
Jorge o duo dinâmico de Ruggero que também estava presente, percebeu que seu amigo acompanhou Karol com o olhar em todo o trajeto até ela entrar no banheiro, ainda que o local estivesse cheio.
- Porque não vai falar com ela? - perguntou Jorge.
- E falar o que? - retornou Ruggero.
- O que ta engasgado aí desde a hora que você a viu. - foi claro Jorge.
- Não posso, tem a Camila. - disse Ruggero.
- Ela esta aqui? Não! - seguiu Jorge.
- Mas... - começou Ruggero.
- Vai continuar fugindo e ficando em uma relação cômoda até quando? Irmão Karol esta aqui, e ela vai mexer com você sempre, você pode ficar aqui o próprio Bob Caladão, ou pode ir atrás dela e ter uma noite diferente da que tinha planejado. - foi objetivo Jorge.
- Ela nem sequer olha pra mim... - pensou alto Ruggero.
- Ah e esse é o problema do Ruggero Pasquarelli, irmão, levanta e vai, aproveita que a mãe dela tá distraida. Do lado da entrada do banheiro tem a escada de emergência, vai logo, ela não vai ter pra onde ir. - induziu Jorge.
Ruggero pensou alguns segundos se levantou e foi até o corredor do banheiro, ficou apreenssivo e trêmulo, o que ele sentia por ela ainda era tão forte quanto a sete anos, seu coração pulsava em cada celula do seu corpo, ele nem sabia como iria reagir a hora que ela viesse.
Karol terminou sua necessidade, fez a higiene das mãos, as secou e saiu do banheiro distraida, quando olhou pro corredor o viu, ficou paralisada.
Ele a viu o olhando, tentou mas não conseguiu olha-la nos olhos, estava ofegante, em um rompante foi até ela, a puxou pela mão e a levou para a escada de emergência, ela estava tão atônita que não conseguiu controlar seu corpo para não ir.
Karol estava ali, encurralada na quina do patamar da escada, com ele a sua frente, ela olhava pra baixo, estava mexendo as mãos sem parar, ele se aproximou dela, a tocou no queixo levantando o seu rosto, quando seus olhos se encontraram,  em segundos ele a invadiu com o olhar intenso e devorador. Ela lutava internamente pra conter o gatilho, até que ele a beijou, os flashbacks vieram como centenas de páginas abertas em um navegador, quando ela deu por si, ele já estava abraçado a ela a encostando no corrimão. Karol travava uma batalha interna e externa, queria fazer ele parar e sair correndo, ao mesmo tempo a saudade contida vinha a tona. Ele por sua vez não a deixava nem respirar, nem ele mesmo, ele não queria pensar apenas seguir o que seu corpo implorava em cada microscópica parte desde o momento que a viu, exatamente como na primeira vez.
Em um movimento rápido, a levantou a colocando sentada no corrimão ficando mais grudado a ela, que seguia ainda tentado primeiro respirar, depois se desvencilhar dele e fugir, mas ainda tinha o outro lado que queria que ela ficasse, era confuso e perturbador lidar com toda a situação.
Derepente ele a soltou, o que permitiu que ela inalasse ar sonoramente, mas antes que ela dissesse alguma coisa, ou reagisse, ele a pegou no colo a colocando em seu ombro e desceu a escada, tudo que ela conseguiu fazer foi brandar com ele:
- Ruggero!!! Me solta!!
- Você vai comigo! - exclamou ele seguindo a escada.

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