Entrou de rompante no seu quarto apressando-se a fechar e trancar a porta logo depois. Levou as mãos ao cabelo e deu voltas e voltas ao quarto completamente alienada e nervosa com o que se passara à instantes atrás.
Como é que pode esquecer o facto de que ele era o rei? Pior, como pode se esquecer de que ele era casado e que a esposa era pior do que o demónio? Agora é que estava metida num sarilho, e dos grandes!- E agora, e agora?! Quando ela souber, porque com certeza ela vai saber, vai esfolar-me, estripar-me, esquartejar-me e sabe-se lá mais o quê! Não! Ela não vai saber, basta agir como se nada tivesse acontecido, assim ela não descobre. - disse Fiona sem saber se acreditava ou não no que dizia.
Ainda estava alienada com o que aconteceu, foi tudo tão breve mas tão intenso. Não sabia o que pensar ou o que sentia, era tudo tão confuso que não era capaz de organizar as suas ideias e sentimentos, se é que os tinha. Nem isso sabia sequer!
Retirou o vestido e o espartilho, vestiu a camisa de noite e deitou-se puxando as cobertas até ao pescoço aconchegando-se a sí e à sua alma agitada.
No escuro do quarto, já com a roupa de dormir, Louis continuava inquieto a pensar em Fiona e no que aconteceu. E pensava ele que ela se mostraria recetiva às suas atitudes, ela até correspondeu quando a beijou, ouviu com deleite o seu arfar, os seus gemidos, e como ela o agarrava, tudo isto para ela no final o rejeitar e fugir. Será que ela se sentiu intimidada? Ou arrependida? Era tudo o que queria saber.
Desde que ela atravessou as portas do palácio que ele nunca mais teve nenhuma amante no seu quarto nem na sua vida, dispensou-as pois não queria nenhuma outra mulher quando já tinha uma na cabeça. Mas que Fiona não pensasse que desistiria só porque ela o afastou, porque sem dúvida alguma não o faria. Conseguia ser persistente quando queria algo e nunca desistia, e com certeza não era agora que iria mudar.
A sua apresentação na corte seria amanhã, com isso algumas coisas mudariam, se já aqui os homens a olhavam com cobiça então imagina como os nobres e cortesãos a olharão, olhá-la-ão como quem olha para uma deusa, uma jóia rara, um objeto valioso e exótico. Quem sabe se um deles acaba por encantá-la e cortejá-la? Ou por pedí-la em casamento? E se ela aceitar? E se não aceitar? Eram tantas as perguntas e não tinha resposta para nenhuma.
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A Rainha Camponesa
Narrativa StoricaA revolução do coração já começou. O medo da morte e o desejo proteger a família valem qualquer risco. Era com este pensamento que Esteban Rodríguez decidiu que a melhor coisa a se fazer naquele momento crítico pelo qual passavam, era fugir...