Louis fitou a esposa encarcerada na cela com fúria no olhar. Se não tivesse um pouco de humanidade no seu coração trataria ele mesmo de a matar, mas não o faria, pelo menos não agora.- Tira-me daqui Louis! Eu exigo que me soltem! - bradou Kira agarrada às grades da cela.
- Não estás em posição de exigir nada, e estás com sorte por não ter dado a ordem da tua execução assim que fosses encontrada. - disse Louis com o semblante sombrio.
- Terias coragem de matar a tua própria esposa? - perguntou Kira ultrajada na esperança de amolecer Louis.
Só aquela palavra já lhe deu a volta às
vísceras tamanho o incómodo provocado. Ela era matreira mas Louis não era parvo, e certamente não cairia nos seus joguinhos.- Se tudo correr como eu espero em breve deixarás de ser minha esposa e rainha. Espero que gostes da cela pois passarás aí um bom tempo. - deixou trespassar toda a frieza que conseguiu apenas com aquelas palavras e retirou-se das masmorras.
Kira gritou e barafustou mas Louis não se virou uma única vez. Enlouqueceria naquela masmorra, era para estar no quarto com Louis e não numa maldita cela longe dele. Nada correu como esperava, era para ele a receber de braços abertos agora que a maldita Fiona estava longe, viveriam como marido e mulher e teriam muitos filhos, loiros como o pai. E tinha esperança que isso acontecesse.
Louis entrou no quarto e suspirou, mal podia esperar que o papa lesse a sua carta e anulasse o casamento, mais simples seria fazê-lo visto não ter sido consumado. Só faltava o consentimento do papa.
Mas a sua felicidade não seria plena só com o término do casamento com Kira, havia outra parte que no momento estava fora do seu alcance, algo que com a falta que lhe fazia deixava um vazio no seu coração, uma parte que ficaria por preencher.
Deitou-se na cama de costas para o colchão e fitou o teto com a mente a divagar. Se a tivesse deixado ficar a esta altura ela poderia estar morta, mas ao ir partiu o seu coração em vários pedacinhos e passou a sentir fortes pontadas no peito tamanha era a saudade que sentia dela. Só ela o fazia feliz, só ela o preenchia por completo e trazia felicidade à sua vida.
Passaram-se apenas três meses mas para si era uma vida, eram três meses separados do seu verdadeiro amor, três meses perdidos apenas por ameaças de morte, de desejo de ganância e toma de poder por parte de uns miseráveis de uns revolucionários que não o deixavam em paz de modo algum. Mas apenas se deixou sucumbir à ameaça pois foi um grupo de revolucionários já extinto que matou a sua mãe durante uma emboscada ao palácio. Ela foi apanhada no jardim e morta a sangue frio e por um triz que não a salvou, estava mesmo ao seu alcance mas não foi capaz de a salvar e assim ela acabou por morrer nos seus braços.
Tudo isto passou-se poucos meses após a sua coroação, tinha ele vinte anos, foi na zona noroeste do jardim do palácio de Versalhes, zona esta à qual Louis nunca mais foi, já passados cinco anos. Ao receber a ameaça de Oliver Bernier reviveu o episódio da morte da mãe, e imaginar Fiona no seu lugar era demais para aguentar, mas ao aceitar entregar-lhe Fiona sentiu-se um covarde mas não conseguiu evitá-lo.
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A Rainha Camponesa
Ficción históricaA revolução do coração já começou. O medo da morte e o desejo proteger a família valem qualquer risco. Era com este pensamento que Esteban Rodríguez decidiu que a melhor coisa a se fazer naquele momento crítico pelo qual passavam, era fugir...