O salão principal do palácio estava apinhado de nobres e cortesãos, todos a conviver e a mostrarem a sua posição austera e poderosa uns aos outros, como se todos fosses melhores uns que os outros mesmo quase todos pertencendo à mesma classe social. Quanto aos cortesãos, estes mostravam o que não eram e procuravam afirmar-se ainda mais na corte e ganhar conhecimento, poder e prestígio, mesmo sabendo como eram vistos e julgados em segredo.
Fiona circulava por entre as pessoas e recebia todo o tipo de olhares, simpáticos, corteses e até de repulsa e descrença.
Conhecera muitos nobres que a receberam bem na corte e que a olhavam como uma igual, pois por todos eles era conhecida por Fiona de Montbéliard, uma condessa que nem devia ser. Mas ao contrário desses, outros a olhavam com superioridade e indiferença, como se ela fosse um bicho ou uma intrusa, e de certa forma sentia-se como uma.
Desde o episódio da noite passada que não voltara a ver o rei e sentia-se aliviada por isso, não sabia como o encararia e reagiria à sua presença, certamente ficaria nervosa e começaria a tremer como varas verdes e frágeis.
Falou no diabo e ele apareceu, Louis entrou pelas portas do salão atraindo todos os olhares para ele, de respeito e cumprimento pelos homens e algumas mulheres mais respeitadoras e dignas, e maliciosos, cobiçosos, cheios de luxúria e de ambição por parte das cortesãs que no momento mordiam o lábio inferior, suspiravam e o despiam com o olhar. Por outras palavras, controlavam os seus instintos libidinosos e pecadores, sabendo Fiona que elas caçavam a sua diversão para essa noite e que provavelmente o rei estaria no topo da lista de opções.
Observava-o a cumprimentar e conversar com as pessoas, os movimentos e postura puramente monárquicos, treinados e executados durante toda a sua vida davam-se uma postura mais poderosa e atraente, perfeitamente dignas de um rei.
Pegou num cálice de xerez e bebeu um gole, tentando organizar as ideias e procurando uma nova fonte de distração. Ouviu passos a aproximarem-se e olhou de esguelha constatando ser Anastácia.
- Então Fiona, como te sentes com este novo rumo? - perguntou Anastácia com um copo de champanhe na mão.
Fiona fitou algumas das pessoas em seu redor e suspirou tomando um novo gole de xerez em seguida.
- Pouco à vontade, com receio do que virá, mas feliz por finalmente a minha vida estar a endireitar-se. - respondeu.
- Tudo se resolve, e por mais hostil que seja o comportamento de muitas mulheres daqui da corte o melhor que tens a fazer ou é ignorar ou retaliar, nunca mas nunca te encolhas ou engulas as palavras delas se não dás-lhes mais confiança. - advertiu Anastácia. Pouco tempo depois a duquesa retirou-se deixando Fiona sozinha novamente. Voltou a fitar o aglomerado de pessoas, os homens com as suas vestimentas impecáveis e posturas hirtas, muitos deles com o nariz exageradamente empinado. As mulheres com os seus vestidos vistosos e penteados elaborados, avantajados e postura de princesa das arábias, fitando todas a outras com desdém e superioridade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Rainha Camponesa
Ficção HistóricaA revolução do coração já começou. O medo da morte e o desejo proteger a família valem qualquer risco. Era com este pensamento que Esteban Rodríguez decidiu que a melhor coisa a se fazer naquele momento crítico pelo qual passavam, era fugir...