X - Consulta

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Logo após Diana me fazer tomar um banho e vestir umas roupas do irmão dela, ela me levou, ou melhor, me obrigou a ir ao hospital com ela novamente para fazer um checkup geral e ela ter certeza que eu não tinha quebrado mais nada além do meu braço.
Assim que chegamos, Diana explicou para outra moça atrás de um balcão o que eu iria fazer.

— E qual é o seu nome?

— Lucas.

A moça anotou em uma papel preso em uma prancheta.

— Lucas de que?

— Hãããã...Blake. – Acrescentou Diana rapidamente. – Lucas Blake.

— Ok, Lucas. Sente-se e aguarde ali. – A moça apontou com a caneta para umas cadeiras pretas grudadas umas nas outras.

Diana agradeceu a moça e puxou meu braço me levando até as cadeiras. Ela me explicou que na Terra os humanos tinham costume de ter um sobrenome e que eu me chamaria Lucas Blake apartir daquele momento. Apenas concordei com a cabeça, enquanto ela me explicava a história que eu contaria ao médico seria a seguinte: eu estava tentando tirar um gato de uma árvore muito alta e cai de lá. E foi assim que quebrei o braço. Fim da história.
Diana me disse também que eu não deveria sair dizendo aos outros que eu era um anjo, pois poderiam me colocar em um hospício.

— Acho que é isso – Diana respirou aliviada enquanto batia com as mãos nos apoios para braços da cadeira – você entendeu tudo?

Assenti.

— Você vai para o inferno por ensinar um anjo a mentir, Diana.

Diana havia apenas pensado alto, mas por algum motivo meu cérebro escutou apenas “você vai para o inferno, Diana”. Engoli seco e gelei da cabeça aos pés só de pensar nela naquele lugar.

— Ok, Lucas – Diana me tirou dos meus pensamentos – repita a história que você vai dizer ao médico se ele perguntar.

— Gato, árvore, caí de lá, quebrei o braço. Isso é mesmo necessário? Digo, preciso mesmo ir e deixar você sozinha? – Quis me bater assim que a última frase saiu da minha boca angelical.

— Como assim me deixar sozinha? – Ela franziu o cenho.

— É que...

— Lucas Blake? – Chamou uma enfermeira.

Me levantei hesitante e olhei para Diana que ainda me olhava confusa. Não queria deixá-la ali mas não tinha opção.
Segui a enfermeira pelo corredor até ela parar em frente a uma porta e entrar na sala. O lugar tinha uma mesa com uma máquina em cima e mais umas coisas como papeis, canetas e três cadeiras estofadas: uma na frente da máquina e as outras duas atrás. Uma maca, e quadros de anatomia humana.

— Sente-se! – Disse a enfermeira sorrindo. – O médico já vai atendê-lo.

— Obrigado.

— Bonita a moça que está com você. É sua namorada? – Ela estava abaixada mexendo em uma gaveta.

— Não. Ela é...

— Sua missão? – Disse-me ela andando na minha direção.

— O que quer? – Cerrei os punhos.

— O que eu quero? – Ela riu. – Quero a Chave. – O demônio pois as mãos nos meus ombros e começou a fazer massagem.

— Eu não estou com ela. – Mexi o ombro bruscamente a obrigando a parar de me tocar.

— Ah General, nós sabemos que não. – Ela rio e se aproximou do meu ouvido – Mas ELE sabe que você vai encontrá-la.

— Diga a ELE que eu nem sei como é essa tal Chave e mesmo se soubesse ou estivesse sobre posse dela, não a entragaria para ELE.

— Sempre tão arrogante, General... – Ela fez um tom manhoso na voz como se estivesse triste com a minha resposta – mas pense bem, uma moça tão bonita como Diana... acho que não ficaria muito bem como uma de nós, ficaria?

Ainda sentado agarrei o pescoço do demônio com a mão direita. Ela soltou uma risada e eu apertei seu pescoço ainda mais a fazendo parar.

— Annw, ficou nervoso? – Disse com dificuldade.

— Escute bem – me levantei da cadeira sem soltar o pescoço dela – se acontecer alguma coisa com Diana, eu mato você e ELE pessoalmente.

— Então se tocar no nome da humana o nosso General caído fica nervoso, hum?

— Nervoso? Você não me viu nervoso ainda. – Meus olhos brilharam em azul celeste. – Gostaria de ver? 

— Se eu não sair daqui viva, General – apertei ainda mais o pescoço dela – vão matá-la junto com o resto deste hospital.

— E eu vou atrás de vocês um por um. O que foi? Por que não está mais sorrindo? Perdeu a graça, hum? – Fiz o mesmo tom de voz tristonho dela.

— Eu estou falando sério, General. Muito sério. Se eu morrer, ela morre.

Pensei por um momento. Sabia que era mentira, mas não queria arriscar. Deixar Diana sozinha traria consequências e eu sabia desde o início.

— Suma daqui. – Relutante, soltei o pescoço dela.

Ela sorriu e sumiu em uma fumaça negra. Meus olhos ficaram iguais aos de um humano novamente, mas não esperei para sentir as consequências de ter usado meu poder sem ter a graça ainda para sustentá-lo. Assim que o demônio sumiu, sai correndo pelo corredor até a sala de espera para buscar Diana.
Quando finalmente cheguei, estava ofegante e com a visão turva por conta do esforço que eu tinha feito, mas não me importei. Procurei ela pela sala de espera inteira, mas ela não estava lá.
Um demônio apareceu e pediu pela Chave, Diana não estava aonde eu a tinha deixado e a primeira coisa que pensei foi que fui distraído pelo demônio de quinta divisão e que minha missão estava fracassada, eu havia perdido Diana para Lúcifer.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora