XXXV - O previsto acontece

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O céu voltou a ficar limpo novamente. Ninguém mais pareceu perceber que um temporal estava prestes a acontecer, mas então sumiu na mesma velocidade que apareceu. Dyllan olhava para o céu perplexo com o que acabou de ver. Ele abriu a boca para falar, porém interrompeu a si próprio antes de sequer começar a frase.

— Dyllan – disse Diana – o livro que está no carro, pega para mim?

— Pego mas... você está bem?

— Estou. Só pega o livro, tudo bem?

Dyllan deu a volta no carro e abriu a porta do carona tirando o livro, que eu havia esquecido da existência, do banco.

— Desde quando faz isso com o tempo? – Sussurrei para ela.

— Isso o que? Está louco? – Sussurrou de volta.

— Isso com o tempo.

— O que? Eu não fiz nada. – Disse Diana ainda sussurrando.

— Gente... – chamou Dyllan.

— O que aconteceu com você? Perdeu o controle? – Sussurrei de volta para Diana.

— Experimenta ter o Príncipe do Inferno caçando a porra da sua cabeça para ver se você terá auto-controle.

— Já tive coisa pior caçando a porra da minha cabeça.

— Hããã... gente? – Chamou Dyllan novamente.

— Uuuh – Diana levantou as duas mãos em sinal de deboche – me desculpe, senhor anjo procurado.

— Ah, eu desisto de você. Vai, pode se descontrolar de novo. Impulsiva.

— É a senhora sua mãe seu...

— GENTE?!

— O QUE? – Diana e eu falamos em uníssono parando finalmente de discutir sussurrando um com o outro.

— Olhem lá.

Dyllan apontou para o céu. As últimas nuvens cinzentas acabavam de se formar fazendo todos da rua olharem para o céu. Gotas grossas de chuva começaram a cair uma atrás da outra devagar até formarem uma chuva torrencial. Trovões e relâmpagos ecoaram iluminando o céu da antes agradável noite de sábado, dando início a um temporal sem aviso prévio.
Olhei para Diana.

— Para com isso. Se acalma está bem?!

— Parar com o que?

— Diana...

— Lucas, eu não sei do que você está falando.

Estiquei o braço por cima da capota do carro na direção do livro.

— Me da o Livro Dyllan. Agora!

Dyllan me entregou o Livro sem saber o porque do meu nervosismo todo, dizendo que eu precisava de um psiquiatra.
Peguei o Livro e me concentrei nele. Meus olhos brilharam em um tom de azul celeste e o Livro ganhou um brilho branco em volta de si mesmo e sumiu na minha mão. Dyllan me olhou surpreso e passou as duas mãos na cabeça.

— QUE PORRA FOI ESSA?

— DYLLAN, FICA CALMO. – Disse Diana na tentativa inútil de acalmar o irmão.

As gotas de chuva forte escorriam pelo rosto de Diana que precisava gritar sobre o barulho da tempestade para conversar com Dyllan.

— CALMO? VOCÊ VIU ELE... OS OLHOS DELE, VOCÊ VIU?

— Ele é um anjo.

— Arcanjo. – Corrigi.

— Agora não, Lucas.

— QUE PORRA? O QUE?

— Não temos tempo para explicações agora, Diana. Temos que ir antes que...

Uma picape 4x4 vôo na nossa direção. Só tive tempo de empurrar Diana que consequentemente empurrou Dyllan e a picape explodiu. Voei com o impacto da explosão e bati a cabeça no asfalto. O tempo pareceu mais lento ao meu redor. Meus sentidos pareciam estar fora de funcionamento e minha visão ficou turva.

— Onde está a droga da Chave?

— Enfiada no seu rabo angelical. – Cuspi um pouco de sangue.

Lúcifer sorriu, pegou minha cabeça e bateu com força  no chão. Me lembro de ter ouvido Diana gritar meu nome antes de apagar.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora