XX - Juramento

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— Sabemos que você vai tentar... – começou novamente Ezarel.

— Mas não pode evitar. É ela que você vai amar. – Completou Castiel.

— Vocês tem noção do que fizeram, meninos? Vou voltar para casa quando terminar a missão. Não vou... não vou ficar aqui na Terra com ela.

Mais uma vez, eles se olharam e riram tapando as bocas com as mãozinhas.

— Uma missão nos foi dada...

— E a missão foi cumprida...

— A partir de hoje...

— Diana será o amor da sua vida.

Quis fazer mais perguntas, mas o meu tempo com os cupidos havia acabado. Ezarel e Castiel se levantaram do banco, deram as mãos novamente e sairam andando. Na metade do caminho eles se viraram para mim balançando as mãozinhas ascenando. Acenei de volta e eles sumiram em um brilho dourado.
Não sabia onde meu pai chegaria ou queria com isso mas minha cabeça já estava explodindo de tanto pensar naquilo.
Quando sai do parque, o céu já tinha assumido tons de rosa e laranja e o sol começava a se por. Cheguei um pouco antes das 18h na floricultura e parei na fachada. Algo estava errado. A porta estava entreaberta mas a plaquinha de "fechado" estava a vista.
Respirei fundo e tentei conjurar Mortalha rezando para que pelo menos esse poder eu ainda tivesse. Senti o sinto da bainha se fechar no meu peito, então levei a mão acima do ombro e a tirei da bainha. Com Mortalha em punho, entrei no estabelecimento.
Flores e vasos estavam quebrados e espalhados pelo chão, as prateleiras estavam quebradas e o celular de Diana (objeto pelo qual ela nunca desgrudava) estava jogado no chão, perto da porta. No momento em que peguei o celular, tive uns fleshs do que aconteceu.
Primeiro, um demônio entrou na floricultura e se fez pasar por cliente. Diana foi muito atenciosa com ele sem nem se dar conta do que estava na frente dela. Depois, quando Diana estava embrulhado a flor, ele atacou. Ela chutou, gritou, esperneou, se debateu e até acertou um soco no cara, mas ele deu uma coronhada na cabeça dela com o cabo da espada a fazendo perder a conciência. Em segundos os dois sumiram em fumaça negra.
Respirei fundo ainda de olhos fechados. Não podia a ter deixado sozinha. “O senhor precisa protegê-la” as palavras de Muriel ecoaram pela minha cabeça como um lembrete de que eu havia falhado.
Ouvi passos a minha direita e quando eles ficaram próximos de mim o suficiente, abrir os olhos e rapidamente apontei Mortalha na direção dos passos.

— Eu disse que vim ajudar.

Ele estava com os dois braços levantados em sinal de rendição.

— Agora não, Rafael.

— Escute, General: sei quem esta com ela. E não é Lúcifer. Não ainda.

— Mas era um...

— Demônio? – Completou Rafael.

— Como sabe? 

— Porque eu o vi chegando.

— E você não empediu?!

A lâmina de Mortalha começou a pressionar levemente o pescoço do meu irmão e um filete de sangue dourado surgiu manchando sua camiseta branca.

— Você sabe as ordens. Não posso me envolver. Não diretamente.

— Quem? – Pressionei a lâmina com mais força.

— Uriel.

— Onde?

— No parque em que você caiu.

Abaixei a lâmina e o pescoço de Rafael se curou quase que imediatamente.
Uriel tinha passado dos limites. Talvez ele quisesse só fracassar minha missão e fazê-la ele mesmo só pelo crédito ou talvez estivesse trabalhando com ou para Lúcifer. Não me importava. Ele tinha conseguido estourar o limite da paciência que eu não tinha. Jurei a mim mesmo quando estava saindo da floricultura que Uriel morreria aquela noite. Teria a cabeça dele cravada na própria lança.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora