Ficamos nos olhando por um tempo. Diana me olhava fixamente como se estivesse tentando achar a coisa certa para me dizer.
O café da manhã já não era mais tão apetitoso assim.
Assuntos que envolviam o Céu ou o Inferno, conseguem deixar qualquer um sem apetite. Inclusive nós, que íamos lidar com isso bem de perto.— E como resolvemos isso? – Disse ela finalmente.
— Vai ter que ser do jeito mais difícil.
— Você não quer dizer matar o Satã, não é?
— Na verdade... sim.
— Eu sempre achei que quando você falava "derrotar" você queria dizer prendê-lo em alguma jaula feita especialmente para prender Arcanjos.
— Não. Com derrotar eu quis dizer matar mesmo.
— Lucas você...
O celular de Diana tocou. Ela atendeu e colocou no viva voz.
— Hey, maninho!
— Vocês já ligaram a Tv hoje?
— Não. Dyllan aconteceu alguma coisa?
— Liga a Tv.
Diana pegou o controle e ligou a Tv. O noticiário mostrava focos de incêndio, pessoas correndo e carros capotados. Além de prédios e patrimônios públicos destruídos.
"...Estamos ao vivo do centro de São Francisco e o caos se instalou por aqui. As autoridades desconfiam que seja um ataque terrorista mas..."
Um carro voou na direção da repórter e de repente a emissora voltou a transmitir o estúdio com o apresentador âncora completamente paralisado.
— O que foi isso?
— Lúcifer. – Falei rangendo os dentes.
— Você acha que...
— Tenho certeza.
— Espera, vocês estão falando do Lúcifer bíblico? O que foi expulso para o inferno?
— E meu irmão mais velho. Sim, ele mesmo. Preciso ir até lá antes que...
Gritos invadiram meus ouvidos. Gritos altos, de desespero, gritos de pessoas pedindo socorro, gritos de pavor. Levei as mãos a cabeça tapando as orelhas e de repente tudo para. O silêncio toma o lugar dos gritos. Diana tenta falar comigo, mas eu só a vejo mexer a boca. E então minha cabeça começa a doer (o que não é nenhuma novidade). Uma dor tão grande que tive vontade de arrancar meu próprio cérebro. Uma risada rompe a dor. Uma risada de escárnio preenche minha cabeça. Logo depois posso ouvir meu irmão.
— Você os viu? Os ouviu? Isso é o que os cidadãos de São Francisco vão ouvir e sentir se você não me trouxer o Livro e o receptáculo. Posso enlouquece-los, Lucas. Deixá-los loucos pouco a pouco, um a um. Posso destruí-los lentamente de dentro para fora, fazê-los sofrer...a não ser que você os salve. Uma vida pela de milhões. O que você escolhe, irmãozinho?
— S-sai... da minha cabeça!
Diana tentava desesperadamente falar comigo, mas tudo o que conseguia era me chacoalhar.
— Você pode salvá-los, Lucas. Salvar todos eles. É só me entregar o Livro e o receptáculo.
— N-nunca! – Consegui dizer.
— Então escute bem o que eu vou te falar, caçulinha. Se você não vier me entregar meus dois pacotes, vou dizimar toda a vida em São Francisco. Depois em Los Angeles, Las Vegas, Nova York, Canadá...vou destruir cidade por cidade, estado por estado, país por país levando várias almas inocentes comigo no processo. Vou ter minha revolução, o meu império de qualquer jeito. Mas você pode salvar milhões de vidas, impedir milhões de mortes se me entregar o que eu estou pedido. Você sabe onde me encontrar. E é melhor se apressar, porque quanto mais você demora mais inocentes morrem.
A dor diminuiu e eu caí de joelhos no chão da cozinha começando a ouvir a voz de Diana abafada e longe. Demorando um pouco para voltar a mim novamente.
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Anjo Meu
Fantasi🔹TRILOGIA ANJO MEU - LIVRO I🔹 "[...] ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os qua...