LIX - Dispensei uma pizza

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Fui até o ponto onde eu e Gabriel costumávamos olhar os humanos. Me concentrei em Diana e pude vê-la. Ela estava de pijama, vendo um filme de drama, comendo todos os chocolates que podia e chorando muito. Não conseguia acreditar que nunca mais poderia tocá-la, nunca mais poderia vê-la.

— Eu sei no que está pensando.

— Então sabe que eu vou até lá.

— A palavra ordem não tem nenhum valor para você?

— Não posso deixá-la sem respostas, Gabriel.

— Não pode deixá-la sem respostas ou não pode deixá-la?! – Gabriel se pois ao meu lado e olhou para Diana. – Você a ama não é?

— Muito. E isso é crueldade dele. Deus não pode fazer isso, ele não pode me proibir de amar.

— Nosso pai...

— Seu pai. – Corrigi com amargura na voz. – Não posso chamá-lo de pai se ele não me  deixa estar lá, com ela. – Gabriel respirou fundo e fitou a imagem de Diana por um momento.

— Deus está preocupado com uma coisa que Laurel disse muito tempo antes de você nascer.

— Que seria...?

— Lauriel tinha visões. Era a única que podia prever o futuro. O único anjo capaz de fazer isso. Antes de morrer nos braços de Deus, ela lhe disse que um Nefilim nasceria da união de um Arcanjo e uma humana com sangue de demônio correndo nas veias, uma Baalihan. O ser mais poderoso do universo. Um ser cujo os poderes se igualam ou são mais fortes do que os de nosso pai.

— Você acha que...

— Deus tem suas suspeitas. Para mim não há dúvidas, o Nefilim irá nascer. Nem mesmo Deus pode mudar o futuro.

Olhei a imagem de Diana por um instante e a imaginei com uma criança nos braços. Quase sorri ao imaginar a cena.

— Ainda quer vê-la depois de ouvir tudo que ouviu?

— Mais que tudo.

— Então vá. Eu invento alguma coisa. – Olhei para Gabriel incrédulo. – Use o portal que usávamos para comprar doces mortais e pelo amor que você tem por ela, não seja visto.

Olhei para Gabriel com gratidão e comecei a me afastar dele mas ainda pude ouvi-lo murmurando para si mesmo:

— Vou acabar no Inferno junto com ele um dia.

Sai correndo as pressas para A Fonte de Josué. Na árvore gigantesca um pouco mais a frente, tinha um portal para o mundo mortal. Uma passagem pra ver Diana.

***

Bati na porta com impaciência. Estava louco para vê-la. E caso você esteja se perguntando sobre as minhas asas, eu as ocultei. Anjos tem a opção de mostrar ou não as asas e no momento, eu não estava com nenhuma vontade mostrá-las.
Ouvia voz de Diana gritando da sala:

— Se a pizza estiver fria de novo eu vou reclamar com seu... – ela abriu a porta – chefe.

— Por favor, não diga ao meu chefe que eu não trouxe a pizza. – Sorri.

— O que você está...

Uma moto parou e um cara desceu dela com uma bandeja de papelão nas mãos.

— São 27 dólares.

Entregou o dinheiro que segurava ao cara e pegou a pizza. Ele saiu logo em seguida.

— Quer pizza? – Perguntou ela.

— Não, mas posso entrar?

— Lucas, eu não sei se....

Dei dois passos a frente e encostei minha testa na dela enquanto abraçava sua cintura. Nossas respirações se confundiam.
Diana fechou os olhos.

— Não pense que parei de pensar de você um só minuto. – Sussurrei. – Enquanto estava lá, só pensava em um jeito de ver você.

— Não quero que você vá outra vez. – Disse ela levantando a cabeça para me olhar.

— E eu não quero ter que ir mais uma vez.

— Pode ficar agora? Pelo menos um pouco?

— Foi para isso que eu vim.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora