XLV - Nós não vamos "bater em retirada"

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— O que? Acha que eu estava mentindo como você?

— Fica quieta, Diana.

— Como você pode fazer isso? – Ela me olhou com uma mistura de raiva e tristeza.

—  Só fica quieta, ok?

Eu precisava que ela criasse uma distração convincente, Lúcifer não era idiota – por mais que parecesse. – Por isso não disse nada a ela.
Diana começou a me xingar se debater com mais força. Muita força. Lúcifer ria prevendo a vitória eminente. Diana inconscientemente, fez uma labareda de fogo atingir um carro perto  o suficiente de Lúcifer. E quando se junta gasolina vazando e fogo, se tem um grande BUUM! E era exatamente isso que eu precisava. Uma distração. Quando ele desviu o olhar para a pequena explosão, empurrei Diana o mais longe que consegui, fechei a mão – escondendo o Livro novamente - e conjurei Mortalha. Quando a espada apareceu na minha mão, desferi um golpe contra Lúcifer. A boa notícia: Mortalha tinha feito um corte do peito ao abdômen dele. A má notícia: não foi fundo o suficiente para matá-lo ou deixá-lo incapacitado. Só serviu para deixar o Diabo bravo. Ele abriu as asas de demônio – grandes asas negras com chifres afiadíssimos nas pontas da mesma cor – e lá do alto, ele gritou. Um grito grotesco e mostruoso que não cabia a um anjo, mas sim a um demônio. No mesmo instante do grito, criaturas emergiram da terra. Muitas delas. Centenas delas. Diretamente do inferno. E foi ai que eu soube que eu estava certo. Minha ideia com certeza me mataria.
Diana se aproximou de mim cautelosamente com as gêmeas, Caríbds, em punho.

— É claro que ele tem asas – murmurei para mim mesmo – ele tinha que ter.

— Lucas, você não...

— Eu nunca faria isso. Mas precisava que você criasse uma distração.

— Me usou para explodir um carro? Por que simplesmente não me pediu?

— Você conseguiria se eu pedisse?

— Eu não... acho que...

— Diana eu...

Lúcifer gritou mais uma vez e suas criaturas avançaram contra nós. O clima se mantinha instável, o que significava que Diana ainda estava brava. O que era bom e ruim. Não tive tempo de pensar no assunto. Em questão de minutos os demônios avançaram contra nós. Diana e eu nos colocamos um de costas para o outro e começamos a matança. Um a um eles foram explodindo em fumaça negra. Porém, quanto mais eu e Diana os matava, mais deles surgiam.

— São muitos – gritou Diana enquanto enfiava as gêmeas, Caríbds, nas têmporas de um demônio – vamos acabar morrendo.

— O que quer fazer? – Empalhei um demônio pelo abdômen. – Correr?

— O termo correto é "bater em retirada."

— Não vamos "bater em retirada."– Anunciei. –Nunca fiz isso e essa não vai ser a primeira vez.

Enquanto eu e Diana discutíamos se devíamos ou não bater em retirada,  feixes de luz azul romperam o céu tempestuoso. A surpresa foi tanta que até os demônios recuaram e pararam de atacar. Um a um, centenas de anjos com suas armaduras de ouro celestial  desceram no campo de batalha (por assim dizer), trazendo o estandarte da Guarda Celeste, da MINHA Guarda Celeste junto.

— É – disse Diana olhando para o céu – acho que não vamos bater em retirada.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora