XIII - Pausa para o almoço

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Após expulsar Rafael, fechei a porta da floricultura novamente e coloquei a plaquinha de "fechado". Me apoiei no balcão do caixa ao lado de uma orquídea e fiquei pensando em como Uriel tinha conseguido tudo o que conseguiu e porquê.
Eu precisava perguntar qual a finalidade disso a meu pai. Fechei os olhos e me concentrei. Estava começando a sentir as pontadas na cabeça mas uma voz familiar me tirou a concentração.

— Você está atrasado.

As pontadas sumiram, eu abri os olhos e me virei. Diana estava parada atrás de mim, com um vestido longo florido batendo o pé repetidamente no chão.

— Muito atrasado.

— Não consegui acordar a tempo, desculpe.

— Tudo bem – ela parou de bater os pés e sorriu – sabia que isso ia acontecer. Você ficou um pouco... bêbado ontem. O que aconteceu, ouvi você gritando da sala dos funcionários.

— Uriel.

— O que tem ele agora?

— Está com o comando da MINHA guarda.

— C-como ele...?

— Eu não sei. Estava indo perguntar pessoalmente.

— Tudo bem anjinho, você pode ir perguntar pessoalmente em casa e não na minha floricultura. Vai que alguém veja você com os olhos brilhando. Isso seria difícil de explicar.

Anjinho? Pensei. Diana me chamou de anjinho? Anjinho?

— Anjinho? – Ergui uma sombrancelha.

— Vamos almoçar fora hoje. Eu pago. – Disse ela ignorando completamente minha pergunta. – Por que está parado ai ainda? Anda, anjo.

Ela andou na direção da porta, a abriu e saiu. Dois segundos depois ela voltou e fez um sinal com a cabeça em direção a rua. Revirei os olhos e a segui.
Descendo as ladeiras da rua Hayes, contei a Diana tudo o que Rafael tinha me dito. Ela franzia o cenho enquanto ouvia e digitava alguma coisa no celular.

— Você ouviu o que eu falei?

— Sim. Ele veio até aqui para oferecer ajuda, mas por que?

Ela continuava digitando e andando sem prestar atenção na rua. O sinal fechou, Diana não percebeu e iria atravessar a rua assim, sem nem prestar atenção nos próprios passos, então tive de segurar o braço dela a fazendo voltar para trás, evitando que ela fosse atropelada. De novo.
O sinal abriu.

— Isso não me parece bom. – Ela guardou o celular no bolso da jaqueta jeans como se nada tivesse acontecido.

— E não é. Preciso investigar isso.

— Pode ser depois? – Ela fez seu melhor olhar pidão. – Estou morrendo de fome.

Diana parecia uma criança quando estava com fome. Fazia bicos, caretas e no pior do casos ficava emburrada, então, simplesmente, assenti. Na mesma hora ela agarrou meu pulso e não pude deixar de sorrir enquanto era arrastado para dentro de um lugar chamado Chez Maman.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora