XXXVIII - Você não é apenas minha missão

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Me sentei no sofá esperando Diana aparecer na sala com a maletinha de primeiros socorros dela. Não demorou muito até ela chegar e se sentar ao meu lado. Diana colocou a maleta na mesinha de centro e pegou uma bola de algodão juntamente com um frasquinho branco com um líquido transparente dentro. Ela jogou o líquido no algodão e se virou para mim.

— Obrigada por salvar meu irmão. Sua missão sou eu, não ele. – Ela movimentava o algodão suavemente pelo corte.

— Gosto dele. Você não tem que agradecer.

— Tenho sim, sua missão é...

— Não penso em você como uma missão.

— Pensa como então?

Diana voltou a mexer na maleta de primeiros socorros e eu sabia que o momento com ela estava chegando ao fim. Precisava prolongar isso, mesmo que fosse apenas por mais alguns minutos.
Pressionei o corte com o indicador não demorou muito para voltar a sangrar novamente.  Logo em seguida abaixei a mão como se nada tivesse acontecido.

— Penso como...

— Como?

— Como uma garota mandona, teimosa, descuidada e completamente impulsiva.

— Já disse que não sou teimosa. – Ela riu.

— Já está sendo. – Sorri.

Diana finalmente percebeu a gota de sangue escorrendo pela minha testa. Rapidamente ela colocou mais um pouco do líquido em outra bola de algodão e começou a limpar o corte outra vez. Observei Diana enquanto ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os quais Diana tinha o T.O.C de morder a parte inferior a cada 5 segundos, igualzinho como ela fazia naquele momento, me deixava completamente louco e com uma vontadequase incontrolável de beijá-la. 
Perdido em meus desejos trancados e meu corpo tomando a vontade do meu subconsciente, por impulso segurei gentilmente o pulso dela. Diana abaixou o braço e me olhou com os olhos confusos.

— O que foi?

— Já teve vontade de fazer algo que não deveria?

— Já senti vontade de explodir meu antigo trabalho.

— Não – sorri – digo em relação a alguém. Já teve vontade de fazer algo com outra pessoa, mas teve medo das consequências que isto poderia causar depois?

— Já. Umas duas vezes. Por que?

— O que te impediu?

— Sinceramente? – Diana olhou fixamente nos meus olhos. – Medo de perder.

— Perder o que exatamente?

— A pessoa. Medo de vê-la ir embora e não poder fazer nada para impedir. E você? O que te impede de fazer o que tem vontade?

— Medo também. Medo de ir embora e ter que deixar a pessoa aqui.

Deslizei minha mão do pulso dela até a mão de Diana. Ela me olhou com surpresa e eu achei que ela fosse me dar um tapa ou algo do tipo, mas ela fez algo que me surpreendeu: entrelaçou seus dedos nos meus. Ela olhou para nossas mãos e logo em seguida voltou a olhar nos meus olhos.

— Menti para você. Não foram apenas duas vezes. Foram mais. Muito mais. E você?

— Perdi as contas de contas vezes me segurei para não fazer o que tive vontade.

— Você está se segurando agora, Lucas?

Meu cérebro havia parado de funcionar, sentia meu coração bater rápido demais e tinha a maldita certeza que ela havia percebido que eu gostava dela. Não conseguia mais negar para mim mesmo o que Diana me causava, não queria mais esconder.

— Você não sabe o quanto. Toda vez que você está perto assim eu... sei lá, me sentir esquisito.

— Em relação a que?

— Em relação a você.

Desviei meu olhar para a maleta de primeiros socorros.

— Sinto tanta vontade de... – olhei para os olhos dela novamente – te beijar.

Coloquei a mão em seu rosto e nossos olhos se encontraram por um momento. Eu a puxei para mais perto, eu precisava fazer aquilo, então a beijei. Os lábios carnudos e macios de Diana se encontraram nos meus dando início a um beijo calmo e ritmado que me fez querer parar o tempo.
Mas eu não podia. Não podia misturar a missão com... com o que eu estava sentindo por ela, mesmo que não quisesse mais ignorar o que eu estava o sentindo, o que os dois sentiam. Tentei me levantar, mas Diana segurou meu braço, então me sentei novamente.

— Eu sei que não deveria e eu tentei. Juro que tentei não sentir. Mas me sinto estranho quando você está perto, e mais estranho ainda quando não está. Você faz eu me sentir...

— Diferente? – Sugeriu.

— Exatamente. Eu sei que vou voltar para o céu algum dia mas...

— Lucas? – Interrompeu ela.

— O que?

— Você fala demais quando está nervoso.

Ela encostou seus lábios nos meus novamente. A sensação era ainda melhor do que da primeira vez. O beijo aumentou de ritmo e começamos a nos beijar com mais voracidade, o que me deixou um pouco quente.
Diana parou o beijo aos poucos e se levantou me puxando junto. Segurei a cintura dela e a trouxe para mais perto, colando seu corpo ao meu e dando início ao beijo voraz novamente.
Tirei o casaco dela jogando em um canto qualquer no tapete da sala. Ela começou a andar para trás em direção ao corredor. Peguei Diana no colo e a encostei na parede desviando minha boca para o seu pescoço. Ficamos ali por uns minutos trocando beijos e carícias até eu a pegar no colo novamente e a levar para o quarto.
Deitei Diana na cama arrancando a minha camiseta e a dela, mordi seu pescoço o que fez Diana se contorcer um pouco e soltar um gemido baixo. E foi ali que eu soube, que a noite seria boa.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora