LI - Beco sem saída

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Matar Lúcifer estava no topo da minha lista de afazeres. Tudo que eu queria era empalhar meu irmão mais velho como um animal.
Assim que me afastei relutante de Diana, sai na direção da Golden Gate.
Até Lucas voltar, disse Diana. Não quero ser curada. Não entendia como ela podia ser tão teimosa e cabeça dura, mas esse era o seu livre-arbítrio. Se nem mesmo Deus, meu pai, pode interferir nisso, nós anjos também não. Isso me deixava bravo. Queria salvá-la, mas não podia. Minha única escolha era matar Lúcifer e voltar para ela. Considerando que Lúcifer não era um cara nada fácil de se enfrentar, essa seria uma tarefa bem difícil. Mas eu teria que fazer rápido. Se eu não o matasse, Diana morria. Se eu o matasse, mas não rápido o suficiente, Diana morria. Eu estava em um beco sem saída.
Enquanto voava o mais rápido que podia na direção de Lúcifer, imerso em meus pensamentos e angustias, avistei uma mancha vermelha voado por entre as nuvens densas da tarde de domingo mais desagradável da minha vida.

— Lúcifer! – Gritei.

Ele parou e se virou para mim. Abaixo de nós, a ponte Golden Gate, exibia toda a sua grandiosidade vermelha repousada em um mar calmo e tranquilo.

— Eu fiz uma promessa, lembra? Agora seja um animal bonzinho e venha até aqui. – Chamei agitando Mortalha no ar.

Lúcifer veio como uma bala na minha direção. Fechei os olhos por um segundo e quando os abri, eles brilhavam em azul. Mas não o azul celeste como de costume, o azul mais escuro, mais perverso. Meus olhos só assumiram esse tom uma vez: quando briguei com Uriel na festa de comemoração em homenagem a mim: o anjo que conquistou o Purgatório. Esse tom de azul só assumia quando eu estava bravo. Muito bravo. O que infelizmente para Lúcifer, era o caso.
Nós trocamos: socos, chutes, pontapés... todo tipo de agressão corporal que você pode imaginar. Mas depois de uns minutos fazendo isso, percebi que não chegaríamos a lugar nenhum e eu só estava perdendo tempo. Precisava acabar com aquilo logo, então deixei a raiva me conduzir.
Desferi golpe atrás de golpe, tão rápidos e precisos que Lúcifer só tinha tempo de bloquea-los.

— Já chega de brincar com você, irmãozinho.

Lúcifer contra-atacou meu golpe com Mortalha e cravou a lâmina de aço negro na lateral da minha barriga. Levei a mão ao ferimento por impulso e esse foi meu erro. Lúcifer me agarrou pelo pescoço e olhou no fundo dos meus olhos.

— Você até tenta. – Ele apertou meu pescoço com mais força. – E você até engana, mas não a mim. Não ao Diabo.

Ele riu e me atirou com uma força sobre-humana na direção da ponte. Enquanto caia em queda livre, decidi que eu, definitivamente, odiava os domingos.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora