XXXII - Você está aqui

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**5 HORAS ANTES**


Los Angeles nos recebeu com uma chuva fina ao cair da noite.
O Museu estava fechado, o que seria bom para localizar o Livro e sumir dali sem deixar rastros.
Diana estacionou o carro um pouco mais afastado do Museu, mas tive a impressão que ela não sabia bem o que estava fazendo.

- Qual é o plano, anjinho?

Olhei para Diana e ergui uma sobrancelha. Ela sabia que olhar era aquele.

- Você não vai... - continuei olhando para ela do mesmo jeito - ele vai. Ai meu Deus, Lucas, você é idiota?

- Você sabe que é o único jeito que eu posso entrar lá sem disparar os alarmes.

- Espera gente...

- Agora não, Dyllan! - Eu e Diana falamos em uníssono olhando para Dyllan e logo em seguida voltamos a nos olhar.

- Ok então. Não está mais aqui quem falou.

- Você chegou todo machucado da última vez.

- Agora é diferente, vai ser rápido.

- E como vai fazer isso se o objeto não é seu, gênio?

- Deixa comigo.

- Argh, se você morrer eu mato você.

- Também amo você.

Pisquei para ela e sorri, o que apenas fez ela revirar os olhos. Logo em seguida troquei de lugar com Dyllan e fui para o banco de trás. No qual me deitei e fechei os olhos.

- O que aconteceu com ele? - Perguntou Dyllan a irmã.

- Acho que ele já foi. - Diana ignorou completamente a pergunta do irmão.

- Foi para onde? Ele está morto?

- Consigo ouvir vocês ainda, galera. - Me sentei repentinamente no banco traseiro.

- PUTA MERDA! LUCAS - Diana passou a mão pelo rosto.

- Preciso de silêncio, gente.

- Ok Dyllan, cala a boca - disse Diana se recuperando do susto - vê se volta inteiro, ta?

- Isso já não posso prometer.

- Espera, onde você vai?

- Estudar história, Dyllan.

Me deitei novamente no banco traseiro e fechei os olhos. Tentei me concentrar no Livro, mas não sentia nada.
"Por favor, pai. Só dessa vez" pedi em pensamento e por um momento agoniante, nada aconteceu. Eu não senti nada, e estava prestes a xingar meu pai quando as pontadas na cabeça vieram mais fortes, as dores foram tão intensas que devo ter feito alguma expressão facial de dor, porque senti Diana segurar minha mão. As pontadas viraram uma pressão muito forte na minha cabeça e então meus olhos abriram revelando o brilho amarelo escuro deles.
Foi o Transporte de Consciência mais rápido que eu já fiz e o mais dolorido também. Assim que me materializei no meio do Getty Center, me apoiei nos meu próprios joelhos e respirei fundo.

- Tenho que parar de fazer esse troço. - Falei para mim mesmo.

Eu estava com dificuldade para respirar, dores pelo corpo e precisava de um tempo para me acostumar com o que tinha acontecido.
Olhei ao redor.
O lugar era imenso. Eu não fazia a mínima ideia de como acharia um livro muito pequeno no meio daquele monte de esculturas e coisas em exposição.
Fui até um mapa localizador desses que diz: "você está aqui" e comecei a estudar o mapa. Eu deveria ter feito o reconhecimento do local antes, mas não daria tempo. Algo estava prestes a acontecer, eu podia sentir isso. Precisava achar o Livro logo e precisava achar antes de Lúcifer.
Andei pelos corredores escuros e frios da sessão, apreensivo embora Mortalha não zumbisse nem se quer uma vez. Sem demônios, sem ameaças. Mas mesmo assim eu estava cauteloso. Deus havia me dado a graça de um Arcanjo com pretexto de que era porque ele precisava dos 7 e blá blá blá, mas não era verdade. Meu pai sabia tanto quanto eu que Lúcifer estava perto, e a qualquer momento poderia atacar. Recebi a graça não apenas porque meu pai não pode perder mais um filho, e sim porque eu precisava cumprir a missão. Diana era o receptáculo perfeito para o caos e sem um protetor, ou com o protetor encarregado morto, a missão falharia e Lúcifer venceria colocando as mãos no primeiro dos seus Cavaleiros infernais.
Enquanto pensava nessa crise que estava prestes a explodir, dei literalmente de cara com uma escultura que parecia ser parte do próprio Vaticano. Um monumento de mais ou menos uns 2 metros de altura, feito de mármore e ouro com quatro pilastras duplas de sustentação. O teto era redondo dourado provavelmente banhado a ouro lembrava bastante o Domo da Rocha em Jerusalém. Nas duas pilastras frontais esculpidas a mão delicadamente em mármore, dois candelabros também banhados a ouro, revelavam no alto a as oito velas - quatro em cada candelabro - em um dourado mais suave. A frente das pilastras duplas, uma cerca baixa também de mármore com detalhes entalhados a mão exibia majestosamente um palanque também de mármore com uma espécie de cruz esculpida a mão em mármore vermelho no centro do monumento. No palanque, aberto no meio, um livro antigo com uma capa de couro marrom e as folhas amareladas se revelava.

- Está de brincadeira comigo... - Falei para mim mesmo rindo sozinho.

Subi a pequena escada de dois degraus até o monumento, ignorando completamente a faixa vermelha de isolamento usada para manter os visitantes do museu apenas olhando. A primeira vista pareceu apenas um livro muito velho com textos escritos em latim. Porém, quanto mais perto eu chegava do Livro, mais Mortalha zumbia. O que significava que era o livro certo. O poder do Livro - ou Chave de Salomão - era tão alto e emanava tanto poder maligno que minha espada quase saltou das minhas costas. Desembainhei Mortalha por puro impulso e a empunhei firme. Estiquei a mão na direção do Livro e hesitei. E se o monumento fosse uma espécie de proteção para o Livro e por isso Lúcifer ainda não o tinha encontrado? Não dava para saber. Respirei fundo e fechei os olhos repousando minha mão esquerda sob o Livro.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora