LXIX - Isso ainda não acabou

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— Seu plano com Lúcifer não funcionou, meu senhor.

— Pelo contrário, funcionou muito bem.

— Co-como...?

— Não queria que Lúcifer vencesse. Ele é um inútil.

— M-meu senhor, ele.. .ele era o Diabo.

— Não. – Um sorriso perverso surgiu nos lábios dele. – Lúcifer era apenas uma criança mimada que não teve o que queria. Um fraco.

— Então para que esses esforços todos?

— O Arcanjo. Era o futuro dele ter sentimentos pela descendente de Caim. E é o futuro dela gerar a criança. Só dei um empurrãozinho para que o destino dos dois se encontrassem.

— O senhor está me dizendo que...

— Sim. Um Nefilim surgirá da união dos dois. Assim como Lauriel previu. Um ser muito mais poderoso do que qualquer outro. Até mesmo mais do que eu ou Deus. A criança que trará a minha glória!

— Ma-mas m-meu senhor, essa criança ela...

— Sim, eu sei. Eu sei dos riscos, minha criança.

— Mas meu senh...

Ele respirou fundo e sorriu. Muriel começou a agonizar sufocante.

— Eu sei o que Lauriel previu, eu estava lá. Sei de tudo o que pode acontecer, mas escute bem: o menino trará a ascensão do inferno junto com seu nascimento. Alguma outra objeção?

Só se ouvia os sons de Muriel sendo sufocada em resposta.

— Ótimo.

Muriel caiu ao seus pés de joelho, com as mãos no pescoço puxando o ar com dificuldade.

— Me desculpe, meu senhor. – Ela continuava de joelhos e com a cabeça abaixada.

— Vamos, levante-se minha querida. – Ele estendeu sua mão para ela.

Muriel segurou a mão de seu senhor e o olhou como se quisesse fazer outra pergunta, mas o medo da tortura a conteve.

— Não fique me olhando assim. Pergunte, criança.

— C-como o senhor sabe que o Nefilim não vai... preferir o lado angelical?

— Muriel minha criança, não faça eu me arrepender de mantê-la viva. Se por algum acaso, um dia eu me decepcionar com você – tochas se ascenderam por toda a sala – faço você desejar ter morrido naquele ataque. Você me entendeu?

— Sim, meu senhor.

Ouvia-se os trovões ribumbando ao longe e o vento violento indicando um temporal.
Sentando ao seu trono, ele via seus demônios tremerem cada vez que ele fazia algum movimento mesmo que inofensivo. Seu terno branco, barba e cabelos grisalhos tentava passar uma imagem calma pacífica, mas seus olhos vermelhos passavam completamente ao contrário.

— Já avisou a ELE, Muriel?

— Nã-não, meu senhor.

Ele voltou o olhar malígno para a janela e respirou fundo.

— Lhe dei muito mais poder do que você tinha, um exército e para que? Você não consegue cumprir uma ordem simples, anjo imprestável.

Ele se levantou de seu trono fazendo Muriel e todos os demônios presentes na sala darem dois ou três passos para trás.

— Vá, criatura inútil. Diga a ELE que seu senhor, Azazel, está voltando. E que a ascensão do inferno está prestes a acontecer.

Muriel assentiu fazendo uma reverência e saiu apressada da sala do trono levando dois demônios com ela para cumprir a vontade de seu mestre.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora