XI - Acho que estamos ferrados

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Me sentei em uma das cadeiras sala de espera, primeiro para pensar no que iria fazer, e segundo porque não estava me sentindo muito bem.
Abaixei a cabeça e levei as mãos até ela, eu estava começando a ficar nervoso e precisava manter a calma. Precisava pensar aonde Diana poderia estar se ela fosse sequestrada por Lúcifer. Onde ele a esconderia? Como iria transformá-la em demônio sem a Chave? Eu precisava de um tempo que eu não tinha e estava prestes a explodir, até eu sentir uma mão no meu ombro.

— Como foi a consulta?

Levantei a cabeça rapidamente ignorando as dores que sentia.

— Onde você estava? – Me levantei ficando de frente para ela.

— Fui comprar café. Quer um? – Ela me mostrou um copinho com tampa.

— Precisamos ir. Agora!

— Nossa, a consulta foi tão ruim assim?

Não tinha tempo e aquele nem era o local para respostas ou explicações, então apenas a puxei pelo braço.

— Ei, o que você está fazendo? Cuidado, meu café!

— Eu disse agora, Diana!

Ela ficou confusa. Tentou me fazer largar o braço dela mais de cinco vezes, mas sem sucesso. Eu a carregaria no colo se fosse preciso, mas não queria mais ficar ou deixar ela ali.

***

— O que foi aquilo no hospital? – Ela dirigia e olhava para mim de vez quando.

— Diana, agora não.

— Aaaah, agora sim! Que merda foi aquela?

Não conte, pensei. Não conte, Lucas! Não conte, Lu...

— Demônios. – Diana freou o carro bruscamente.

— O QUE?

— Demônios, Diana. E vieram atrás de você.

— Tudo bem, é oficial. Eu estou drogada!

— Diana, você não está drogada. Eu vou te explicar tudo mas aqui não.

— Tudo bem – ela deu partida no carro novamente – vamos para casa e você vai me contar tudo. Sem me esconder nada dessa vez.

***

Entrei em casa primeiro e verifiquei cada cômodo para ter certeza que estavamos seguros. A casa estava vazia exceto por nós então eu relaxei um pouco.

— Quando quiser. – Diana afundou no sofá.

Expliquei a ela o que Muriel havia me dito antes de morrer. Contei que Lúcifer organizou o ataque ao Céu procurando a Chave de Salomão e que ele viria atrás da Chave e dela. Contei também, que eu não tinha como recuperar minha graça, que precisaria de uma nova. Claro, que falei tudo isso de uma forma cautelosa; não podia simplesmente falar para ela tudo de uma vez.
Quando finalmente terminei, Diana apenas olhou para mim e disse:

— Por que eu? Porque o Diabo está literalmente atrás de mim?

— Porque você tem… tem sangue demoníaco em você. Algum ancestral seu biológico tem sangue infernal ou é um ser do inferno.

— Espera, o que?

— Demônios são anjos caídos que se deixaram  consumir e não se arrependeram dos pecados cometidos durante a queda, se tornando demônios. – Me sentei ao lado dela. – A muito tempo atrás, nós anjos, tinhamos o costume de nos relacionar com mortais e termos filhos com elas. Os denominados Nefilins.

— E isso era permitido? Vocês não tinha que ser, sei lá, puros?

— Sim, exatamente isso. Por isso foi ordenado matar todos os híbridos e chamar os anjos caídos novamente para o Céu.

— Mas por que matar as crianças? Elas não tiveram culpa.

— Porque elas eram uma lembrança constante e símbolo dos maiores pecados cometidos pelos anjos. O que importa é muitos desses anjos, não se arrependeram dos pecados e tiveram remorso ao matar suas próprias crias. Esses se tornaram os primeiros demônios. E com o passar dos séculos, demônios não perderam o costume de se relacionar com mortais. A diferença é que agora, ao invés dessas mulheres gerarem um Nefilim, elas geravam os Baalihans. Meio-humano e meio-demônio.

— Essas crianças tinham algum traço demoníaco?

— Sim. Geralmente os Baalihans tem controle sobre o fogo e apenas esse elemento. Mas você... eu não sei. Você tem a áurea elemental muito forte para ter controle sobre apenas um único elemento.

— Então eu posso controlar o fogo? Tipo fogo, fogo?

— É fogo, fogo. Mas Diana, tem algo a mais do que você apenas um Baalihan.

— Mais? – Diana segurou minha mão com força.

— Lúcifer não viria atrás de você apenas por isso. Além de você ser um Baalihan, seu ancestral demoníaco é um Demônio Primordial. Caim.

— E o que isso significa?

— Significa que você é um dos reciptacúlos dos 7
Cavaleiros Infernais. Os Infernis.

— Não, significa que estamos ferrados. Muito ferrados.

Odiei isso mas fui obrigado a concordar com ela. Sem minha graça eu era apenas meio anjo, não tinha força o suficiente para enfrentar Lúcifer ou seus demônios. Precisava de um plano, uma saída e o mais importante, proteger Diana.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora