Me sentei em uma das cadeiras sala de espera, primeiro para pensar no que iria fazer, e segundo porque não estava me sentindo muito bem.
Abaixei a cabeça e levei as mãos até ela, eu estava começando a ficar nervoso e precisava manter a calma. Precisava pensar aonde Diana poderia estar se ela fosse sequestrada por Lúcifer. Onde ele a esconderia? Como iria transformá-la em demônio sem a Chave? Eu precisava de um tempo que eu não tinha e estava prestes a explodir, até eu sentir uma mão no meu ombro.— Como foi a consulta?
Levantei a cabeça rapidamente ignorando as dores que sentia.
— Onde você estava? – Me levantei ficando de frente para ela.
— Fui comprar café. Quer um? – Ela me mostrou um copinho com tampa.
— Precisamos ir. Agora!
— Nossa, a consulta foi tão ruim assim?
Não tinha tempo e aquele nem era o local para respostas ou explicações, então apenas a puxei pelo braço.
— Ei, o que você está fazendo? Cuidado, meu café!
— Eu disse agora, Diana!
Ela ficou confusa. Tentou me fazer largar o braço dela mais de cinco vezes, mas sem sucesso. Eu a carregaria no colo se fosse preciso, mas não queria mais ficar ou deixar ela ali.
***
— O que foi aquilo no hospital? – Ela dirigia e olhava para mim de vez quando.
— Diana, agora não.
— Aaaah, agora sim! Que merda foi aquela?
Não conte, pensei. Não conte, Lucas! Não conte, Lu...
— Demônios. – Diana freou o carro bruscamente.
— O QUE?
— Demônios, Diana. E vieram atrás de você.
— Tudo bem, é oficial. Eu estou drogada!
— Diana, você não está drogada. Eu vou te explicar tudo mas aqui não.
— Tudo bem – ela deu partida no carro novamente – vamos para casa e você vai me contar tudo. Sem me esconder nada dessa vez.
***
Entrei em casa primeiro e verifiquei cada cômodo para ter certeza que estavamos seguros. A casa estava vazia exceto por nós então eu relaxei um pouco.
— Quando quiser. – Diana afundou no sofá.
Expliquei a ela o que Muriel havia me dito antes de morrer. Contei que Lúcifer organizou o ataque ao Céu procurando a Chave de Salomão e que ele viria atrás da Chave e dela. Contei também, que eu não tinha como recuperar minha graça, que precisaria de uma nova. Claro, que falei tudo isso de uma forma cautelosa; não podia simplesmente falar para ela tudo de uma vez.
Quando finalmente terminei, Diana apenas olhou para mim e disse:— Por que eu? Porque o Diabo está literalmente atrás de mim?
— Porque você tem… tem sangue demoníaco em você. Algum ancestral seu biológico tem sangue infernal ou é um ser do inferno.
— Espera, o que?
— Demônios são anjos caídos que se deixaram consumir e não se arrependeram dos pecados cometidos durante a queda, se tornando demônios. – Me sentei ao lado dela. – A muito tempo atrás, nós anjos, tinhamos o costume de nos relacionar com mortais e termos filhos com elas. Os denominados Nefilins.
— E isso era permitido? Vocês não tinha que ser, sei lá, puros?
— Sim, exatamente isso. Por isso foi ordenado matar todos os híbridos e chamar os anjos caídos novamente para o Céu.
— Mas por que matar as crianças? Elas não tiveram culpa.
— Porque elas eram uma lembrança constante e símbolo dos maiores pecados cometidos pelos anjos. O que importa é muitos desses anjos, não se arrependeram dos pecados e tiveram remorso ao matar suas próprias crias. Esses se tornaram os primeiros demônios. E com o passar dos séculos, demônios não perderam o costume de se relacionar com mortais. A diferença é que agora, ao invés dessas mulheres gerarem um Nefilim, elas geravam os Baalihans. Meio-humano e meio-demônio.
— Essas crianças tinham algum traço demoníaco?
— Sim. Geralmente os Baalihans tem controle sobre o fogo e apenas esse elemento. Mas você... eu não sei. Você tem a áurea elemental muito forte para ter controle sobre apenas um único elemento.
— Então eu posso controlar o fogo? Tipo fogo, fogo?
— É fogo, fogo. Mas Diana, tem algo a mais do que você apenas um Baalihan.
— Mais? – Diana segurou minha mão com força.
— Lúcifer não viria atrás de você apenas por isso. Além de você ser um Baalihan, seu ancestral demoníaco é um Demônio Primordial. Caim.
— E o que isso significa?
— Significa que você é um dos reciptacúlos dos 7
Cavaleiros Infernais. Os Infernis.— Não, significa que estamos ferrados. Muito ferrados.
Odiei isso mas fui obrigado a concordar com ela. Sem minha graça eu era apenas meio anjo, não tinha força o suficiente para enfrentar Lúcifer ou seus demônios. Precisava de um plano, uma saída e o mais importante, proteger Diana.
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Anjo Meu
Fantasy🔹TRILOGIA ANJO MEU - LIVRO I🔹 "[...] ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os qua...