LVIII - Pecados cometidos

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Foi nessa hora que eu respirei fundo e revirei os olhos. Sabia que me meu pai me encheria de sermões e me deixaria com os ouvidos doendo de tantas advertências.

— O que quer saber? – Perguntei.

— Por que a trouxe? Você...

— Quebrei as leis. Já sei, já sei. A trouxe porque ela estava morrendo.

— Isso não é desculpa para trazer uma humana para território celeste.

— Ela tentou suicídio para cumprir a SUA missão! – Gritei. – Isso serve de desculpa para o senhor, pai?

— Não Lucas, não serve. Você tem noção do que fez? Tem noção dos pecados que absorveu? – Deus levantou a voz e se ouviu uma trovão ao longe.

—  Não absorvi pecado algum, pai! Não houve pecados para serem absorvidos!

— Como pode dizer isso? – Meu pai gritou e se levantou apoiando as mãos sobre a mesa em um soco.

— Porque eu já os cometi!  – Gritei me levantando da cadeira e soquei a mesa encarando meu pai.

Um silêncio mortal invadiu o escritório. Todos os meus seis irmãos pareceram prender a respiração. Ninguém moveu um músculo.

— Saiam! – Meu pai tentou manter a serenidade em sua voz.

Todos os outros Arcanjos deixaram a salinha da tortura me olhando como se eu fosse louco.

— O que você disse, meu filho? – O tom sereno de meu pai havia voltado.

— Disse que não há pecados para serem absorvidos porque eles já foram feitos.

— Não me diga que...

— Sim, pai. Eu e Diana... nós... dormimos juntos.

Meu pai desabou na cadeira e fechou os olhos apoiando a cabeça em uma das mãos.

— Sabe por que criei os anjos? Por que separei vocês dos humanos? Para vocês serem seres puros. Livres de qualquer pecado, livres de qualquer erro. Para que fossem prefeitos.

— E onde está a imperfeição em amá-la?

— Lucas, você DORMIU com ela!

— Por SUA culpa! – Gritei. – Foi ideia SUA Ezarel e Castiel atirarem em mim! Foi SUA ideia inserir os cupidos na MINHA missão! Foi culpa SUA eu... – abaixei a voz – eu me apaixonar por ela. – Me sentei na cadeira completamente sem chão, desolado.

— Você tem ideia do que poderia ter feito?

— Segui seu conselho, pai. Eu a amei enquanto podia.

— Você não pode mais vê-la, Lucas.

— O que está...

— Você não pode cometer esse erro mais uma vez. Sua missão acabou. E sua vida com Diana também.

— O senhor não pode estar falando sério. O senhor não pode...

— Eu posso e eu vou! – Gritou. – Você não vai tornar a ver a mortal.

Me levantei da cadeira e virei as costas para Deus. Antes de sair da sala meu pai me chamou.

— Lucas? – Eu me virei e o olhei. – Se você tornar a vê-la, se tornar a se relacionar com a mortal... você será banido para sempre e jogado no inferno.

Não respondi. Apenas me virei e sai da sala com a certeza de que nem mesmo Deus poderia me impedir de ver Diana. Eu a veria ainda aquela noite.

Anjo MeuOnde histórias criam vida. Descubra agora