Foi nessa hora que eu respirei fundo e revirei os olhos. Sabia que me meu pai me encheria de sermões e me deixaria com os ouvidos doendo de tantas advertências.
— O que quer saber? – Perguntei.
— Por que a trouxe? Você...
— Quebrei as leis. Já sei, já sei. A trouxe porque ela estava morrendo.
— Isso não é desculpa para trazer uma humana para território celeste.
— Ela tentou suicídio para cumprir a SUA missão! – Gritei. – Isso serve de desculpa para o senhor, pai?
— Não Lucas, não serve. Você tem noção do que fez? Tem noção dos pecados que absorveu? – Deus levantou a voz e se ouviu uma trovão ao longe.
— Não absorvi pecado algum, pai! Não houve pecados para serem absorvidos!
— Como pode dizer isso? – Meu pai gritou e se levantou apoiando as mãos sobre a mesa em um soco.
— Porque eu já os cometi! – Gritei me levantando da cadeira e soquei a mesa encarando meu pai.
Um silêncio mortal invadiu o escritório. Todos os meus seis irmãos pareceram prender a respiração. Ninguém moveu um músculo.
— Saiam! – Meu pai tentou manter a serenidade em sua voz.
Todos os outros Arcanjos deixaram a salinha da tortura me olhando como se eu fosse louco.
— O que você disse, meu filho? – O tom sereno de meu pai havia voltado.
— Disse que não há pecados para serem absorvidos porque eles já foram feitos.
— Não me diga que...
— Sim, pai. Eu e Diana... nós... dormimos juntos.
Meu pai desabou na cadeira e fechou os olhos apoiando a cabeça em uma das mãos.
— Sabe por que criei os anjos? Por que separei vocês dos humanos? Para vocês serem seres puros. Livres de qualquer pecado, livres de qualquer erro. Para que fossem prefeitos.
— E onde está a imperfeição em amá-la?
— Lucas, você DORMIU com ela!
— Por SUA culpa! – Gritei. – Foi ideia SUA Ezarel e Castiel atirarem em mim! Foi SUA ideia inserir os cupidos na MINHA missão! Foi culpa SUA eu... – abaixei a voz – eu me apaixonar por ela. – Me sentei na cadeira completamente sem chão, desolado.
— Você tem ideia do que poderia ter feito?
— Segui seu conselho, pai. Eu a amei enquanto podia.
— Você não pode mais vê-la, Lucas.
— O que está...
— Você não pode cometer esse erro mais uma vez. Sua missão acabou. E sua vida com Diana também.
— O senhor não pode estar falando sério. O senhor não pode...
— Eu posso e eu vou! – Gritou. – Você não vai tornar a ver a mortal.
Me levantei da cadeira e virei as costas para Deus. Antes de sair da sala meu pai me chamou.
— Lucas? – Eu me virei e o olhei. – Se você tornar a vê-la, se tornar a se relacionar com a mortal... você será banido para sempre e jogado no inferno.
Não respondi. Apenas me virei e sai da sala com a certeza de que nem mesmo Deus poderia me impedir de ver Diana. Eu a veria ainda aquela noite.
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Anjo Meu
Fantasía🔹TRILOGIA ANJO MEU - LIVRO I🔹 "[...] ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os qua...