Cheguei ao Céu com um jeans surrado, bota e camiseta. Vestido exatamente como um humano. Completamente fora dos padrões.
Andando até o prédio mais imponente do Céu - uma construção antiga, mas bem conservada que lembrava bastante um prédio do Vaticano - senti o tempo todo olhares sobre mim como se dissessem: "hey, é o cara que disse um grande dane-se para as leis celestes e trouxe uma humana para cá!" ao invés de: "hey, é o cara que matou Lúcifer e salvou a porra do meu traseiro angelical!" mas acredite, eu não estava nem aí. Cheguei as portas gigantescas de carvalho do prédio, o qual chamávamos de Casa de Deus, e murmurei para mim mesmo:— Que grande porcaria.
Após virar em muitos corredores, cheguei a outras imensa portas duplas feita de carvalho que pertencia a uma sala. O escritório de meu pai (sim, deus tem um escritório. Longa história), que um certo anjo gostava carinhosamente de chamar de salinha da tortura. Empurrei as portas não tomando nenhum cuidado com o barulho. Assim que entrei meu pai, que aparentemente tinha saltado da cadeira com barulho, apenas me olhou.
— Olhem quem resolveu aparecer! Achei que iria demorar mais tempo se agarrando com a humana.
Fui até Miguel e o agarrei pela gola da sua armadura dourada. Ele ria em deboche.
— É bom você manter a língua dentro da sua boca, ou eu mesmo me certifico de arrancá-la.
— Acalme-se, Rapazes. – Disse Baraquiel jogando despreocupadamente uma moeda para cima e a agarrando em seguida.
— Vamos Lucas, sente-se. – Gabriel tocou no meu ombro.
Fulminei Miguel com o olhos por mais alguns segundos e soltei ele o empurrando contra a cadeira. Me sentei na cadeira ainda encarando Miguel.
— Terminaram? – Disse meu pai.
Nenhum de nós respondeu.
A salinha da tortura lembrava bastante um bunker apesar de ser esculpido em mármore. Quadros retratando algumas da paisagens da bíblia como a queda de Lúcifer ou a abertura do Mar Vermelho estavam pendurados na parede, decorando a sala que era iluminada por velas. Haviam sete cadeiras de couro marrom ao redor da mesa de meu pai que era de madeira escura. Atrás de meu pai, uma enorme estante com livros e pergaminhos de todas as épocas e línguas exibia toda a sua sabedoria e conhecimento.— Pois bem, agora que Lucas está aqui e todos os sete Arcanjos presentes, podemos começar a reunião. Lucas, relatório da missão.
— Lúcifer está morto.
— Como podemos ter certeza que todo esse tempo que você passou na Terra não amoleceu seu coração e você não o deixou escapar? – Perguntou Miguel.
E de repente, todos os olhares da sala estavam voltados para mim. Estalei os dedos e a cabeça de Lúcifer apareceu no colo de Miguel. Eu o encarei.
— Mas alguma pergunta, irmão? – Ergui uma sombrancelha.
Miguel apenas me olhou como se fosse me matar e colocou a cabeça em cima da mesa. Meu pai apenas suspirou e fez um gesto de desdém com uma das mãos e a cabeça sumiu.
— Enquanto a Chave de Salomão?
— Está aqui. – Levantei a mão direita e meus olhos assumiram a cor azul celeste revelando um livro em miniatura envolto por um brilho branco.
— Entregue-o para mim. – Deus estendeu a mão.
De repente o brilho branco que envolvia o Livro diminuiu. O Livro aumentou de tamanho até ter o tamanho natural – um pouco menor que uma enciclopédia – e eu o estar segurando. Coloquei o exemplar em cima da mesa. Deus tomou o Livro nas mãos, se levantou e o guardou na estante.
— Você não disse que não podia tocar no Livro?
— Ah, – disse ele despreocupado – eu menti para você.
Phanuel abafou uma risadinha. Saeltiel, Rafael e Baraquiel esconderam a boca com as mãos. Miguel continuou sério. Gabriel e Jehudiel balançaram a cabeça negativamente e eu olhei para meu pai com minha melhor cara de: eu não acredito.
— Pois bem – disse meu pai se sentando novamente – vamos falar sobre A Fonte de Josué.
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Anjo Meu
Fantasía🔹TRILOGIA ANJO MEU - LIVRO I🔹 "[...] ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os qua...